Lembro-me, como se fosse hoje, de um fato que me marcou profundamente. No ano de 1963, quando eu morava em São Paulo, com o tio Wilmar, e estudava no Conservatório Musical "José Maurício", dirigido pelas irmãs Profªs. Rachel Peluso e Gioconda Peluso (santarenas), houve um recital, de fim de ano, programado justamente pelo Conservatório, quando se apresentaram alunos que haviam concluído o curso de piano (9º ano do curso, naquela época).
Pois bem. Uma das pianistas-concertistas tocou a Grande Fantasia Trinunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, de autoria de Louis Moreau Gottschalk. Peça muito bonita, mas de execução dificílima!... Terminada a apresentação, o tio Wilmar virou-se para o papai (que tinha ido a São Paulo para a minha colação de grau no curso ginasial, aluno que fui do Lyceu Coração de Jesus, na capital paulista; aliás, o Toquinho foi meu colega de turma, na mesma sala...) e fez o seguinte comentário: - "Isoca, a moça tocou muito bem. Mas a Ninita tocava ainda melhor"!... Precisa dizer mais? A moça estava concluindo, em São Paulo, o curso de piano (virtuose). Mas a tia Ninita, morando lá em Santarém, praticamente autodidata (apenas com orientações do vovô José Agostinho, que não era pianista, embora tocasse piano e escrevesse para este instrumento - que não era o seu instrumento principal, mas a clarineta), tocava MELHOR. É verdade mesmo.
Eu ainda assisti ela se apresentando em companhia do papai, tocando piano a 4 mãos: Protofonia (Abertura) da ópera "O Guanary" (Carlos Gomes, com arranjo de Wilson Fonseca); Abertura da ópera Guilherme Tell (Rossini); Fantasia sobre o Hino de Santarém (Wilson Fonseca) etc. Papai me disse que tia Ninita era "fominha" pelo piano. Ela ficava quase o dia todo, quando jovem, no piano. Horas e horas estudando. Perfeccionista. Quase não dava lugar para os outros irmãos. Tia Ninita, segundo o papai, tocou quase toda a obra de Chopin (noturnos, estudos, prelúdios, valsas, polonaises etc.). Ela era "a pianista" da família de José Agostinho da Fonseca.
Quando Rachel Peluso saiu de Santarém, em companhia dos pais, para morar em São Paulo, no início da década de 20 do século XX, a excelente Orquestra Euterpe Jazz (de baile) ganhou outra pianista. Sabe quem foi? Justamente a tia Ninita. Naquela época, o papai tocava mais o saxofone. As fotos da época, no "Meu Baú Mocorongo", comprovam isso. Ela era a pianista-mor. Papai se dedicada mais a fazer arranjos e, depois, à composição. Mas aí entrou na história o flautista Miguel de Oliveira Campos. Ambos tocavam na Orquestra Euterpe Jazz (pena que não tivesse gravação naquela época). E a flauta acabou conquistando o piano. Até aí tudo bem. Uma dupla muito competente: Ninita e o notável "Bico Doce" (tio Miguel). Veio o casamento. Vieram os filhos. E a pianista passou dedicar-se mais à família, aos filhos. Enfim, ela sacrificou a sua carreira artística em prol da família. Que alma generosa. Humana!
Veio também a sua famosa Escola de Datilografia. A sua Escola de Piano. Ambas funcionando na sua casa, em Santarém: Trav. Francisco Corrêa, 70. E a pianista ficou em recesso. Até que em certa ocasião, as netinhas Taninha e Andréa, filhas do Miguel Augusto, fincaram o pé e exigiram que a vovó Annita retornasse ao piano. Afinal, um pedido de filhos o pai até pode negar. Mas um pedido de netos é deferimento certo, não é? Foi um retorno triunfal ao piano. Ainda guardo, com muito carinho, aquelas relíquias gravadas em fita cassete, que registram a vovó Annita e as netinhas nos violinos. Que coisa mais preciosa. Até as minhas "Valsas Santarenas" foram incluídas no repertório. ...
Juntamente com a vovó Aninhas, vovô ZéAgostinho, Papai, tio Wilmar, tia Adahyl e, recentemente, o tio Dororó (além do tio Edmundo), ela - tia Ninita - deve estar festejando o centenário naquele lugarzinho celestial que todos fizeram por merecer, ao som ... do Guarany... Em companhia, é claro, do velho Miguel Campos, com sua flauta mais do que afinada.
