A Secretaria de Saúde tinha conhecimento da dramática situação vivida pela unidade neonatal da Santa Casa, em Belém, e a ex-diretora, Maria do Carmo Lobato, divulgou, no final da manhã de ontem, uma nota em que confirma a informação publicada, com exclusividade, pelos jornais O LIBERAL e Amazônia sobre o conhecimento da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) em relação à situação alarmante da maternidade. De acordo com a reportagem, a direção da Santa Casa relatou o fato em um ofício enviado à Sespa no dia 6 de agosto. Maria do Carmo, que convocou a imprensa apenas para ler a nota de esclarecimento, deixou a sede do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) sem responder nenhuma pergunta dos jornalistas. "Não vou responder perguntas, o que tinha a dizer já foi lido aqui", limitou-se a comentar na saída. Maria do Carmo chegou ao Sindmepa por volta de meio-dia, acompanhada da ginecologista Cynthia Lins, também envolvida no episódio da morte dos bebês gêmeos na Santa Casa, que culminou com o afastamento da então diretora e também da médica Florentina Balbi. As duas se recusaram a responder perguntas e deixaram o Sindicato menos de 10 minutos após a entrada, logo após a leitura da nota.
No texto, além de confirmar que a direção da Sespa tinha conhecimento da crítica situação da Santa Casa, a ex-diretora pede à população que entenda a impossibilidade de atendimento por causa da superlotação (veja abaixo).
Em outro trecho Maria do Carmo afirma que a Santa Casa já havia tentado, sem sucesso, transferir os "bebês a mais". E admite que houve restrição de atendimento a gestantes no hospital. "Houve restrição ao atendimento de gestantes de partos prematuros cujos bebês tivessem possibilidade de necessitar de UTI ou UCI (Unidade de Cuidados Intermediários)". Caso da manicure Vanessa do Socorro Santos, mãe dos gêmeos nascidos mortos na porta da maternidade.
Reprodução do texto da nota da médica Maria do Carmo Lobato
"Estamos aqui para informar aos senhores e senhoras a veracidade da notícia veiculada nos jornais O Liberal e Amazônia quanto ao prévio conhecimento por parte da secretaria de saúde quanto a situação crítica que estava ocorrendo na Santa Casa em relação aos leitos de Neonatologia. Que não foram tomadas as medidas efetivas e soluções e emergências que a situação requeria.
No jornal Amazônia deste domingo:
Ressalto a importância de que seja entendido pela população que, ao haver 123 bebês internados em UTI e UCI neonatal que conta com 107 leitos haviam sido extrapolados em muito o nível de segurança dos bebes internados, e não conseguíamos transferir os 16 RNs a mais até aquela presente data.
Que na noite de 22 para23 de agosto foram atendidas pacientes na Santa Casa, o que pode ser comprovado nos registros de atendimento e filmagem da recepção do hospital, que podem ser solicitados à atual direção. Houve restrição ao atendimento de gestantes de partos prematuros cujos bebês tivessem possibilidade de necessitar de UTI e UCI.
Que os profissionais da direção e os colegas envolvidos foram expostos perante a opinião pública de forma inverídica.
Que pedimos respeito aos médicos que se dedicam a tratar e salvar vidas humanas.
Que nosso código de ética médica nos guia e temos nossas consciências tranqüilas".
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