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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Novo tratamento para AVC

O óleo de copaíba ganha mais uma função no tratamento de doenças. Agora, uma pesquisa inédita revela que a copaíba, nativa da região amazônica, pode ajudar também no tratamento de acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame. A copaíba tem seu óleo consagrado na medicina popular no tratamento de gripes, tosses, bronquites, inflamação da garganta e artrite. Diversos componentes também apresentam atividade farmacológica cientificamente comprovada, como o beta-cariofileno, que atua como antiinflamatório e protetor da mucosa gástrica, solucionando problemas de azia, úlcera e gastrite. Desta vez, uma pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapespa), do governo do Estado, aponta que a planta pode ajudar a tratar o AVC.

O processo com a copaíba, executado em nível de mestrado em neurociência e biologia celular pelo biólogo da Universidade Federal do Pará (UFPA) Adriano Guimarães, por enquanto é testado apenas em ratos e ainda carece de testes toxicológicos para averiguar se as substâncias não afetam também a formação de novos neurônios. Porém, um dos principais resultados já pôde ser comprovado: a potência do óleo de resina da copaíba em tratamentos cerebrais.

Para esta conclusão, o cientista injetou no cérebro do rato pequenas doses de um produto químico que causa vasoconstrição, um processo de contração dos vasos sanguíneos, que na prática simula um coágulo que ocorre no processo normal de isquemia, comum em quem sofre um AVC. Para evitar a proliferação dos neutrófilos e macrófilos - células de defesa do corpo que eliminam as células doentes antes que estas se recuperem - foram injetadas altas doses de óleo de resina da copaíba no abdômen do rato.

O trabalho no Laboratório de Neuroproteção e Regeneração da UFPA levou dois anos e um investimento de mais de R$ 30 mil pelo governo do Estado. Os resultados foram surpreendentes: nas primeiras 24 horas de monitoramento do rato, houve uma inibição de 33% dos neutrófilos, que agem mais rapidamente. Em 72 horas, houve a redução de 64% da lesão dos macrófilos. "Isto é mais do que o dobro da inibição observada na droga experimental mais utilizada atualmente, que é a minociclina. Como a copaíba tem propriedades antiinflamatórias, já esperávamos uma redução das lesões, mas não neste nível. É muito mais potente", afirma Adriano Guimarães.

Outra vantagem da copaíba em relação a antiinflamatórios existentes no mercado é que, ao invés de ter a eficácia prevalecente em homens, a copaíba é uma planta que apresenta resultados positivos também em mulheres. Em longo prazo, o que se espera do trabalho é que os pacientes de AVC possam ter uma nova alternativa de tratamento, feita a partir de produtos da Amazônia, em um período mais curto e com menos efeitos colaterais. (No Amazônia)

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