A MORTE E A COMPLICADA PARTILHA DOS BENS
Por Tais Luso de Carvalho, em seu blog:
"Não há dúvida que ao recebermos a notícia do falecimento de alguém ficamos consternados, lamentamos imensamente a perda. E uma dor mais intensa quando é familiar, a ficha custa a cair até nos darmos conta que essa separação é para sempre. Sem retorno.
A dor é enorme e a recuperação é muito lenta.
Após alguns dias do falecimento do ente querido, começam as doações das roupas e dos seus pertences, distribuídos entre os familiares, empregados e instituições. Tudo com muito pesar e lágrimas. Fotos são inevitáveis: abre-se o baú e ali estão as fotos do nascimento, namoros, noivado, das férias inesquecíveis, das bodas de prata, de ouro e mil recordações. Revive-se, nesse momento, situações há muito esquecidas. E lágrimas brotam oriundas de um estado de consternação. Porém, certas atitudes, que seguem ao sepultamento, surpreendem, e servem para nos dar a dimensão exata dos mais diversos comportamentos.
Pois bem: passada a dor inicial, entra uma outra realidade: a Partilha, divisão dos bens! É neste ponto que o ser humano se mostra muito diferente um do outro. É aí que começa a dureza da nova vida: as leis e os direitos: o meu e o teu; e um advogado mediando os interesses das partes. Começa o que antes nem se cogitava: as brigas dos herdeiros pelas coisinhas. Brigas por palmos de terra, desentendimentos por porcarias. E é nesse ponto que acontece a nossa segunda perda: sepultam-se sentimentos, o respeito, a amizade, a dignidade, o parentesco e a justiça. E tudo em nome de trecos e cacos. Começa a mesquinharia. Acaba a harmonia e começa a desconfiança entre os herdeiros. Muitos deles são verdadeiros horrores. A harmonia vai pro brejo. Para o fosso. Sordidez é algo que desqualifica, que depõe, que desmerece. Mas é próprio da nossa espécie. A paz é essencial, e bendito seja aquele que consegue ver que o importante é ter apenas o necessário. O supérfluo é dispensável, e em muitos casos só serve para magoar, pra separar, pra destruir. Partilhar deveria ser um ato civilizado, feito em paz; mas é um confronto penoso. E muitas vezes através da Justiça dos homens.
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