Os trabalhadores da educação pública do Pará decidiram ontem continuar em greve. A decisão foi tomada em assembleia de técnicos e professores, ontem de manhã, no Centro Social de Nazaré, já que grevistas e governo do Estado não chegaram a um acordo sobre o pagamento do piso nacional dos professores que poderia encerrar a greve iniciada há mais de 40 dias. Os professores programaram para a próxima quarta-feira mais um ato contra o governo do Estado.
Com as negociações emperradas, já que o governo só volta a dialogar com os trabalhadores se voltarem a trabalhar, a categoria decidiu intensificar a mobilização junto aos professores e alunos que retornaram às salas de aula. No domingo está prevista uma ação de esclarecimento sobre a greve à população. "A categoria deu uma resposta ao governo do Estado e nós não temos medo da ameaça de corte de ponto. Estamos na luta em defesa de um direito que é nosso e legítimo, portanto não vamos nos deixar intimidar", enfatizou o membro da coordenação da Secretaria Geral do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintepp), Mateus Ferreira.
Na sexta-feira, 4, a coordenação da entidade sindical havia contabilizado a adesão de 92 municípios ao movimento, mas ontem o número recuou para 88. O membro da coordenação de Comunicação do Sintepp, Sebastião Antonio dos Santos Netto, avaliou que a baixa tem como fatores principais a pressão do governo e "a aproximação à comunidade, que induzida pelo governo pressiona as escolas a voltarem às suas atividades".
A coordenadora-geral do sindicato dos professores, Conceição Holanda, garantiu que o governo pressiona os professores para voltar ao trabalho, com a proposição de medidas no Conselho de Educação. "Ontem eles tentaram propor a redução dos dias letivos, de 200 horas para 180, como forma de pressionar a categoria, mas a presidente do conselho não aceitou colocar a proposta em votação", declarou durante a assembleia.
Durante as discussões de ontem para o encaminhamento do movimento, inclusive com discussões feitas por regiões distritais, os professores sinalizaram inúmeras ações. Dentre elas, realização de carreata; caso haja corte no ponto, a proposta é responsabilizar a administração pública a refazer o calendário escolar; programar atos públicos nas regiões distritais; e até organizar uma caravana para que o MEC force o governo do Estado a respeitar a legislação.
Dentre os poucos que se posicionaram contra a continuidade da greve, destacou-se o professor Élson Alves, por entender que a categoria está "perdendo força". "A partir da semana que vem algumas escolas voltarão a ter aula e o governo não demonstra interesse em negociar", destacou.
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