REPETECO
Atendendo ao pedido do meu leitor Teodoro Muniz, faço novamente a publicação deste texto que escrevi e publiquei nesta página e no meu blog, há bastante tempo. Trata-se de um fato real.
COITADO DO GARANHÃOEm Santarém de antigamente, para conquistar corações no clima festivo do arraial da festa da Conceição, atuava o pombo-correio, ou seja, um molecote que levava e trazia recadinhos. Certa vez, um próspero comerciante que atuava no ramo de compra e venda de produtos regionais e era metido a ser um voraz garanhão, estava saboreando uma cerveja no Tapajós Bar, quando então recebeu um recado que o deixou eufórico: “A Zica chegou do Tapará e mandou lhe dizer que quer se encontrar com o senhor, às oito e meia, atrás da barraca do jogo da argolinha”. Ele, que há muito tempo estava “de olho” nessa morenaça que era casada e bonita demais, pediu ao garçom uma dose dupla de uísque puríssimo e sem gelo para festejar a boa nova e, ainda, um cálice de licor de catuaba para aumentar o seu vigor físico, pois tudo indicava que a noitada haveria de ser longa e prazerosa.
Dez minutos antes da hora marcada, o conhecido homem de negócios, endinheirado, é bom ressaltar, passou por uma das bancas de marreteiros e comprou um vidrinho de extrato à base de mutamba e se lambuzou todo. Cheiroso, penteou a cabeleira e esfregou os dedos no olho de boto (dizem que atrai mulher) que estava pendurado em seu pescoço e partiu, excitadíssimo, rumo à barraca indicada, com a certeza de que dominaria a fera e a levaria à praia da Vera Paz para abatê-la “numa boa”, dentro do barco de sua propriedade que estava ancorado para conserto no estaleiro do Capiberibe.
Precisamente às 8h30, no local combinado, a sua surpresa foi grande, pois lá estavam, a Zica, toda charmosa e sorridente, e o marido dela, um mulato grandalhão, e ela foi logo dizendo: “Descurpe nós lhe chateá, mas é porque é muito difircutoso encontrar e falar com o sinhô. Nós quer saber quanto o sinhô tá pagando o quilo da juta, porque agente trouxemo quatro fardos lá do Tapará pra vender”. Não é preciso dizer que o comerciante, além de ficar p...da vida, ficou com o fardo na mão... Sem demora, ele retornou ao Tapajós Bar em busca de consolo nos braços de uma das muitas “raparigas” que ali faziam ponto, totalmente disponíveis aos homens dispostos a lhes dar dinheiro para ter prazeres e elas, por dinheiro, dispostas a dar a eles os prazeres que lhes eram negados por mulheres, como a Zica, “humirdes”, mas muito honestas e fieis aos seus parceiros, aos seus amores.
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