A presidente Dilma Rousseff indicou um oficial general do Exército e um auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) para as duas principais diretorias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A decisão criou um desconforto dentro do órgão, ainda mais porque os outros cinco diretores indicados também não são servidores de carreira do próprio Dnit. As escolhas de Dilma foram entendidas como um recado de que há uma espécie de “intervenção” para reconstruir a imagem da autarquia, mergulhada numa onda denúncias de corrupção nas últimas semanas.
Indicado para ser o diretor-geral do Dnit, cargo mais importante do órgão, o general Jorge Ernesto Pinto Fraxe era diretor de Obras de Cooperação do Exército. O nome dele foi negociado por Dilma Rousseff com o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri. A presidente informou a Enzo que gostaria de nomear um general para botar ordem no Dnit. Optaram por Fraxe, que já conhece o setor por ter feito interlocução com o Dnit dentro do Exército.
Dilma quer, a curto prazo, que seja feita uma “radiografia” da autarquia dos Transportes. Fraxe tem fama de habilidoso e ter um estilo de “cobrança” de resultados semelhante ao da presidente. Segundo colegas, ele gosta de mostrar serviço e fazer propaganda disso.
Ao escolher um membro das Forças Armadas, Dilma repete atitude tomada pelo ex-presidente Itamar Franco. O general Bayma Denys foi ministro dos Transportes em 1994 e o general Romildo Caim assumiu a Secretaria da Administração Federal no ano anterior.
O diretor-executivo indicado, Tarcísio Gomes de Freitas, é funcionário da CGU. É lotado como Coordenador-Geral de Auditoria da Área de Transportes. A diretoria-executiva é o cargo que cuida, entre outras coisas, das licitações do Dnit. É o número 2. Até julho, o cargo era ocupado por José Henrique Sadok de Sá, demitido após o Estado revelar que a empresa da mulher dele faturou R$ 18 milhões em contratos vinculados ao Dnit. As sete indicações para o Dnit causaram mal-estar dentro do órgão.
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