De Alailson Muniz, de Santarém, para o jornal AMAZÔNIA:
O deputado estadual Antônio Rocha (PMDB) e o filho dele, Erlon Rocha, diretor regional do Detran, são acusados de espancar quatro jovens na madrugada de sábado, 3, na orla de Santarém, município localizado no Oeste do Pará. A agressão, segundo o parlamentar, aconteceu porque um dos jovens lhe teria ofendido verbalmente. O caso foi registrado na delegacia de Polícia Civil.
As partes envolvidas na confusão têm versões diferentes. O peemedebista afirma que chegava de uma festa de formatura quando foi ofendido verbalmente por um jovem que estava acompanhado de mais cinco adolescentes. Antônio Rocha disse que discutiu com os jovens e, para evitar que um deles saísse em um carro, acabou cortando a sua mão direita. Ele acrescentou que chamou a polícia, que levou o grupo para a delegacia, onde o deputado prestou depoimento e a Polícia Civil enquadrou o grupo de adolescentes nos crimes de injúria e lesão corporal. 'Eu tentei segurar um dos rapazes que ia fugir num carro. Eu entrei junto com ele no veículo. Lutamos. Quando fui puxar a chave da mão dele, o objeto cortou minha mão', disse o parlamentar.
O deputado disse, também, que em nenhum momento foi agredido fisicamente. Ele sustenta a hipótese de que ação visava denegrir sua imagem. Um dos jovens teria se identificado como integrante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Um dos jovens que foi muito espancado pelo filho do deputado é filiado ao próprio PMDB e sobrinho do ex-prefeito de Santarém, Ronan Liberal, que é filiado também ao partido.
'Soube na delegacia que os jovens pertencem a um grupo político contrário ao meu. Creio que a ação foi a mando de alguém que tinha como objetivo destruir minha imagem. Afirmo isso por causa dos comentários de que concorrerei numa nova eleição e tudo se encaixa', alegou o deputado, após passar por um exame de corpo de delito.
Versão - O deputado Antônio Rocha disse que chegava à casa dele, acompanhado da esposa, quando ouviu uma ofensa verbal. Ele se dirigiu a um grupo de jovens que estava na orla e indagou sobre o autor da ofensa. Os jovens estavam com um violão mais não tocavam. Houve desentendimento. Eles xingaram o deputado e lhe disseram que não iria ganhar eleição alguma. 'Eles me ofenderam verbalmente', disse o deputado em entrevista. Um dos jovens se intitulou militante do PSOL. Ele carreava um violão, segundo o deputado, e depois da discussão ameaçou dar com o instrumento musical na cabeça de Rocha. Depois fugiu.
Depois das agressões verbais, o deputado disse que resolveu chamar a polícia. Ele disse que houve empurra-empurra. Os jovens então tentaram sair. O deputado, com o objetivo de não deixar escapar provas materiais, tentou segurar um dos carros pelo vidro da janela e teve a mão cortada.
Pouco depois a polícia chegou ao local e levou os jovens à delegacia, onde foi lavrado um boletim de ocorrência. Os jovens foram enquadrados em crime de lesão corporal e injúria.
Adolescentes dão outra versão para o incidente em Santarém
Os adolescentes agredidos desmentiram Antônio Rocha e apresentaram outra versão em depoimento à polícia. 'Ele partiu para cima dos meninos. Investiu contra eles. Quanto ao corte que ele diz ter sido provocado por um dos jovens do grupo, aconteceu quando ele tentou agredir um garoto que estava dentro de um carro. O deputado escorregou na calçada e acabou batendo a mão em cima de uma garrafa de vidro', argumenta Dilton Tapajós, advogado dos adolescentes.
O grupo afirma que estava na orla da cidade por volta de 1h30, tocando violão e cantando, quando o deputado Antônio Rocha chegou com sua esposa em sua casa, que fica nas imediações. Eles ouviram alguém gritar 'deputado ladrão, f.d.p.'. Em seguida, foram abordados por Antônio Rocha, que indagou quem foi o autor da ofensa e perguntou ao grupo se os jovens sabiam quem ele (Rocha) era. Ibi Tapajós, um dos integrantes do grupo, mostrou ao deputado um adesivo do ex-candidato a prefeito Márcio Pinto, do PSOL. Antônio Rocha, então, teria acusado o jovem de ser o autor da ofensa. Os dois discutiram por alguns minutos. Em seguida, Antônio Rocha telefonou para a polícia e para seu filho, Erlon Rocha.
Ainda em desentendimento com o rapaz que lhe mostrou o adesivo, Antônio Rocha, de acordo com a versão do grupo, deu um chute entre pernas do jovem. O rapaz correu no sentido orla/praça Tiradentes. Foi para a casa de uma tia. 'Pensei que a confusão era apenas comigo e que, então, os meus amigos teriam saído do local', disse Ibi Tapajós à reportagem. Percebendo o fato e prevendo confusão, o grupo de jovens decidiu se dispersar. Eles estavam em dois carros, mas o deputado não os deixou sair. Dos cinco jovens que permaneceram no local apenas um conseguiu sair porque foi reconhecido pela família Rocha. Um dos jovens chegou a entrar num dos carros quando foi abordado por Erlon, que havia acabado de chegar. O filho do deputado passou a esmurrá-lo. Os outros jovens foram em direção a Erlon no momento em que o deputado mandou um assessor seu bater nos jovens. Antônio Rocha tentou subir a parte mais alta da orla para entrar na briga e caiu sobre uma garrafa, cortando-lhe a mão.
Erlon Rocha teria apontado arma para rapaz
Na confusão, Erlon Rocha, filho do deputado peemedebita, chegou a sacar uma arma e apontou à cabeça de um dos jovens que era esmurrado por Antônio Rocha.
A polícia chegou depois e prendeu os jovens, que prestaram depoimento e logo em seguida foram soltos. O jovem que saiu da confusão (que havia mostrado o adesivo de outro partido a Rocha) foi chamado pelos amigos por ter o pai advogado. O rapaz também prestou depoimento.
Medo - Ibi Tapajós disse que ficou surpreso com a reação do deputado e que está com medo. 'Não xingamos ele. E mesmo que tivéssemos feito, essa reação não seria justificada. Estamos com medo pelo histórico de violência que a família Rocha tem', declarou o jovem.
Denúncia - O advogado Dilton Tapajós disse que não houve violência por parte do grupo de adolescentes. 'Nem o deputado nem o seu filho apresentaram marcas de violência física, só os garotos. Essa constatação só basta. A verdade é que os garotos foram espancados sem motivo relevante', disse Tapajós. O advogado acrescentou que vai apresentar denúncia contra Antônio Rocha à Secretária de Direitos Humanos, à Assembléia Legislativa do Estado, à Câmara Municipal de Santarém e à Secretária de Segurança Pública do Estado
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