Como muitos brasileiros, recebi com satisfação a recuperação do presidente Lula --ao contrário do batalhão dos linchadores digitais que o queria ver sendo tratado pelo SUS como uma forma de punição. Mas, lendo a primeira entrevista dele, digo: desisto. Desisto, entristecido.
Tive a ilusão --e escrevi aqui por várias vezes-- que ele teria a lucidez básica de usar sua doença para ajudar no combate ao câncer, disseminando a campanha contra o hábito de fumar. É algo tão simples. Seria um belo exemplo e faria muita gente pensar. Ele, enfim, seria nosso grande garoto-propaganda contra o cigarro.
Na entrevista ele fala sobre muita coisa. Sua preocupação, por exemplo, com a candidatura de Fernando Haddad. Mas sobretudo sobre o medo de perder a voz.
Gostaria de entender (e não consigo) como nem sequer ele compartilha uma palavra de arrependimento sobre seus hábitos com o cigarro. Nada. Sabemos hoje, por várias pesquisas, que o cigarro é ainda mais pernicioso quando associado à bebida.
Ele manteve a voz. Mas, na primeira entrevista, não a usou para ajudar que outras pessoas, que poderiam evitar o câncer por causa do cigarro, também não corressem o risco de perder a voz.
Por que será que lhe parece mais importante defender o voto em Haddad (o que ele tem todo o direito, claro) do que defender um princípio elementar de saúde pública?
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