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terça-feira, 20 de julho de 2010

AS SAUDOSAS MENSAGENS (crônica de José Wilson Malheiros)

Longe já se vão os tempos em que os serviços de altofalantes Ypiranga e a Voz da Liberdade (o primeiro, baratista. O segundo, da oposição, tinha como prefixo o hino patriótico Avante Camaradas), lançavam pelas ruas da pequenina Santarém dos anos 50 e 60 as suas mensagens.

A gente sabia quando tinha morrido alguém na cidade: dobravam os sinos das igrejas e os altofalantes tocavam a Ave-Maria de Schubert como fundo musical da mensagem: “A família daquele que em vida se chamou..... cumpre o doloroso dever de comunicar o seu falecimento ocorrido nesta data e convida a todos para seu féretro (sepultamento) que sairá da residência enlutada até o Cemitério de Nossa Senhora dos Mártires. Agradecemos a todos que comparecerem a este ato de fé e piedade cristã”
.
Quando era dia de aniversário ouvia-se o infalível “parabéns pra você” e o locutor, de voz empostada anunciava: “Colhe hoje mais um botão de rosas no jardim florido de sua existência a bonita jovem.... Seus pais e irmãos rogando a Deus para que a conserve sempre a excelente filha que tem sido até hoje, com o coração transbordando de alegria oferecem-lhe a seguinte melodia”.

E pelos céus da cidade músicas: Saxofone porque choras?, os bolerões do Waldick Soriano e a “Churrasco de Mãe”, com Teixeirinha eram as preferidas.

Na Rádio Clube do Sr. Pitágoras de Almeida e Silva e na Rádio Rural acontecia praticamente a mesma coisa, com falecimentos e datas natalícias.

Outro tipo de mensagem: “Os passarinhos amanheceram cantando , anunciando que hoje está no berço a mais linda das meninas-moças. Seus pais, com coração cheio de alegria, pedindo a Deus e à Virgem Maria que sempre a protejam oferecem-lhe”... Era praticamente o mesmo repertório.

Na Rádio Rural as mensagens para o interior: “ Alô, alô, Manezinho, no Juruparipucu, sua mãe avisa que chegou bem e vai se consultar no SESP amanhã. Quando vier não esqueça de trazer o numerário e o piracuí...”

Muito se poderia falar e rememorar os gostosos tempos dos altofalantes e das mensagens radiofônicas na terra santarena, mas o espaço do blog não permite.

Para encerrar, um caso interessante, que só conto por ter acontecido coisa de várias décadas. Havia um prefeito respeitabilíssimo na cidade, mas que era adversário político de um dos altofalantes. Então, para chatear o pobre homem e sua esposa, tocavam de meia em meia hora: “...Carolina, hum, hum, hum...”

Coisas da Santarém do nunca mais.

5 comentários:

  1. Eu lembro disso tudo... Mas, hoje, em nossa Santarém é só poluição sonora com altofalantes até em bicicletas pertubando o sossego dos santarenos a toda hora,em todo lugar. E ninguém faz nada para acabar com essa esculhambação.

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  2. Alô ZeWilson,não deixa de contar para a gente a Santarém do coração.Valeu, mano!

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  3. Doutor José Wilson, como posso adquirir a coleção Meu Baú Mocorongo, do seu saudoso pai maestro Isoca? Disseram-me que a primeira edição foi rapidamente esgotada e que não há possibilidade de sair uma segunda edição. É verdade? E parabéns pelas suas bonitas crônicas.

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  4. Anônimo aí em cima, é um prazer falar com você. Pelo que sei, realmente o Meu Baú parece estar esgotado. Esse livro foi impresso no governo passado. Logo...
    Realmente é uma pena que não se possa mais adquirir.
    É o que sei. Creia.
    Se eu tivesse pelo menos um exemplar "sobrando" poderia te presentear.
    j wilson

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  5. Ércio, e não é que me esqueci dos altofalantes do sr. Vitrola, ali por perto de Nossa Senhora das Graças?
    Esqueci, também que uma das músicas mais pedidas era a do Carequinha (o bom menino não faz xixi na cama...)
    Fica o registro.
    josé wilson

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