Entre os empresários, o humor já começa a se alterar. Muitos preferem não falar com a imprensa, mas os que aceitam expor os seus problemas não escondem a falta de paciência com as justificativas dadas pela secretaria para atrasar os pagamentos. "Eu estou aqui querendo uma coisa que é minha. Tenho funcionário, tenho imposto para pagar", explica Rubens Pacheco, dono de uma construtora.
No mês de maio, a empresa de Rubens terminou a reforma do colégio João XXIII, em Ananindeua. O serviço custou R$ 54 mil, segundo ele. Mas, até hoje, ele não recebeu nada pelo trabalho, afirma. Desde então, o empresário pressiona a Seduc para receber o dinheiro. Há três semanas vai quase diariamente ao órgão. Ele teme que o valor não seja pago até o fim do governo Ana Júlia Carepa, que se encerra no próximo sábado. "Alegam que não têm dinheiro. Todos os dias eles dão esperança para a gente e nada. Com a troca de governo vai ficar complicado, porque vão passar uma responsabilidade que não tem nada a ver com o outro gestor", destacou.
Revoltado, Marcelo Pierre Rimes Acácio foi mais longe. Saiu de Capanema, na última segunda-feira, com destino à Seduc, levando no carro uma faixa de um megafone. Ao chegar ao órgão, avisou: só sairia do prédio após receber o dinheiro que o governo lhe deve e, se não fosse atendido, denunciaria, através do megafone, a suposta corrupção no apagar das luzes do governo. Nem mesmo as ameaças de Acácio solucionaram o problema. Como havia anunciado assim que chegou a Belém, ele se recusou a sair da secretaria e dormiu dentro do carro parado no estacionamento do prédio da Seduc. Ainda assim, ontem, não recebeu nenhuma garantia de que teria o seu dinheiro.
Estudantes - Até mesmo os estudantes estão sendo vítimas de calote da Secretaria de Educação. Desde 2009, a Casa do Estudante Universitário do Pará e a Casa do Estudante de Abaetetuba não recebem nenhum centavo do governo, segundo denunciam os estudante. A primeira instituição, presidida por Marcos Caldas, tem direito a R$ 290 mil por ano, segundo contou. Ou seja, a dívida é de quase R$ 600 mil. "Ano passado, a gente não recebeu e esse ano está sendo enrolado. A resposta que a gente recebe é que a secretaria está sem recurso", diz Marcos. Presidente da Casa do Estudante de Abaetetuba - que deveria receber R$ 55 mil por ano, mas também não recebe desde 2009 -, Jefferson Jesus da Silva Nunes conta que vários fornecedores começam a bater na porta da instituição.
Resposta - Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que o pagamento referente ao aluguel do imóvel sede da URE de Abaetetuba já foi tramitado e está previsto para ser efetuado até o dia 30. Sobre as Casas de Estudante, a Seduc informou que já averiguou a situação e o processo de pagamento está sendo tramitado. Com relação à escola em regime de convênio João XXIII, o processo referente à escola está sendo averiguado. (No Amazônia)
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