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sábado, 10 de setembro de 2011
Nova York responde ao 11 de Setembro com outro arranha-céu
Nova York é uma cidade com o olhar sempre voltado para o alto e, depois de anos de trauma com os atentados que destruíram as Torres Gêmeas, prepara-se para responder ao desafio levantando mais um arranha-céu.
De qualquer forma, começar a curar a ferida levou uma década, milhares de milhões de dólares e disputas lamentáveis entre as autoridades nova-iorquinas.
Poucas pessoas ousavam considerar as Torres Gêmeas um primor de arquitetura, mas elas tinham algo épico e, junto com o Empire State Building, faziam parte da alma de Manhattan. Símbolo do poder financeiro americano, frequentado por pessoas de todo o mundo, o World Trade Center nunca foi apenas um espaço de escritórios.
Rick Bell, diretor da filial nova-iorquina do Instituto americano de Arquitetura, recorda a sensação de assombro que o envolveu quando visitou a primeira vez no bar Windows of the World, situado no ponto mais alto de uma das torres. - "Você tinha literalmente o mundo a seus pés, não apenas os edifícios e suas luzes, mas o porto e o oceano’, disse Bell à AFP. "Não era apenas ver, embaixo, as pessoas como insetos. A questão era olhar para o céu de um ponto panorâmico mais além’, descreveu.
Perder essas duas torres em questão de minutos, no dia 11 de setembro de 2001, com 2.750 pessoas, afetou a confiança de uma cidade que possui os arranha-ceús em seu DNA. E esse golpe, somado ao desafio arquitetônico e urbanístico, fez com que nunca fosse fácil a reconstrução do World Trade Center, ou a decisão de substituí-lo.
Durante anos houve inúmeras disputas entre arquitetos e investidores do mercado imobiliário. Os políticos se misturaram a essas disputas, enquanto o Ground Zero, como foi chamado o local depois dos atentados, continuava sendo um imenso buraco triste e desolador. - "As pessoas perderam muito tempo na tentativa de determinar como proceder’, admitiu Larry Silverstein, promotor imobiliário que adquirira o contrato de arrendamento das Torres Gêmeas semanas antes dos ataques e que lutou com tenacidade contra as companhias de seguros depois do episódio.
O que surgiu de todas essas discussões e debates foi um plano de construir um World Trade Center completamente novo. A torre principal, One World Trade Center, já com três quartas partes construída, alcançará 1.776 pés (541 metros), tornando-se o prédio mais alto dos Estados Unidos. Seu comprimento em pés (unidade de medida nos EUA) corresponde ao ano da independência americana. A segunda torre será um pouco menor e as de número três e quatro, ainda mais.
Entre as novas construções, haverá uma nova estação de trens, um espaço subterrâneo para o comércio varejista, um museu do 11 de setembro e o memorial propriamente dito, que consiste em duas imensas fontes quadradas situadas no lugar exato onde se erguiam as Torres Gêmeas. Mas nem todos estão contentes com o projeto final.
Apesar de o novo edifício principal ser mais alto que as Torres Gêmeas, há quem critique sua superfície angulosa e despojada como algo insípido, sem o impacto das pouco delicadas, mas imponentes, antecessoras. Para Paul Goldberger, que escreve sobre arquitetura na revista The New Yorker, a torre principal ‘será um prédio banal que parece projetado mais por consultores de segurança do que por seu arquiteto, David Childs.’ Outros criticam a demora da construção e os custos.
O fato é que, embora o memorial fique pronto para o décimo aniversário dos atentados no domingo próximo, o One World Trade Center só estará concluído no ano que vem e o restante do local, em 2016. O custo total estimado é de 11 bilhões de dólares, a maior parte subsidiada pelo governo.
Muitos americanos consideram o Ground Zero um terreno sagrado e essa sensibilidade, transformada às vezes em patriotismo cru, transformou cada questão de natureza política, maior ou menor, em discussão interminável. O memorial é, provavelmente, a única peça do quebra-cabeças a obter aprovação unânime. Simples e deslumbrantes, as duas grandes fontes e suas paredes, de onde flui água sem cessar, já se transformaram, com certeza, num dos monumentos mais queridos dos americanos.
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