Condenado a 28 anos e seis meses de prisão em regime fechado por homicídio triplamente qualificado, Ezequiel Abreu Callado, de 21 anos, agora está preso no Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), em Belém. Ele é o principal acusado da morte de Cíntia da Silva Oliveira, 16 anos, durante um ritual de vampirismo, em julho do ano passado. O julgamento, cuja previsão de duração era de dois dias, durou cerca de 12 horas, ontem, no Fórum Criminal de Belém, no bairro da Cidade Velha. Apesar da sentença, familiares e amigos da vítima acreditam que a pena de Ezequiel poderia ser maior. Já o pai do réu, Valdemir Pinto Callado, não permaneceu até o anúncio da sentença.
De acordo com o juiz titular da 3ª Vara do Tribunal do Júri, Cláudio Henrique Rendeiro, a celeridade nos depoimentos e o uso de recurso audiovisual para exibição dos depoimentos realizados na última audiência, em novembro passado, possibilitaram que a sentença fosse dada em apenas um dia. "Este sistema (recurso audiovisual) foi inaugurado neste julgamento e se mostrou bastante eficaz. Além disso, o fato de parte das testemunhas terem se pronunciado antes agilizou e muito o processo. Se tivéssemos realizado um julgamento tradicional, com certeza entraríamos em um segundo dia de julgamento", declarou.
Para o promotor do Ministério Público do Estado (MPE) Manuel Murrieta, o júri entendeu que Ezequiel "fora o mentor do crime e o responsável pelos golpes que ceifaram a vida de Cíntia". Já o defensor público Rafael Sarges alegou que ainda é cedo para confirmar se haverá ou não recurso. "É preciso avaliar com cuidado. Este é um caso emblemático, considerando que além da pena por homicídio há também penas por outros crimes. A votação, aliás, não foi unânime, o que demonstra que conseguimos apresentar aspectos antes não considerados pelo júri. Entendemos que a sociedade espera resultados rigorosos em casos como este, contudo, é muito fácil julgar de fora, difícil mesmo é sentar naquela cadeira (referindo-se ao tribunal do júri) e decidir a vida de uma pessoa", afirmou.
A tese argumentada pela promotoria e aceita pelo tribunal do júri era de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, com os agravantes de tortura, asfixia e impossibilidade de defesa da vítima, o que acarretou 22 anos de prisão. Além disso, foram acrescidos os crimes de violação de sepultura (art. 210 do Código Penal) e corrupção de menores, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 244 b da Lei 8.069/1990), somando dois e três anos, respectivamente. Mais um ano e 6 meses foi acrescido pelo juiz Cláudio Rendeiro, mediante todas as acusações.
A primeira testemunha a prestar depoimento foi a estudante Nancy Danielle Amorin, de 19 anos. Nancy chegou a ser apontada, ainda na fase do inquérito policial, como participante do crime. Ela chegou a ficar presa por dois meses, mas teve o nome retirado da denúncia oferecida pelo MPE por ausência de provas. Nancy, em respostas às perguntas, disse que conheceu Ezequiel em março do ano passado. O réu, segundo ela, era o líder do grupo gótico "Dark Angels" e era chamado de "Lord Blood". "Por ser o mais velho, ele era o líder", afirmou. Ela disse ainda que soube do plano de matar a adolescente de 16 anos por meio do réu, cerca de 15 dias antes do crime, mas que achava se tratar de uma "brincadeira". De acordo com Nancy, o pedido para Ezequiel matar a estudante partiu da adolescente com quem ele havia namorado e terminado uma semana antes do crime, devido ao fato de a vítima ter "interesse" nela. Naquela ocasião, inclusive, estavam presentes Ezequiel e outros dois adolescentes de 15 anos de idade, dentre eles o irmão de Nancy e a tal adolescente. Ainda segundo Nancy, Ezequiel contou como usou a cruz para matar a vítima e que chegou a beber o sangue de Cíntia, já morta. Além disso, Ezequiel também teria revelado o crime para um blogueiro, também gótico, residente em Porto Alegre (RS) - que entrou em contato com os jornais Amazônia e O LIBERAL na época do crime e pediu para não ter o nome revelado. Por fim, Nancy negou a participação no grupo gótico liderado pelo réu e disse que apenas participava dos encontros na praça, onde eram lidos poemas.
