Jornais do mundo inteiro noticiaram há alguns dias atrás a morte de uma insuflada cantora “pop” inglesa, Amy Winehouse. Sempre que morre subitamente algum desses artistas famosos, imediatamente o público começa a especular sobre o motivo: ou suicídio, ou overdose de drogas ou ainda alcoolismo. Quase sempre acertam…
Com essa cantora provavelmente não é diferente, embora ainda não conste uma versão oficial. Sua curta vida dão alguns indicativos. Diversos escândalos, depressão, bulimia, drogas e álcool eram lugares-comuns em sua vida.
Diz-se que inicialmente tinha o costume de ficar levemente embriagada para vencer sua timidez nos shows. Mais tarde, vários espetáculos tiveram de ser cancelados ou interrompidos pela incapacidade da cantora de manter-se de pé, por causa de drogas e álcool.
Brigava freqüente e animalescamente com um homem que convivia (aliás, encontra-se ele preso por falso porte de arma e roubo). Uma vez a polícia, alertada por denúncia, os separou ensanguentados.
Ora, essa vida conturbada e deprimente, é contudo defendida por certos intelectuais (ou intelectualóides) esquerdistas. É o caso do jornalista português João Pereira Coutinho que, em artigo para a Folha de 26 de julho, defende a “autodestruição consciente”.
Não era a cantora, diz ele, uma pobre alma que sofria enormemente com os problemas de drogas e álcool, mas sim alguém que fazia suas próprias leis, fazendo gestos obscenos para “as decadentes insituições burguesas que a tentavam ‘civilizar’”.
Alguém afundado nos piores vícios não deve ser auxiliado pela Igreja ou pela sociedade civil, pois não se deveria impor limites à autodestruição de um ser humano já que, segundo Stuart Mill, se não houver danos para terceiros, o indivíduo deve ser soberano nas suas ações.
Quer dizer, chega-se ao ponto de se justificar tudo, inclusive a liceidade do suicídio, desde que não haja danos para terceiros.
Ora, que néscio ousaria afirmar que uma cantora embombada pela mídia mundial não exerce influência sobre as pessoas por causa de seus atos? Um famoso cantor ou ator que apareça em rede mundial de televisão afirmando que fuma maconha ou aspira cocaína não causa efeito nenhum?
Segundo Pereira Coutinho (que – pobres crianças! – já escreveu livro infantil) a cantora em foco voluntariamente não quis uma reabilitação. E que já teria chegado a hora da sociedade “olhar para o consumidor de drogas como um agente autônomo, que optou autonomamente pelo seu vício particular –e, em muitos casos, pela sua destruição particular.”
O leitor perspicaz já percebeu toda a maldade escondida por trás disso. No fundo, quem é adepto dessa ridícula tese assim o faz para justificar seus próprios erros e tentar, destarte, tranquilizar suas tempestuosas consciências.
Essa justificação, para abafar as consciências e para fazer com que outros pensem da mesma forma, acabou gerando as grandes heresias ao longo da história da civilização. Sugiro aos leitores a leitura da obra Revolução e Contra-Revolução (RCR), especialmente a parte em que fala da Revolução nas tendências, nas idéias e nos fatos. É imensamente elucidativo para se compreender idéias como essa acima.
O jornalista inicia seu artigo dizendo: “Morreu Amy Winehouse e os moralistas de serviço já começaram a aparecer, como abutres que são.”
É… o homem é livre para tudo, exceto para criticar o mal… Isso me faz recordar as palavras do Prof. Plinio em outra parte da RCR:
“O direito de pensar, sentir e fazer tudo quanto as paixões desenfreadas exigem é a essência do liberalismo, isto bem se mostra nas formas mais exacerbadas da doutrina liberal. Analisando-as, percebe-se que o liberalismo pouco se importa com a liberdade para o bem. Só lhe interessa a liberdade para o mal. […] Protege, favorece, prestigia, de muitas maneiras, a liberdade para o mal. No que se mostra oposto à civilização católica, que dá ao bem todo o apoio e toda a liberdade, e cerceia quanto possível o mal.”
(Colaboração de José Wilson Malheiros a este blog)
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