O senador Jader Barbalho (PMDB/PA) juntou sua voz ao coro de instituições e cidadãos que estão em alerta para defender a recuperação e preservação dos dois galpões localizados na área portuária de Belém, os chamados armazéns 11 e 12. Ele encaminhou ontem ofício ao ministro da Secretaria de Portos, José Leônidas Cristino, pedindo a suspensão de decisão tomada pela Companhia das Docas do Pará de desmontar e retirar da área as duas construções.
O senador destacou que os dois galpões que serão retirados são construções inglesas da época áurea da borracha e estão incorporados ao patrimônio público histórico e cultural do Pará, além de fazerem parte da arquitetura do centro de Belém. São estruturas de ferro tombadas pelo Departamento Histórico, Artístico e Cultural (Dphac), ligado à Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
O desmonte está em fase de licitação por pregão eletrônico, no valor de quase R$ 500 mil. O início da demolição está previsto para este mês. A Companhia das Docas do Pará, vinculada à Secretaria de Portos, alega que a retirada dos galpões vai proporcionar a expansão da área do terminal reservada ao desembarque de contêineres, uma vez que as edificações dificultam a manobra dos caminhões, o empilhamento e o transporte de cargas. Alegam ainda que os dois galpões estão em estado precário, com as coberturas danificadas. “Ou seja, o local vai virar um imenso estacionamento de contêineres, em área privilegiada da cidade para o turismo, com perda de fantástica visão da baía do Guajará”, ressalta Jader Barbalho em seu ofício.
“Com o presente expediente coloco-me ao lado das instituições e cidadãos que estão em alerta para defender a recuperação e preservação dos dois galpões, porque Belém é quase uma ilha, cercada de águas por quase todos os lados e ao longo dos anos, dos séculos pode se dizer, não houve preocupação do poder público em se abrir as janelas para os rios - a baía de Guajará e o rio Guamá. É uma paisagem fechada, um amontoado de favelas e de empresas, uma invasão que foi acontecendo de forma silenciosa e consentida e que acabou por prejudicar a capital paraense que ficou com pouca ventilação natural e impedida de visão belíssima de sua paisagem fluvial”, destaca o senador no documento.
Jader Barbalho lembrou que, na época em que foi governador do Estado, teve a preocupação de contratar a própria Companhia das Docas - dirigida na época por Carlos Acatauassú - para juntamente com técnicos do governo estadual, firmar convênio para utilização turística dos galpões. “Nossa ideia era realizar um concurso público e depois executar o projeto vencedor o que, lamentavelmente foi inviabilizado judicialmente”, destacou o parlamentar.
Jader lembrou que, posteriormente, o Governo do Pará implantou o projeto gestado em seu Governo, conhecido como “Estação das Docas”. “Ponto turístico dos mais importantes de Belém, com abertura para a baía do Guajará, com grande aproveitamento por nossa população e particularmente pelos turistas que nos visitam”, destacou.
“O que a CDP quer fazer é muito lamentável, porque não há preocupação em revitalização da área, não há estudos para que o espaço seja integrado à concepção das janelas fluviais para a cidade. O desmonte certamente vai acarretar mais trânsito, já que vai haver mais tráfego e o centro de Belém já está com sua capacidade de circulação de veículos esgotada”, protestou o senador.
Lembrou também que a Companhia das Docas não está tendo preocupação em oferecer à população “uma visão melhor, mais bonita da frente da cidade”. “Está preocupada em aumentar o volume de receita financeira e ampliar a operação de carga do porto. Ora, a CDP tem o Porto de Barcarena e pode também operar com o Porto de Outeiro, na área de Belém. É o caso de se pensar melhor, de não se destruir o que ainda resta; de não se destruir as estruturas e as marcas das passagens históricas do homem, ao contrário, devemos restaurar, preservar e integrar ao tempo em que vivemos”, enfatizou.
Jader Barbalho finaliza fazendo um apelo ao ministro para que seja determinada a suspensão das medidas tomadas pela CDP. “Na expectativa que o bom senso prevaleça, os armazéns sejam restaurados e que se encontre uma solução melhor para Belém e sua população, já que a CDP possui alternativa portuária e empresarial, sem prejuízo para a cidade em relação a sua história, suas tradições e beleza turística. Certo estou que V. Exa. haverá de determinar a suspensão imediata por parte da CDP de tais medidas e será sensível ao nosso apelo em favor do Pará, particularmente de Belém”, concluiu. (Diário do Pará)
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