O deputado João Salame (PPS), presidente da Frente Pró-Carajás, foi o entrevistado de ontem do quadro "Você já decidiu seu futuro?" do programa "Bom Dia Pará", exibido pela TV Liberal/ Rede Globo. Durante dez minutos, o parlamentar respondeu as perguntas do jornalista João Jadson e de telespectadores sobre o Plebiscito que vai ocorrer no dia 11 de dezembro. Para Salame, os números mostram que a emancipação de Carajás e Tapajós vai gerar mais emprego e qualidade de vida aos moradores dessas duas regiões.
"O Pará tem quatro problemas graves: grandeza, densidade demográfica crescente e pouco dinheiro para investimento", afirmou Salame, citando como exemplo a greve dos professores, na qual o próprio Governo do Pará reconhece que não tem como pagar uma diferença de R$ 64,00 para equiparar o piso nacional que é de R$ 1.187,00. "Imagina ano que vem, quando será reajustado o salário mínimo e o piso nacional vai aumentar para R$ 1.450,00. A situação ficará ainda mais dramática", prevê.
O parlamentar também fez um comparativo entre os investimentos realizados nas regiões Oeste e Sul do Pará. Segundo ele, as duas áreas hoje recebem juntas do Governo do Pará quase R$ 1,5 bilhão com custeio da máquina, salários e investimentos. Com a divisão, só o orçamento destinado aos dois novos Estados pularia para algo em torno de R$ 6 bilhões cada um. "Se hoje as duas regiões são sustentadas com R$ 1,5 bilhão como é que com R$ 12 bilhões os dois Estados não serão viáveis?", indagou.
João Salame informou que esta receita seria acrescida ainda com mais R$ 3,3 bilhões de Fundo de Participação dos Estados (FPE), tributos como ICMS, IPVA, SUS, Fundeb e a estruturação de uma nova máquina de arrecadação estadual. "Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal é clara: você não pode gastar mais que 60% com folha de pessoal. Não dá para fazer esta farra que acham que vai ser feita. E mesmo gastando 60 % de tudo que vai ser arrecadado, ainda sobra muito mais dinheiro do que o Governo do Pará investe hoje", afirmou.
Para ele a verticalização da economia e a criação de uma estrutura administrativa mais próxima da população também vão ajudar a dinamizar a economia e fazer com que os novos Estados não fiquem mais reféns dos repasses constitucionais.
Salame também respondeu a pergunta de uma estudante sobre como ficaria a situação dos alunos da Universidade Federal do Pará num cenário de divisão, alegando que tanto os estudantes, quanto os servidores, poderiam optar se querem permanecer nas regiões que estão.
Questionado sobre os gastos que a criação de mais cargos políticos vai trazer ao erário, o parlamentar foi enfático: "Não temos que ficar preocupados aqui na Amazônia com o dinheiro que a União gasta para que a gente resolva os nossos problemas. Eles gastam bilhões com o sul do Brasil e porque não podem gastar agora um pouquinho mais conosco?", respondeu Salame, ponderando ainda que a divisão vai implicar também na criação de mais cargos de médicos, professores, policiais, defensores públicos, delegados, juízes e enfermeiros.
O deputado defendeu também que mesmo perdendo cerca de R$ 300 milhões de FPE, o Pará remanescente ainda assim ficaria com uma situação confortável porque deixaria de gastar R$ 1,5 bilhão com as novas regiões.
Por sorteio, hoje será a vez do presidente da Frente Pró-Tapajós, deputado federal Lira Maia (DEM) ser entrevistado pelo Bom Dia Pará. E amanhã o quadro encerra com a entrevista do presidente da Frente Contra o Tapajós, deputado estadual Celso Sabino (PR).
Estudantes reunem especialista em hotel
Os estudantes do curso de Direito da Universidade da Amazônia (Unama) vão promover uma série de plaestras com especialista para esclarecer sobre o Plebiscito de 11 de dezembro. O evento será realizado no hotel Sagres, no período de 12 a 13 deste mês. A previsão é que 600 pessoas particpem dos debates.
A Unama e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subsecção de Ananindeua estão entre os apoiadores da iniciativa. Já estão confirmadas as palestras de Luiz Alberto Rocha, doutor em Direito Constitucional e professor da Unama; João Azulay, professor de Direito; e do economista goiano Célio Costa, que atuou no processo de criação do Tocantins. Outro palestrante é o juiz eleitoral Marco Antonio Castelo Branco, que vai falar sobre o papel da Justiça Eleitoral no contexto do Plebiscito. Os deputados federais Zenaldo Coutinho (PSDB) e Lira Maia (DEM), os estaduais Celso Sabino (PR) e João Salame (PPS) também participam do evento. Maiores informações estão no site www.debatesuniversitarios.com.br.
Frentes promovem encontro político
As Frentes contra a divisão do Estado planejam reunir todos os prefeitos, vices e vereadores dos 78 municípios que formam o Pará remanescente, em Belém, no dia 16 deste mês. O local ainda será confirmado. Segundo o presidente da Frente contra a criação do Estado do Tapajós, deputado Celso Sabino (PR), o objetivo do encontro é convencer os políticos a aderirem à campanha. "Vamos mostrar a eles a importância do Plebiscito e o que vão perder caso o Estado seja dividido. Queremos o apoio deles para que façam parte da campanha, que divulguem as informações", disse.
O deputado reforçou que a abstenção é uma preocupação das duas frentes. A avaliação é que os riscos são maiores por causa da diferença entre o plebiscito e as eleições para cargos políticos. "Numa eleição convencional a abstenção é de 20%. Por isso, temos que incentivar o eleitor", avaliou. A expectativa é que, além do apoio de prefeitos e vereadores, a propaganda preparada para a TV e rádio convençam o eleitor a comparecer aos locais de votação no dia 11 de dezembro. (Amazônia)
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