Bolsonaro não quer petista no seu governo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, 16, que o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, está com a “cabeça a prêmio”. O presidente ameaçou demiti-lo amanhã caso ele não suspenda a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de mercado de capitais do banco de fomento.
O Estado apurou que após as declarações, Pinto encaminhou carta de renúncia ao presidente do banco. “Levy nomeou Marcos Pinto para função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy”, disse Bolsonaro, sem ser questionado, em conversa com jornalistas, ao sair do Palácio do Alvorada, em Brasília, antes de embarcar para Santa Maria (RS). “Falei para ele: ‘Demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Paulo Guedes (ministro da Economia)”, afirmou o presidente.
Em entrevista ao site G1, Guedes afirmou que está em “sintonia” com Bolsonaro neste caso. “Existe sintonia. Eu entendo a angústia do presidente. É algo natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT.”
Pinto foi chefe de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES (2006-2007). Fiocca era considerado, no governo federal, um homem de confiança de Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O próprio
Levy foi ministro da Fazenda de Dilma entre janeiro e dezembro de 2015, primeiro ano do segundo mandato da petista.
“Governo tem que ser assim: quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que ele conhece a meu respeito, ele está com a cabeça a prêmio há algum tempo”, disse o presidente.
A assessoria do BNDES informou que Levy passou o dia na região serrana do Rio e vai se manifestar hoje. O Estado apurou que Gustavo Franco, ex-BC, e Salim Mattar, secretário de Guedes, são cotados para lugar de Levy.
Na carta de renúncia, Pinto escreveu que tem orgulho da carreira que construiu e pedia demissão “com pesar”. “Mas não quero continuar no cargo diante do descontentamento manifestado pelo presidente da República com minha nomeação.”
Na sexta, durante café da manhã com jornalistas, Bolsonaro demitiu o presidente dos Correios, general Juarez Cunha. A justificativa foi que ele se comportou como “sindicalista” ao ser contrário à privatização da estatal, avalizada pelo presidente.
O presidente do BNDES já enfrentava desgaste dentro da própria equipe econômica, como mostrou o Estado. Levy resistiu à devolução de R$ 100 bilhões do banco ao Tesouro, exigência da equipe econômica. A previsão era que o banco estatal pagasse R$ 26,6 bilhões em 2019, de acordo com cronograma definido durante o governo Temer – desde 2015, já foram devolvidos mais de R$ 300 bilhões. Mas Guedes quer mais. “Despedalar” o BNDES, como gosta de repetir o ministro, foi assunto na campanha e se tornou meta de governo.
A medida, que reduz o tamanho do banco, se encaixa no plano liberal de Guedes e contribui para baixar a dívida pública federal. Também cai muito bem na turma bolsonarista, que vê no BNDES um símbolo da era petista. Para esse grupo, o banco estatal que emprestou bilhões à Venezuela, a Cuba e a empreiteiras e precisa quitar o quanto antes sua conta com a União.
Para Bolsonaro, Levy fez pouco em relação a uma das primeiras promessas do presidente, que foi abrir a “caixa preta do BNDES”. O banco, sob sua gestão, se limitou à reedição de uma lista já conhecida de maiores devedores. Em março deste ano, a Câmara dos Deputados abriu a terceira CPI sobre o BNDES para investigar possíveis irregularidades em financiamentos do banco. A ideia é mostrar se foi mandado dinheiro para países de esquerda nos governos petistas.
Responsável pelo convite a Levy, que deixou o posto de diretor no Banco Mundial para assumir o comando do BNDES, Guedes costuma reforçar a interlocutores que o tem em boa conta. Bancou seu nome junto a Bolsonaro, que não gostou da ideia de ter um ministro “petista”. Os dois chegaram a discutir durante uma reunião na casa de Bolsonaro no Rio. O presidente eleito resistiu, mas, diante da posição firme de Guedes, aceitou.
O ministro elogia com frequência a formação técnica de Levy – ambos têm doutorado pela Universidade de Chicago. A pessoas próximas já disse que ele seria um bom nome para a presidência do Banco Mundial caso o Brasil tivesse o direito de indica. Preocupa o ministro, contudo, que Levy esteja influenciado pelas pressões do que chama de “burocracia do banco”.
A Associação dos Funcionários do BNDES divulgou nota na qual afirmou que “apesar de divergências sob alguns pontos da atual gestão”, reconhece que Levy “nunca apoiou ou defendeu fantasias e calúnias” de Bolsonaro sobre o banco. / fonte: Estadão
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, 16, que o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, está com a “cabeça a prêmio”. O presidente ameaçou demiti-lo amanhã caso ele não suspenda a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de mercado de capitais do banco de fomento.
