Cinco grupos ingressaram ontem com um registro prévio no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para disputar a liderança das frentes que vão atuar no plebiscito sobre a divisão do Pará, que ocorrerá no dia 11 de dezembro. Faltando apenas 15 minutos para encerrar o prazo, o deputado estadual Eliel Faustino (PR) registrou a chapa que vai disputar com o colega de partido, o deputado Celso Sabino, o direito de levantar a bandeira contra a divisão do Estado do Tapajós. O racha nas Frentes do Não, que há muito vinha se desenhando nos bastidores da disputa plebiscitária, terá agora que ser dirimido pela Justiça Eleitoral.
A decisão de Eliel Faustino de encabeçar o grupo que até então vinha sendo conduzido pelo ex-secretário municipal de saúde, Sérgio Pimentel, caiu como uma bomba no comitê de Celso Sabino, que estava trabalhando em parceria com o grupo contra a criação de Carajás organizado pelo deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB). "Esta situação me pegou de surpresa. O Eliel assinou a adesão na nossa frente. Eu não acredito que ele possa ter mudado, vou esperar a publicação dos registros pelo Tribunal para confirmar. Fizemos uma convenção com a participação de várias lideranças e decidimos não apenas que eu seria o presidente, como também o estatuto da Frente", reclamou Sabino em entrevista por telefone, referindo-se à convenção realizada na noite de quinta-feira na sede da Associação Comercial de Belém (ACP), da qual Faustino não participou. "Ele disse que não poderia ir porque estava viajando", alegou. Sabino diz que a lista de adesão do grupo dele possui quase cinco mil assinaturas. Destas, 13 são de deputados estaduais. "Eu não acredito", repetia.
O deputado Eliel Faustino, por outro lado, contesta a informação e garante que não houve "rasteiras". "Eu assinei a Frente organizada pelo Zenaldo contra a criação de Carajás porque entendo que historicamente ele já vinha defendendo esta questão contra divisão do Pará, antes mesmo do plebiscito, mas a do Celso, não nos sentimos compromissados", afirmou.
Segundo Faustino, a decisão de abrir uma nova frente partiu do descontentamento com a forma com que vinham sendo conduzidas as discussões pelo grupo do Não. "Várias pessoas vinham se sentindo alijadas da Frente e tivemos uma conversa interna e optamos por formalizar o grupo", justificou Faustino, ressaltando que o requerimento do seu grupo reúne mais de mil assinaturas de adesão. "Mas vamos encampar várias outras lideranças", afirmou.
O impasse sobre assinaturas de adesões não se encerra em Eliel Faustino. Tanto ele quanto Celso Sabino dizem ter o apoio do também deputado Alessandro Novelino (PSC). Questionados, no entanto, se esta divisão poderia atrapalhar o andamento da campanha contrária à divisão, os dois preferem adotar um discurso mais político. "Para mim não importa ser general ou soldado, o mais importante é que o Estado não seja dividido", declarou Sabino. Faustino deu uma resposta parecida, afirmando que seu grupo sempre esteve disposto a receber novos aliados. "Eu vejo que podemos sair fortalecidos porque o importante é manter o Pará inteiro", afirmou. Eles negam que a proximidade com as eleições municipais de 2012 - e a possibilidade da consulta plebiscitária render bons dividendos eleitorais para quem quiser se projetar a prefeito - tenha sido o verdadeiro pano de fundo para o racha.
Deputados descartam abrir mão de comandar discussão
No entanto, nenhum dos dois deputados admitem- Eliel Faustino e Celso Sabino - a hipótese de abrir mão de liderar a discussão do plebiscito. "Vai ter que ser só uma frente, e esta agora vai ser uma questão para o TRE decidir", disse Sabino. De fato. De acordo com a resolução 23.347, do Tribunal Superior Eleitoral, pode ser formada até quatro Frentes, cada uma representando uma corrente de pensamento: a favor de Carajás, a favor de Tapajós, contra Carajás e outra contra Tapajós. Caso haja mais de um grupo interessado em defender uma mesma corrente de pensamento, a resolução determina que devam ser feitas convenções entre os interessados, prevalecendo como critério de desempate o maior número de votos de parlamentares no exercício de mandato estadual ou federal da representação do estado do Pará.
Além das duas Frentes contrárias à criação do Estado do Tapajós, foram formalizadas ontem no TRE a Frente contra a criação do Estado de Carajás, encabeçada pelo deputado Zenaldo Coutinho; e as frentes Pró-Carajás, do deputado federal Giovani Queiroz; e a Pró-Tapajós, do deputado federal Lira Maia.
"Esta etapa é para que os grupos manifestem o interesse de participar do plebiscito. Mas o registro definitivo mesmo só deve ocorrer no dia 12 de setembro", explicou o presidente do TRE, desembargador Ricardo Nunes. (No Amazônia)
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