A segunda testemunha a depor foi a pedagoga Ângela Maria Pantoja, diretora da escola estadual de ensino fundamental e médio Maria Luiza da Costa Rêgo, no bairro do Bengui, onde estudavam o réu e os adolescentes envolvidos no crime. Ela afirmou que Ezequiel era "tímido" e "retraído" durante todo o ano de 2009 e que passou a se aproximar mais de garotas no ano passado. Ela classificou ainda o estilo dele como "metrossexual", devido ao uso da maquiagem e dos cuidados com o próprio corpo. "Ele usava roupas e luvas pretas, pintura preta ao redor dos olhos e mechas no cabelo", afirmou. Segundo a pedagoga, não houve problemas administrativos enquanto ele foi aluno da escola pública. No mais, disse que chegou a ouvir comentários sobre um suposto pacto de sangue e do possível relacionamento do réu com homens, porém, nunca presenciou nem confirmou nada. Tal como Nancy declarou, a pedagoga afirmou que Ezequiel exercia influência sob os outros adolescentes.
As declarações da pedagoga irritaram Valdemir Pinto Callado, que defendeu o filho e disse que o rapaz tinha um comportamento exemplar tanto na escola quanto em casa e que nunca foi chamado na escola por problemas de comportamento ou notas. "Dos três aos 18 anos, enquanto morou comigo, nunca apresentou comportamento estranho. Ela (a diretora) é antiética. É uma informação infundada. Maquiagem é uma questão de gosto. Vamos processar essa professora", declarou, acrescentando que o comportamento do filho só começou a mudar quando se aproximou de Nancy. "Acredito que meu filho é inocente. Vim aqui para ver e ouvir a Justiça", concluiu.
Os depoimentos dos cinco adolescentes, sendo dois deles arrolados pela defesa, foram tomados na sala secreta do Fórum Criminal, na presença dos jurados, promotoria, defensoria e pelo juiz. Apenas o áudio das testemunhas foi disponibilizado à sala de julgamento, mas as vozes foram veiculadas em rotação alterada a fim de evitar a identificação, uma vez que a participação dos jovens é tratada sob segredo de Justiça. Entre os ouvidos estavam o irmão de Nancy e a adolescente que teria mantido um relacionamento amoroso com a vítima e com o réu.
A adolescente que teria mantido relacionamento amoroso com a vítima negou a informação em depoimento. Segundo a jovem de 15 anos, não foi ela quem planejou o crime, como Ezequiel havia dito para Nancy. Em determinado momento, disse ainda que não sabia quem tinha planejado e quem tinha se prontificado a executar o crime. Entretanto, a adolescente se contradisse ao afirmar que Ezequiel não gostava de Cíntia e que a ideia de matá-la teria partido dele. Também confirmou que manteve relacionamento amoroso com o réu e que este havia encerrado uma semana antes do crime. Disse ainda que conheceu a vítima pelo Orkut e que chegaram a trocar cartas pela janela da sala, cuja média era de seis por dia.
A terceira testemunha a prestar depoimento foi a estudante Patrícia Barros, hoje com 18 anos de idade. Ela afirmou pertencer ao grupo, mas não o denominava de gótico. "Era só um grupo de amigos que andavam juntos", explicou. A estudante contou que foi usada como álibi para confirmar a versão aos pais dos envolvidos de que estariam na casa dela na noite do crime. Ao saber que Ezequiel e os adolescentes tinham assassinado Cíntia, Patrícia disse que achou que fosse "uma brincadeira". Fonte: Amazônia
Para o promotor do Ministério Público do Estado (MPE) Manuel Murrieta, o júri entendeu que Ezequiel "fora o mentor do crime e o responsável pelos golpes que ceifaram a vida de Cíntia". Já o defensor público Rafael Sarges alegou que ainda é cedo para confirmar se haverá ou não recurso. "É preciso avaliar com cuidado. Este é um caso emblemático, considerando que além da pena por homicídio há também penas por outros crimes. A votação, aliás, não foi unânime, o que demonstra que conseguimos apresentar aspectos antes não considerados pelo júri. Entendemos que a sociedade espera resultados rigorosos em casos como este, contudo, é muito fácil julgar de fora, difícil mesmo é sentar naquela cadeira (referindo-se ao tribunal do júri) e decidir a vida de uma pessoa", afirmou.
A tese argumentada pela promotoria e aceita pelo tribunal do júri era de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, com os agravantes de tortura, asfixia e impossibilidade de defesa da vítima, o que acarretou 22 anos de prisão. Além disso, foram acrescidos os crimes de violação de sepultura (art. 210 do Código Penal) e corrupção de menores, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 244 b da Lei 8.069/1990), somando dois e três anos, respectivamente. Mais um ano e 6 meses foi acrescido pelo juiz Cláudio Rendeiro, mediante todas as acusações.