O Estado apurou que após as declarações, Pinto encaminhou carta de renúncia ao presidente do banco. “Levy nomeou Marcos Pinto para função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy”, disse Bolsonaro, sem ser questionado, em conversa com jornalistas, ao sair do Palácio do Alvorada, em Brasília, antes de embarcar para Santa Maria (RS). “Falei para ele: ‘Demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Paulo Guedes (ministro da Economia)”, afirmou o presidente.
Em entrevista ao site G1, Guedes afirmou que está em “sintonia” com Bolsonaro neste caso. “Existe sintonia. Eu entendo a angústia do presidente. É algo natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT.”
Pinto foi chefe de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES (2006-2007). Fiocca era considerado, no governo federal, um homem de confiança de Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O próprio
Levy foi ministro da Fazenda de Dilma entre janeiro e dezembro de 2015, primeiro ano do segundo mandato da petista.
“Governo tem que ser assim: quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que ele conhece a meu respeito, ele está com a cabeça a prêmio há algum tempo”, disse o presidente.
A assessoria do BNDES informou que Levy passou o dia na região serrana do Rio e vai se manifestar hoje. O Estado apurou que Gustavo Franco, ex-BC, e Salim Mattar, secretário de Guedes, são cotados para lugar de Levy.
Na carta de renúncia, Pinto escreveu que tem orgulho da carreira que construiu e pedia demissão “com pesar”. “Mas não quero continuar no cargo diante do descontentamento manifestado pelo presidente da República com minha nomeação.”
Na sexta, durante café da manhã com jornalistas, Bolsonaro demitiu o presidente dos Correios, general Juarez Cunha. A justificativa foi que ele se comportou como “sindicalista” ao ser contrário à privatização da estatal, avalizada pelo presidente.
O presidente do BNDES já enfrentava desgaste dentro da própria equipe econômica, como mostrou o Estado. Levy resistiu à devolução de R$ 100 bilhões do banco ao Tesouro, exigência da equipe econômica. A previsão era que o banco estatal pagasse R$ 26,6 bilhões em 2019, de acordo com cronograma definido durante o governo Temer – desde 2015, já foram devolvidos mais de R$ 300 bilhões. Mas Guedes quer mais. “Despedalar” o BNDES, como gosta de repetir o ministro, foi assunto na campanha e se tornou meta de governo.
A medida, que reduz o tamanho do banco, se encaixa no plano liberal de Guedes e contribui para baixar a dívida pública federal. Também cai muito bem na turma bolsonarista, que vê no BNDES um símbolo da era petista. Para esse grupo, o banco estatal que emprestou bilhões à Venezuela, a Cuba e a empreiteiras e precisa quitar o quanto antes sua conta com a União.
Para Bolsonaro, Levy fez pouco em relação a uma das primeiras promessas do presidente, que foi abrir a “caixa preta do BNDES”. O banco, sob sua gestão, se limitou à reedição de uma lista já conhecida de maiores devedores. Em março deste ano, a Câmara dos Deputados abriu a terceira CPI sobre o BNDES para investigar possíveis irregularidades em financiamentos do banco. A ideia é mostrar se foi mandado dinheiro para países de esquerda nos governos petistas.
Responsável pelo convite a Levy, que deixou o posto de diretor no Banco Mundial para assumir o comando do BNDES, Guedes costuma reforçar a interlocutores que o tem em boa conta. Bancou seu nome junto a Bolsonaro, que não gostou da ideia de ter um ministro “petista”. Os dois chegaram a discutir durante uma reunião na casa de Bolsonaro no Rio. O presidente eleito resistiu, mas, diante da posição firme de Guedes, aceitou.
O ministro elogia com frequência a formação técnica de Levy – ambos têm doutorado pela Universidade de Chicago. A pessoas próximas já disse que ele seria um bom nome para a presidência do Banco Mundial caso o Brasil tivesse o direito de indica. Preocupa o ministro, contudo, que Levy esteja influenciado pelas pressões do que chama de “burocracia do banco”.
A Associação dos Funcionários do BNDES divulgou nota na qual afirmou que “apesar de divergências sob alguns pontos da atual gestão”, reconhece que Levy “nunca apoiou ou defendeu fantasias e calúnias” de Bolsonaro sobre o banco. / fonte: Estadão
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