Mais aqui >Centenário de santarena ilustre e muito amada
Pois bem. Uma das pianistas-concertistas tocou a Grande Fantasia Trinunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, de autoria de Louis Moreau Gottschalk. Peça muito bonita, mas de execução dificílima!... Terminada a apresentação, o tio Wilmar virou-se para o papai (que tinha ido a São Paulo para a minha colação de grau no curso ginasial, aluno que fui do Lyceu Coração de Jesus, na capital paulista; aliás, o Toquinho foi meu colega de turma, na mesma sala...) e fez o seguinte comentário: - "Isoca, a moça tocou muito bem. Mas a Ninita tocava ainda melhor"!... Precisa dizer mais? A moça estava concluindo, em São Paulo, o curso de piano (virtuose). Mas a tia Ninita, morando lá em Santarém, praticamente autodidata (apenas com orientações do vovô José Agostinho, que não era pianista, embora tocasse piano e escrevesse para este instrumento - que não era o seu instrumento principal, mas a clarineta), tocava MELHOR. É verdade mesmo.
Eu ainda assisti ela se apresentando em companhia do papai, tocando piano a 4 mãos: Protofonia (Abertura) da ópera "O Guanary" (Carlos Gomes, com arranjo de Wilson Fonseca); Abertura da ópera Guilherme Tell (Rossini); Fantasia sobre o Hino de Santarém (Wilson Fonseca) etc. Papai me disse que tia Ninita era "fominha" pelo piano. Ela ficava quase o dia todo, quando jovem, no piano. Horas e horas estudando. Perfeccionista. Quase não dava lugar para os outros irmãos. Tia Ninita, segundo o papai, tocou quase toda a obra de Chopin (noturnos, estudos, prelúdios, valsas, polonaises etc.). Ela era "a pianista" da família de José Agostinho da Fonseca.
Quando Rachel Peluso saiu de Santarém, em companhia dos pais, para morar em São Paulo, no início da década de 20 do século XX, a excelente Orquestra Euterpe Jazz (de baile) ganhou outra pianista. Sabe quem foi? Justamente a tia Ninita. Naquela época, o papai tocava mais o saxofone. As fotos da época, no "Meu Baú Mocorongo", comprovam isso. Ela era a pianista-mor. Papai se dedicada mais a fazer arranjos e, depois, à composição. Mas aí entrou na história o flautista Miguel de Oliveira Campos. Ambos tocavam na Orquestra Euterpe Jazz (pena que não tivesse gravação naquela época). E a flauta acabou conquistando o piano. Até aí tudo bem. Uma dupla muito competente: Ninita e o notável "Bico Doce" (tio Miguel). Veio o casamento. Vieram os filhos. E a pianista passou dedicar-se mais à família, aos filhos. Enfim, ela sacrificou a sua carreira artística em prol da família. Que alma generosa. Humana!
Veio também a sua famosa Escola de Datilografia. A sua Escola de Piano. Ambas funcionando na sua casa, em Santarém: Trav. Francisco Corrêa, 70. E a pianista ficou em recesso. Até que em certa ocasião, as netinhas Taninha e Andréa, filhas do Miguel Augusto, fincaram o pé e exigiram que a vovó Annita retornasse ao piano. Afinal, um pedido de filhos o pai até pode negar. Mas um pedido de netos é deferimento certo, não é? Foi um retorno triunfal ao piano. Ainda guardo, com muito carinho, aquelas relíquias gravadas em fita cassete, que registram a vovó Annita e as netinhas nos violinos. Que coisa mais preciosa. Até as minhas "Valsas Santarenas" foram incluídas no repertório. ...
Juntamente com a vovó Aninhas, vovô ZéAgostinho, Papai, tio Wilmar, tia Adahyl e, recentemente, o tio Dororó (além do tio Edmundo), ela - tia Ninita - deve estar festejando o centenário naquele lugarzinho celestial que todos fizeram por merecer, ao som ... do Guarany... Em companhia, é claro, do velho Miguel Campos, com sua flauta mais do que afinada.
Mais aqui >Centenário de santarena ilustre e muito amada
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