Terminou em bate-boca a reunião do Conselho Deliberativo do Remo (Condel), na noite de ontem, no auditório da sede social da Avenida Nazaré. O objetivo do encontro era discutir alternativas para solucionar o problema mais grave do clube no momento: a ameaça de leilão de parte de seus bens como forma de pagamento das dívidas trabalhista e cível. No entanto, mais uma vez, nada foi decidido neste sentido.
Após uma longa explanação do presidente Amaro Klautau, que rebateu ponto a ponto cada uma das denúncias, iniciou-se uma discussão entre o grande benemérito Ronaldo Passarinho e o presidente do Condel azulino, Felício Pontes. Ambos divergiram em relação ao andamento do processo de expulsão de Amaro Klautau do quadro de associados do clube.
Passarinho acusou Pontes de agir de forma parcial em relação a esse caso, favorecendo o presidente do clube ao retardar deliberadamente a definição sobre o deferimento ou não da petição apresentada no início do mês de setembro por 33 conselheiros. Eles acusam Klautau de danificar patrimônio do clube ao ordenar a destruição do escudo remista que ornamentava a entrada da área do antigo "Carrossel", pela Avenida Almirante Barroso.
Pontes não aprovou as insinuações e, irritado com o tom irônico utilizado por Passarinho, explicou que não poderia dar andamento no processo enquanto não fosse apurada a denúncia de falsidade ideológica feita pelo conselheiro Jorge Dias. O último alega não ter assinado a petição original. "O incidente processual colocou em xeque aquele documento. Por isso, ele foi devolvido para seus autores, que se comprometeram em trazê-lo de volta com todas as assinaturas presentes nele reconhecidas em cartório. Até agora, estou aguardando a devolução desse documento", afirmou.
Passarinho não concordou com a justificativa apresentada pelo presidente do Condel e lembrou a existência de uma segunda petição, apresentada no dia 27 de setembro, contendo assinaturas de apenas 10 conselheiros. Por seu turno, Pontes explicou que aquele segundo pedido de abertura de processo era, na prática, o mesmo de antes, só que com menos assinaturas e três nomes de conselheiros que não constavam antes.
Houve intervenções de outros conselheiros, como o advogado Hermes Tupinambás e o promotor público Domingos Sávio, que propuseram outros encaminhamentos para este e outros casos discutidos no início da reunião. No entanto, não havia mais ambiente para a continuação da reunião. Discussões paralelas entre conselheiros esvaziaram a sessão bem antes de seu encerramento, já no início da madrugada de hoje.
Em resumo, a única coisa que foi definida na noite de ontem é que Amaro Klautau será notificado de forma oficial, provavelmente ainda hoje, sobre a acusação de destruição de patrimônio do clube. Segundo Felício Pontes, ele terá dez dias para apresentar sua defesa. Só então, será marcada uma nova reunião para que seja votada sua exclusão ou não do quadro societário do clube.
Presidente azulino rebate denúncias de Benedito Sá e Passarinho
O presidente do Remo, Amaro Klautau, aproveitou o início da reunião de ontem para rebater as denúncias feitas pelo conselheiros Benedito Wilson Sá e Ronaldo Passarinho, que nos últimos dias levantaram dúvidas sobre as contas do clube e afirmaram, inclusive, que o mandatário havia utilizado dinheiro do clube para fins pessoais - como o aluguel de um carro e a contratação de um plano coorporativo de telefonia celular.
Sobre os questionamentos que envolvem os contratos de publicidade e televisionamento do clube, Klautau explicou que embora estas cotas somem R$ 330 mil mensais, pouco ou quase nada desse dinheiro entrou realmente nos cofres azulinos. "Quando recebemos o clube, em janeiro de 2009, todas as contas do Remo estavam bloqueadas pela Justiça do Trabalho. Firmamos então um acordo, através do programa Conciliar, nos comprometendo a depositar R$ 60 mil por mês em uma conta da própria Justiça. Com isso, os leilões seriam suspensos e os bloqueios reduzidos para 10% ou 20%. O problema foi que o Remo não conseguiu vaga na Série D daquele ano e ficou sem competição oficial no segundo semestre", recordou Klautau.
"Pedimos uma redução no valor, para que pudéssemos continuar dentro do programa Conciliar. Infelizmente, a Justiça não aceitou o pedido e o acordo foi desfeito", esclareceu Klautau, justificando com isso a falta de maiores investimentos no futebol do clube.
Em seguida, ele admitiu ter contratado um plano coorporativo de telefonia celular e alugado um veículo para uso do clube. "Isso não é segredo para ninguém. Está tudo lançado na nossa contabilidade", explicou o mandatário azulino, que pediu o fim das "acusações infundadas" por conselheiros do clube. (No Amazônia)
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