Estação de Tratamento da Cosanpa (Foto: Ney Marcondes)
A cobertura de abastecimento de água na Região Metropolitana de Belém é insuficiente para atender a demanda. A própria Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) admite a deficiência e busca alternativas para minimizar o problema. “A gente reconhece que há necessidade de ampliar bastante a cobertura”, diz o diretor de Expansão e Planejamento da Cosanpa, Alfredo Barros.
Atualmente a Cosanpa utiliza dois tipos de captação de água. A superficial e a subterrânea. A primeira atende parte da Região Metropolitana de Belém: vem diretamente do rio Guamá e é tratada no Bolonha. É um sistema que, segundo previsões mais ou menos otimistas, pode dar conta de abastecer a RMB por entre 20 a 50 anos, no máximo. O outro sistema é o das águas subterrâneas. O perigo atual é a contaminação desses aqüíferos, caso não haja cuidados maiores na perfuração de poços.
Segundo Barros, há três eixos- ou demandas- urgentes para atendimento com a ‘máxima brevidade’. O entorno da rodovia Augusto Montenegro, a BR-316 e o que a Cosanpa chama de eixo-aeroporto. Em todos, há um aumento significativo de condomínios residenciais e de empreendimentos comerciais. A demanda tem crescido exponencialmente.
“No entorno da Augusto Montenegro, o sistema é isolado, não é integrado”, diz Barros. Isso significa que há poços cavados pelos próprios condomínios e os poços que foram construídos pela Cosanpa. Os primeiros costumam não obedecer à profundidade ideal, de pelo menos 250 metros. Já os da Cosanpa, seguem essa norma técnica e captam a água diretamente do aquífero Pirabas, onde a cidade de Belém está situada.
NÓS - Pelo menos 100 mil pessoas vivem hoje na área de influência da Augusto Montenegro. Suprir essa demanda tem se tornado um desafio crescente. Algo semelhante está prestes a ocorrer na rodovia BR-316, que rapidamente tem-se transformado em opção para as construtoras. Condomínios horizontais começam a surgir cada vez mais rapidamente. “Temos uma grande pressão por consumo de água nessa área da RMB”, avalia o diretor da Cosanpa.
No eixo-aeroporto, além de condomínios residenciais, há a construção de empreendimentos como um grande shopping center. “Ainda não fechamos o levantamento de pessoas que estarão nessas duas novas zonas de convergência, mas sabemos que a demanda irá aumentar”, diz Barros.
A solução mais imediata adotada pelo Governo do Estado para dar conta desses três eixos de atendimento tem sido elaborar projetos visando obter recursos tanto do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) como da sigla do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Sobram recursos, faltam decisões políticas - Uma das soluções pensadas para resolver os problemas de abastecimento de água na Grande Belém é estender o sistema de abastecimento do lago Bolonha. Há recursos previstos para isso, pelo menos no papel. Sob a rubrica do PAC I, o governo teria apossibilidade de utilizar R$ 558 milhões. O governo do Estado entra com R$ 67 milhões, os recursos do FGTS que poderiam ser utilizados no projeto são de pouco mais de R$ 430 milhões, tendo ainda, oriundos do Orçamento Geral daUnião, algo em torno de R$ 48 milhões.
O dinheiro deveria ser usado para ampliação da cobertura do sistema de saneamento e abastecimento de água.
CHOQUE DE PODERES? - “Só que é necessário lembrar que a obrigatoriedade de saneamento é do município”, adverte o diretor de Expansão e Planejamento da Cosanpa, Alfredo Barros.
Nesse caso, o município pode atuar de três maneiras. Fazendo licitação, atuando diretamente ou fazendo a concessão do serviço diretamente com uma empresa estatal. É o que ocorre entre município e Estado na RMB. “Estamos em processo de renovação dessa concessão”, diz o diretor.
Tubos velhos e desvios: perda de água é de 43% em Belém - Dois gargalos imediatos precisam ser sanados, na avaliação do técnico da companhia. O primeiro é o próprio furto de água. As intervenções clandestinas, ou gatos, aliadas à tubulações que precisam ser trocadas ou pelo menos reavaliadas, são responsáveis por uma perda oficial de 43% da água que sai dos reservatórios naturais. “Estamos com projetos de substituição das tubulações mais antigas”, garante Barros.
A Cosanpa aposta na captação de água bruta superficial para atender a região metropolitana da capital paraense. Essa modalidade de captação se tornou alvo de estudos acadêmicos que apontam possibilidades de comprometimento da qualidade da água.
A companhia defende o sistema com base em uma equação matemática simples. A demanda de abastecimento de água somente da RMB exige cerca de 23 milhões de litros por hora. Uma parcela significativa dessa vazão é atendida pela captação de água superficial – Rio Guamá, Lago Água Preta e Lago Bolonha.
De acordo com a área técnica da Cosanpa, a captação superficial de água concentra grandes vazões, o que facilita e reduz os custos de manutenção. No caso, os aquíferos subterrâneos podem servir mais como reserva estratégica e complemento da produção de água tratada do que propriamente a solução inicial e final.
“O abandono da captação superficial implicaria na construção de aproximadamente 100 poços artesianos, que seriam dispostos em toda a extensão da região metropolitana de Belém. O espaço geográfico seria impactado consideravelmente com mudanças que se assemelham a um paliteiro comum”, diz o técnico da Cosanpa. (Diário do Pará)
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