Resgato, agora, para a história, um personagem praticamente esquecido e que merecia, pelo menos na região do Baixo Amazonas, ser reverenciado. Refiro-me a Pai Antônio. Escravo na região do Cacoal Grande, na fazenda pertencente ao Dr. Gama Abreu, e que promoveu uma campanha sistemática para livrar seus irmãos do cativeiro.
Tramava fugas, arranjava remo e canoa, conseguiu inclusive obter ajuda de pessoas evoluídas da sociedade da época para colocar em prática seus ideais. Expunha-se ao tronco, aos “anjinhos”, aos baraços e outras torturas, simplesmente pelo amor à liberdade e para livrar seus irmãos de cativeiro das chagas horrendas da escravatura.
Com a sua colaboração efetiva, logística e estratégica surgiram os quilombos do Trombetas, do Curuá e outros mais que em tamanho e importância para a região e para os nossos irmãos negros que ali se refugiavam rivalizavam até mesmo com Palmares. Até hoje ainda existem na região os remanescentes desses quilombos, sentinelas na luta pela liberdade, fruto da coragem de Pai Antônio.
Paulo Rodrigues dos Santos (Tupaiulândia), Vicente Salles (O negro no Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro Mocorongo), Nazareno Tourinho (peça Teatral Pai Antônio) nos legaram informações valiosíssimas sobre o nosso herói.
Hoje é fácil ser oposição. Mas já imaginaram que as punições para um escravo rebelde poderiam chegar à castração, à imersão num tacho de azeite fervente, à amputação de membros ou a deformação da formosura se fosse uma bela escrava a despertar ciúmes na sinhá?
Pai Antônio, após um julgamento forjado, um verdadeiro simulacro, uma aberração jurídica, foi condenado à forca. A execução ocorreu em Santarém, às proximidades do antigo Castelo, na tradicional rua do comércio, hoje Lameira Bittencourt (a propósito, ignoro os motivos da homenagem a este respeitável senhor em nossa principal artéria comercial).
Esse mártir da liberdade, o Pai Antônio, como disse antes, está totalmente esquecido pela história. Merece ser resgatado e lembrado. É um santareno viril e ilustre. Mas os tempos vão passando e ainda existem neste nosso amado país muitos casos de escravatura. Não mais aqueles que vinham em navios negreiros, mas os irmãos que nascem nos guetos, nas baixadas, morrem na porta dos hospitais públicos, não encontram escola para estudar nem trabalho condigno, mostrando que, ao contrário da propaganda oficial, o Brasil não é de todos, não.
Em homenagem a Pai Antônio e sua plêiade de heróis, terminei de compor uma ÓPERA que se chama PAI ANTÔNIO, baseada na saga heróica, nos fatos reais contados na bibliografia que acima mencionei. Essa ópera, se encenada, tem uma finalidade didática de valorizar nossa história e nossa identidade como povo, além de despertar nas gerações atuais o amor libertário.
Tramava fugas, arranjava remo e canoa, conseguiu inclusive obter ajuda de pessoas evoluídas da sociedade da época para colocar em prática seus ideais. Expunha-se ao tronco, aos “anjinhos”, aos baraços e outras torturas, simplesmente pelo amor à liberdade e para livrar seus irmãos de cativeiro das chagas horrendas da escravatura.
Com a sua colaboração efetiva, logística e estratégica surgiram os quilombos do Trombetas, do Curuá e outros mais que em tamanho e importância para a região e para os nossos irmãos negros que ali se refugiavam rivalizavam até mesmo com Palmares. Até hoje ainda existem na região os remanescentes desses quilombos, sentinelas na luta pela liberdade, fruto da coragem de Pai Antônio.
Paulo Rodrigues dos Santos (Tupaiulândia), Vicente Salles (O negro no Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro Mocorongo), Nazareno Tourinho (peça Teatral Pai Antônio) nos legaram informações valiosíssimas sobre o nosso herói.
Hoje é fácil ser oposição. Mas já imaginaram que as punições para um escravo rebelde poderiam chegar à castração, à imersão num tacho de azeite fervente, à amputação de membros ou a deformação da formosura se fosse uma bela escrava a despertar ciúmes na sinhá?
Pai Antônio, após um julgamento forjado, um verdadeiro simulacro, uma aberração jurídica, foi condenado à forca. A execução ocorreu em Santarém, às proximidades do antigo Castelo, na tradicional rua do comércio, hoje Lameira Bittencourt (a propósito, ignoro os motivos da homenagem a este respeitável senhor em nossa principal artéria comercial).
Esse mártir da liberdade, o Pai Antônio, como disse antes, está totalmente esquecido pela história. Merece ser resgatado e lembrado. É um santareno viril e ilustre. Mas os tempos vão passando e ainda existem neste nosso amado país muitos casos de escravatura. Não mais aqueles que vinham em navios negreiros, mas os irmãos que nascem nos guetos, nas baixadas, morrem na porta dos hospitais públicos, não encontram escola para estudar nem trabalho condigno, mostrando que, ao contrário da propaganda oficial, o Brasil não é de todos, não.
Em homenagem a Pai Antônio e sua plêiade de heróis, terminei de compor uma ÓPERA que se chama PAI ANTÔNIO, baseada na saga heróica, nos fatos reais contados na bibliografia que acima mencionei. Essa ópera, se encenada, tem uma finalidade didática de valorizar nossa história e nossa identidade como povo, além de despertar nas gerações atuais o amor libertário.
José Wilson: realmente, tens razão, o Pai Antônio foi figura exemplar, porém, como a ingratidão e o esquecimento prevalecem sempre quando se trata de homenagear pessoas humildes e principalmente negros, só nos resta agradecer e louvar esta tua crônica. Saudações do Vanildo M. Cavalcante - Belém.
ResponderExcluirTomara que o cronista consiga ajuda para encenar a ópera para que Pai Antônio sirva de inspiraração aos jovens de hoje para lutarem pelos direitos e pelo respeito que os negros merecem ter de todos nós brasileiros, expurgando de vez a discriminação.
ResponderExcluirGRato a vocês pelas referências elogiosas. O blog do Ércio vai, a cada dia, se constituindo num instrumento de midia internética, dos melhores.
ResponderExcluirjosé wilson
Temas como esse devem ser abordados com mais frequencia na mídia. O cronista é muito bom! E o blog é o meu café da manhã. Abraço forte do mocorongo Milton N. Siqueira - Marambaia/Belém
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