De acordo com o procurador da República Bruno Valente, que recebeu a representação, a denúncia contra Jader Barbalho pode ter até três desdobramentos. Ao omitir um bem do TRE, infringi-se o artigo 350 do Código Eleitoral (omitir em documento público ou particular informação que dele deveria constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais).
A pena para essa infração é de cinco anos de prisão, além do pagamento de multa, mas, além disso, Marinor espera que o MPF solicite também a perda do mandato de senador, que Jader recuperou após o julgamento da Lei da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu em março deste ano pela não aplicação da Lei Complementar (LC) 135/2010 nas eleições de 2010.
Confirmada a denúncia, o peemedebista também pode vir a responder civil e criminalmente pela omissão da aquisição do bem das autoridades competentes durante 10 anos. A compra da maioria das ações da Rádio e TV Tapajós só foi registrada na Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), por exemplo, em março deste ano.
De acordo com a denúncia, isso só teria ocorrido porque com o falecimento do antigo sócio majoritário, Joaquim da Costa Pereira - com quem Jader teria assinado um "contrato de gaveta" -, os herdeiros alegaram desconhecer a sociedade com o ex-deputado durante o processo de inventário. "Está claro que o registro junto à Jucepa só foi feito para que ele pudesse se habilitar ao inventário", defende o advogado de Marinor, Pedro Cavalero.
Nesse trecho do documento a senadora sugere que a informação permaneceria escondida, caso não fosse aberto o processo em Santarém. "Caso isso não tivesse acontecido, o senhor Jader Barbalho iria continuar escondendo para a Justiça seus negócios, omitindo informações para a Justiça especializada eleitoral. E como homem público está, sim, obrigado aos princípios que regem a administração pública. Esses princípios foram violados com essa omissão perante a Justiça Eleitoral", destacou.
Na conversa com o procurador da República, Marinor pediu celeridade na investigação e lembrou que na próxima segunda-feira a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entra com uma Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) da Lei da Ficha Limpa, na qual aparece como parte interessada. "Vou exercer o meu mandato até o último dia e fazer tudo que estiver ao meu alcance para impedir a volta dos fichas sujas ao Senado", afirmou.
Segundo Wolgrand, "em tese a omissão da sociedade com o grupo de comunicação de Santarém levaria Barbalho a perder qualquer credibilidade junto à Justiça Eleitoral". O jurista acrescentou que "é necessário se observar qual será a interpretação que será dada, quais os argumentos das partes". Wolgrand afirmou, ainda, que "o Direito, infelizmente, permite o jogo de esperteza. Há todo um ingrediente político, há a opinião, o entendimento do juiz", sendo, portanto, prematuro se conjecturar sobre a situação.
A senadora - que luta para manter seu mandado após a invalidação da Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2010 - espera que a representação que protocolou ontem seja apreciada o quanto antes pelo Ministério Público Federal. É possível que na próxima segunda-feira a representação seja distribuída para um dos procuradores federais do órgão. Nenhum dos procuradores federais procurados ontem estava com seus telefones celulares ligados, mas a assessoria de imprensa do MPE adiantou que seria impossível qualquer um deles se reportar acerca do assunto, pelo fato de ainda não se saber para quem a representação seria distribuída. O procurador encarregado do caso irá analisar toda a documentação e, somente depois, poderá emitir seu parecer e recomendar quais providências são cabíveis. (No Amazônia)
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