Vale a pena ler...
A COMPLICADA PARTILHA
Por Tais Luso, em seu blog.
Não há dúvida que qualquer pessoa ao receber a notícia do falecimento de alguém, fica consternada e lamenta imensamente a perda. Porém, na família, a dor é incalculável e a recuperação é muito lenta.
Contudo, após o sepultamento, muitas pessoas revelam atitudes que surpreendem e servem para nos dar a dimensão exata dos mais diversos tipos de comportamento humano. Nada é regra, mas existe de tudo um pouco. Atitudes lamentáveis.
Os primeiros meses, após o falecimento de um ente querido, é de intensa dor familiar. Em todos os cantos há lembranças; sua poltrona predileta, seu computador, celular, seus livros de cabeceira, sua xícara, seu perfume... Cada lembrança é sentida, e lágrimas escorrem procurando um alívio. Tudo tem uma conotação afetiva e tudo permanece onde sempre esteve na tentativa de conservar o familiar o mais próximo da lembrança. Nessa hora há muitas revisões afetivas. É um bom momento para ajeitar algumas feridas, soterrar culpas, exercitar o perdão se houver necessidade.
Passada a dor inicial, entra outra realidade familiar: a Partilha, divisão dos bens! É neste ponto que o ser humano se revela. É aí que começa a dureza da nova vida: as leis e os direitos dos herdeiros: o meu e o teu perante a lei. Começa o que antes nem se cogitava: as brigas dos herdeiros pelas coisinhas. Brigas por palmos de terra, desentendimentos por porcarias.
É nesse ponto que acontece a segunda perda: sepultam-se sentimentos, o respeito, a amizade, a dignidade, o parentesco. O amor. E tudo em nome de latarias; de trecos e cacos. Começa a mesquinharia. Acaba a harmonia familiar e começa a desconfiança entre os herdeiros. Muitos deles são verdadeiros horrores. A harmonia vai pro brejo; a família afunda e separa-se.
Partilhar deveria ser um ato civilizado, feito em paz; generoso, mas muitas vezes não são, é um confronto penoso através da Justiça dos homens. Uma avidez sórdida.
Não entendo como a morte não consegue deixar seu recado; é apenas percebida quando chega, quando busca a vida. Depois, é esquecida e tudo se repete, como se ela não fosse voltar.
Assim, ficamos com o eterno ciclo da avidez, da vulgaridade e da mesquinhez entre os vivos.
A COMPLICADA PARTILHA
Por Tais Luso, em seu blog.
Não há dúvida que qualquer pessoa ao receber a notícia do falecimento de alguém, fica consternada e lamenta imensamente a perda. Porém, na família, a dor é incalculável e a recuperação é muito lenta.
Contudo, após o sepultamento, muitas pessoas revelam atitudes que surpreendem e servem para nos dar a dimensão exata dos mais diversos tipos de comportamento humano. Nada é regra, mas existe de tudo um pouco. Atitudes lamentáveis.
Os primeiros meses, após o falecimento de um ente querido, é de intensa dor familiar. Em todos os cantos há lembranças; sua poltrona predileta, seu computador, celular, seus livros de cabeceira, sua xícara, seu perfume... Cada lembrança é sentida, e lágrimas escorrem procurando um alívio. Tudo tem uma conotação afetiva e tudo permanece onde sempre esteve na tentativa de conservar o familiar o mais próximo da lembrança. Nessa hora há muitas revisões afetivas. É um bom momento para ajeitar algumas feridas, soterrar culpas, exercitar o perdão se houver necessidade.
Passada a dor inicial, entra outra realidade familiar: a Partilha, divisão dos bens! É neste ponto que o ser humano se revela. É aí que começa a dureza da nova vida: as leis e os direitos dos herdeiros: o meu e o teu perante a lei. Começa o que antes nem se cogitava: as brigas dos herdeiros pelas coisinhas. Brigas por palmos de terra, desentendimentos por porcarias.
É nesse ponto que acontece a segunda perda: sepultam-se sentimentos, o respeito, a amizade, a dignidade, o parentesco. O amor. E tudo em nome de latarias; de trecos e cacos. Começa a mesquinharia. Acaba a harmonia familiar e começa a desconfiança entre os herdeiros. Muitos deles são verdadeiros horrores. A harmonia vai pro brejo; a família afunda e separa-se.
Partilhar deveria ser um ato civilizado, feito em paz; generoso, mas muitas vezes não são, é um confronto penoso através da Justiça dos homens. Uma avidez sórdida.
Não entendo como a morte não consegue deixar seu recado; é apenas percebida quando chega, quando busca a vida. Depois, é esquecida e tudo se repete, como se ela não fosse voltar.
Assim, ficamos com o eterno ciclo da avidez, da vulgaridade e da mesquinhez entre os vivos.
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