A primeira testemunha a prestar depoimento foi a estudante Nancy Danielle Amorin, de 19 anos. Nancy chegou a ser apontada, ainda na fase do inquérito policial, como participante do crime. Ela chegou a ficar presa por dois meses, mas teve o nome retirado da denúncia oferecida pelo MPE por ausência de provas. Nancy, em respostas às perguntas, disse que conheceu Ezequiel em março do ano passado. O réu, segundo ela, era o líder do grupo gótico "Dark Angels" e era chamado de "Lord Blood". "Por ser o mais velho, ele era o líder", afirmou. Ela disse ainda que soube do plano de matar a adolescente de 16 anos por meio do réu, cerca de 15 dias antes do crime, mas que achava se tratar de uma "brincadeira". De acordo com Nancy, o pedido para Ezequiel matar a estudante partiu da adolescente com quem ele havia namorado e terminado uma semana antes do crime, devido ao fato de a vítima ter "interesse" nela. Naquela ocasião, inclusive, estavam presentes Ezequiel e outros dois adolescentes de 15 anos de idade, dentre eles o irmão de Nancy e a tal adolescente. Ainda segundo Nancy, Ezequiel contou como usou a cruz para matar a vítima e que chegou a beber o sangue de Cíntia, já morta. Além disso, Ezequiel também teria revelado o crime para um blogueiro, também gótico, residente em Porto Alegre (RS) - que entrou em contato com os jornais Amazônia e O LIBERAL na época do crime e pediu para não ter o nome revelado. Por fim, Nancy negou a participação no grupo gótico liderado pelo réu e disse que apenas participava dos encontros na praça, onde eram lidos poemas.
A segunda testemunha a depor foi a pedagoga Ângela Maria Pantoja, diretora da escola estadual de ensino fundamental e médio Maria Luiza da Costa Rêgo, no bairro do Bengui, onde estudavam o réu e os adolescentes envolvidos no crime. Ela afirmou que Ezequiel era "tímido" e "retraído" durante todo o ano de 2009 e que passou a se aproximar mais de garotas no ano passado. Ela classificou ainda o estilo dele como "metrossexual", devido ao uso da maquiagem e dos cuidados com o próprio corpo. "Ele usava roupas e luvas pretas, pintura preta ao redor dos olhos e mechas no cabelo", afirmou. Segundo a pedagoga, não houve problemas administrativos enquanto ele foi aluno da escola pública. No mais, disse que chegou a ouvir comentários sobre um suposto pacto de sangue e do possível relacionamento do réu com homens, porém, nunca presenciou nem confirmou nada. Tal como Nancy declarou, a pedagoga afirmou que Ezequiel exercia influência sob os outros adolescentes.
As declarações da pedagoga irritaram Valdemir Pinto Callado, que defendeu o filho e disse que o rapaz tinha um comportamento exemplar tanto na escola quanto em casa e que nunca foi chamado na escola por problemas de comportamento ou notas. "Dos três aos 18 anos, enquanto morou comigo, nunca apresentou comportamento estranho. Ela (a diretora) é antiética. É uma informação infundada. Maquiagem é uma questão de gosto. Vamos processar essa professora", declarou, acrescentando que o comportamento do filho só começou a mudar quando se aproximou de Nancy. "Acredito que meu filho é inocente. Vim aqui para ver e ouvir a Justiça", concluiu.
Os depoimentos dos cinco adolescentes, sendo dois deles arrolados pela defesa, foram tomados na sala secreta do Fórum Criminal, na presença dos jurados, promotoria, defensoria e pelo juiz. Apenas o áudio das testemunhas foi disponibilizado à sala de julgamento, mas as vozes foram veiculadas em rotação alterada a fim de evitar a identificação, uma vez que a participação dos jovens é tratada sob segredo de Justiça. Entre os ouvidos estavam o irmão de Nancy e a adolescente que teria mantido um relacionamento amoroso com a vítima e com o réu.
A adolescente que teria mantido relacionamento amoroso com a vítima negou a informação em depoimento. Segundo a jovem de 15 anos, não foi ela quem planejou o crime, como Ezequiel havia dito para Nancy. Em determinado momento, disse ainda que não sabia quem tinha planejado e quem tinha se prontificado a executar o crime. Entretanto, a adolescente se contradisse ao afirmar que Ezequiel não gostava de Cíntia e que a ideia de matá-la teria partido dele. Também confirmou que manteve relacionamento amoroso com o réu e que este havia encerrado uma semana antes do crime. Disse ainda que conheceu a vítima pelo Orkut e que chegaram a trocar cartas pela janela da sala, cuja média era de seis por dia.
A terceira testemunha a prestar depoimento foi a estudante Patrícia Barros, hoje com 18 anos de idade. Ela afirmou pertencer ao grupo, mas não o denominava de gótico. "Era só um grupo de amigos que andavam juntos", explicou. A estudante contou que foi usada como álibi para confirmar a versão aos pais dos envolvidos de que estariam na casa dela na noite do crime. Ao saber que Ezequiel e os adolescentes tinham assassinado Cíntia, Patrícia disse que achou que fosse "uma brincadeira". Fonte: Amazônia
Nenhum comentário:
Postar um comentário