Vítimas de abusos sexuais cometidos por padres fizeram uma manifestação no Vaticano, nesta quinta-feira, exigindo que o papa Bento 16 libere a divulgação dos arquivos sobre clérigos católicos acusados de pedofilia em todo o mundo e destitua todos os "padres predadores" de suas funções sacerdotais.
A manifestação acontece no mesmo dia em que o jornal "The New York Times" afirma que as maiores autoridades do Vaticano, incluído o então cardeal Joseph Ratzinger, que anos mais tarde se tornaria o papa Bento 16, encobriram um sacerdote americano acusado de abusar sexualmente de 200 crianças surdas.
Ocorre ainda em meio a um escândalo de pedofilia que atinge diversos países da Europa e até mesmo Brasil e se aproxima perigosamente do nome do papa.
Quatro líderes da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres (Snap), dos Estados Unidos, todos vítimas de abusos sexuais, ergueram fotos deles mesmos quando crianças e cartazes dizendo "Acabem com o Sigilo Agora".
"Eu pediria ao papa que por favor abrisse os arquivos da Congregação da Doutrina da Fé e entregasse todas as informações à polícia", disse Barbara Blaine, presidente da Snap.
A Congregação era chefiada pelo papa, na época um cardeal, e julga casos de abuso sexual. "Eu também pediria a ele que enviasse uma ordem pública a bispos em todo o mundo no sentido de que todos os padres predadores devem ser afastados de seus cargos imediatamente", disse ela, minutos antes de a polícia apreender os passaportes dos líderes da Snap e levar os líderes embora para interrogatório.
Escândalo
Um escândalo sobre os acobertamentos de abusos sexuais de crianças por parte de padres vem convulsionando a Igreja Católica da Europa com intensidade ainda maior que o escândalo semelhante que atingiu os Estados Unidos oito anos atrás. Desta vez, porém, o escândalo vem chegando perigosamente perto do próprio papa, na medida em que os grupos de vítimas disseram que querem saber como ele tratou desses casos antes de sua eleição a papa, em 2005.
Muitas alegações de acobertamentos de abusos sexuais envolvem Munique, na época em que o papa foi arcebispo da cidade, entre 1977 e 1981. Grupos de vítimas pedem ainda informações sobre as decisões tomadas pelo papa na época em que dirigiu o departamento doutrinal do Vaticano, entre 1981 e 2005. (Fonte: Folhaonline)
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