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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Médicos serão fiscalizados durante as eleições

Além da distribuição de produtos como materiais de construção, dentadura e cesta básica por candidatos - que caracteriza compra de voto -, a Justiça Eleitoral ficará atenta a profissionais que se utilizam dos seus conhecimentos para conseguir vantagens nas urnas. Médicos candidatos que oferecem serviço gratuito ou aqueles que não vão disputar o pleito mas recebem pacientes encaminhados por candidatos, por exemplo, ficam sob suspeita. Se comprovadas as irregularidades, o profissional terá que responder pelo delito na esfera judicial e ainda poderá ter o registro suspenso por um determinado período. Diante disso, o Conselho Regional de Medicina (CRM) e o Sindicato dos Médicos do Estado do Pará têm orientado a classe sobre os cuidados que devem ser tomados nesse período de campanha.

O médico José Antônio Cordero, diretor do CRM, observa que até o Código de Ética Médica proíbe a prática da medicina para fins eleitoreiros. "Essa questão é antiética", enfatiza. Cordero afirma que já houve muitas denúncias no Ministério Público sobre médicos que fazem laqueadura em época de campanha. O profissional flagrado recebe uma advertência da entidade e ainda corre o risco de ficar um período sem poder exercer a atividade, dependendo do grau do delito. Para o diretor do CRM, além de orientar a categoria, é preciso também conscientizar a população e melhorar o atendimento público oferecido a essas pessoas. "Porque o voto é mais importante que qualquer benefício. A população brasileira às vezes recorre aos candidatos porque não encontra um serviço público de qualidade", avalia.

Identificar a compra de votos dentro da categoria é uma tarefa difícil, avalia o médico João Gouveia, diretor do Sindicato dos Médicos. "Os médicos, de um modo geral, têm muita amizade. Então, você pode receber um paciente de um colega que está se candidatando. Na prática, é difícil você relacionar. Eu, quando preciso encaminhar um paciente que não é da minha área, tenho médicos de confiança para fazer isso. Se houver referência à campanha política, aí sim acho que tem uma quebra de ética".

Para Gouveia, o profissional candidato não deve se afastar de suas atividades durante a campanha e tem o direito de oferecer atendimento gratuito. "Se ele quiser atender de graça, é um problema pessoal. Basta você achar que o paciente merece. Agora, se ele tiver vinculado a pedido de voto, aí é antiético. Ele não pode fazer a vinculação do atendimento gratuito ao voto. Seria uma fraude eleitoral", acredita.

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