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sexta-feira, 24 de abril de 2020

SANTARENOS AUSENTES
Por Ercio Bemerguy
"Um renomado e bem-sucedido médico nascido e criado em Santarém e há vários anos residente em Belém, em conversa com um conterrâneo seu, apontava e criticava bastante as deficiências dos hospitais e clinicas que funcionam na Pérola do Tapajós, notadamente o hospital público municipal, lamentando o quanto sofrem as pessoas pobres quando necessitam ser atendidas pelos profissionais - médicos e enfermeiros - de plantão.

O amigo que, pacientemente, escutava tudo com a máxima atenção, fez esta pergunta ao severo crítico: - “Há quanto tempo estás ausente de Santarém? – “Eu já nem lembro mais da última vez que estive lá. Parece que foi um pouco antes da minha formatura que aconteceu em 1987. Mais de 30 anos, então. Mas, quando eu morava na minha Pérola, sendo filho de família pobre, acalentava um sonho que, até para os meus pais, parecia impossível: ser médico - para cuidar das pessoas carentes da minha terra natal, pois eu tinha e ainda tenho muita pena dessa gente sofrida." – “Então, companheiro, a hora é esta. Vai lá, passa pelo menos um fim de semana consultando gratuitamente, doando remédios, tratando de aliviar as dores e os sofrimentos dos nossos irmãos mocorongos.” – "Infelizmente, não vai dar não, são muito caras e cansativas as viagens pra lá. E a minha família não abre mão de todo fim de semana curtirmos as praias e o mar de Salinas.”

Nesse fato real, se encaixa perfeitamente esta observação feita por Thomas Fuller: “Amigo é o que te socorre, não quem tem pena de ti”. Né, não?

Aliás, “santarenos ausentes” desse tipo não são poucos. Arribaram, venceram na vida e não voltaram mais, não estão nem aí para a terra que deu vida aos seus projetos e aos seus sonhos. Nem uma visitinha em tempo de festa da padroeira ou do Sairé. Mas, não deixam de dizer que estão morrendo de saudade".

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