VIDA DE CABOCLO - Autor: Ercio Bemerguy, aprendiz de poeta, versejador e escritor.
"Eh, mano, chega mais
Encosta a canoa, vem tomar uma
A “mardita” é da boa, te garanto
Senta neste tamborete, deixa de pavulage
Desembucha logo as novidades lá da cidade
Viestes de lá, eu tô sabendo
O quê? Fostes assaltado?
Égua, a coisa tá feia mesmo
Mas, bem-feito, pra tu deixar de ser besta
Cabôco, como nós, tem fama de otário
Não é tratado como gente
É sempre maltratado e enganado
Por que, então, fostes te meter na farra
Te chamegar com vagabunda do tipo “rupinol”
Taí, ela te vez dormir e afanou o teu dinheirinho
Como é que é? Eu não acredito!
Aquele filho duma égua fez isso?
Não te conheceu e nem te recebeu?
Bem que eu te avisei, abestado
Não mata tua galinha e o porquinho
Pra dar “decomê”, pra agradar político
Não me ouvistes, estás lembrado?
Fizestes no teu barraco um almoção
E ele encheu o bucho, não foi?
Ele prometeu te ajudar, retribuir a gentileza
E, se fosse eleito, podias contar com ele
E tu acreditastes e votastes nele
Agora, não tem mais jeito...
Fizestes a burrada, então aguenta
E, na outra eleição, vota nele, vota..."
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