Assassinatos como os registrados semana passada no Pará e em Rondônia mostram que o governo tem sido omisso no combate aos conflitos de terra e, neste momento, está perdido na condução de uma solução para o problema.
Essa é a avaliação de entidades como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Movimento dos Sem-Terra (MST), sobre as ações do governo na região de maior tensão fundiária do país.
A CPT aponta razões políticas para o que chama de inércia. — Essa omissão é reflexo de uma opção política. O governo desde o início optou por acordos com setores ligados ao agronegócio para garantir a governabilidade e abriu mão de implementar políticas públicas que contrariassem esses interesses. A reação do governo agora, com força-tarefa e operações, é típica de quem está perdido no meio do conflito — criticou o advogado da CPT em Marabá, José Batista Afonso.
Depois dos assassinatos de ativistas na Amazônia e de muita pressão social, uma força-tarefa da Polícia Federal, Incra e Ibama está na região. O governo realizou anteontem uma reunião para discutir a situação. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, admitiu que o governo não tem condições de dar proteção policial a todas as lideranças rurais, indígenas, sem-terra e ambientalistas ameaçadas ou vítimas de tentativas de assassinatos na disputa pela posse de terra.
A Pastoral entregou uma lista com 207 nomes, dos quais 42 já foram assassinados. Dos 165 restantes, a CPT destacou 30 líderes mais vulneráveis. — Essa declaração (de proteção apenas para alguns) é a expressão de um governo que não tem política de combate à violência no campo. A reunião que aconteceu ontem (anteontem) veio atrasada. A situação de conflito no campo e de mortes vem de longa data, e o governo não tem como alegar desconhecimento, porque só a Pastoral divulga todo ano um relatório de conflitos — reagiu Afonso. (No estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário