Engarrafamentos colossais, buzinaços infernais,
colisões, brigas e discussões formam o caldeirão de cultura do caos
nosso de cada dia no trânsito de Belém. Caos que se agravou ainda mais
com as obras do BRT , reduzindo espaços de circulação de veículos nos
principais corredores de tráfego da cidade. Por falta de planejamento,
que reclama toda grande obra que interfere na vida da cidade, a Ctbel tateia
nas mudanças do trânsito pesado, com a adoção de medidas e ações
improvisadas na base da tentativa e erro, certamente o método menos
eficaz e mais oneroso de aprendizagem na gestão pública. O certo é que a
obra, sendo eleitoreira ou não, já começou e se parar agora o caos
será ainda maior. As ruas de uma cidade são com
o as veias do corpo humano: quando entopem provocam o colapso e a morte
do organismo. Belém já estava mesmo parando, confirmando histórica
previsão dos japoneses da JICA, ao projetarem na
década de 80 o primeiro Plano Diretor de Tráfego Urbano para a cidade,
com sugestões de medidas e obras viárias já então consideradas
"inadiáveis" para evitar que a cidade "parasse por volta de 2010" (sic).
Os
noticiários de jornais , rádios e Tvs dão conta do sufoco diário
enfrentado pelas pessoas que precisam se deslocar para trabalhar ou
estudar e estão chegando com atraso no trabalho e nas escolas, sem
falar nos prejuízos das empresas e custos adicionais para os motoristas,
com reflexos na saúde e equilíbrio emocional devido a situações de
elevado grau de estresse. As mudanças cosméticas adotadas pela Ctbel tem
revelado pouco efeito prático. Anunciar novas "araras" para monitorar o
trânsito de Belém na situação
em que se encontra soa até como sandice. O momento reclama medidas
sensatas e soluções criativas. De nada adiantam agora críticas e murmurações.
A situação é de exceção e requer também a quebra de paradigmas. Alguém
sugeriu a mudança do horário do comércio para coincidir com o dos bancos
e dos shopings, abrindo a partir das 10 horas. Essa medida teria mais
efeito prático do que o rodízio de veículos ou o apelo patético para motoristas particulares deixar seus automóveis em casa para andar em ônibus quase sempre lotados, sujos e sucateados.
O rodízio de veículos só vai prejudicar quem tem apenas um carro. Os mais abastados, como sempre, vão levar vantagem. Outra medida que se faz urgente é criar um novo corredor de tráfego a partir da Passagem Mariana, interligando-a com outras vias alternativas para permitir aos veí culos que trafegam pela João Paulo II alcançar a BR-316 após o Lider BR, desafogando consideravelmente o fluxo da Rotatória do Complexo do Caos. Outra ação necessária seria permitir a conversão á esquerda nas vias de mão única que atravessam a Marquês e a Duque, medida simples que evitaria mais congestionamentos. É também necessário que os trabalhos da BRT sejam desenvolvidos em turnos contínuos (manhã, tarde e noite) como se faz no Japão, na China e em Dubai para reduzir o tempo da obra e seus efeitos predadores sobre a vida da cidade e de seus moradores.
Seria
de todo conveniente também que os técnicos do Projeto Ação Metrópole,
do governo do Estado, acompanhassem o andamento das obras do BRT, até
pela interação que se faz necessária entre os dois projetos, que se
completam.
Por
outro lado, o cidadão-eleitor-contribuinte também merece ser informado
quanto a origem dos recursos e valor total da obra em placas bem
visíveis, como recomendam as boas práticas de transparência na gestão da
"coisa" pública, objeto agora de mais uma Lei do Acesso à Informação,
que obriga os agentes públicos a prestar contas ao contribuinte e não
mais apenas aos Tribunais Camaradas. As placas dos "obaminhas" são até
legais, mas não mostram o essencial. Logo, se o BRT é inevitável, que
sejam pelo menos adotadas medidas eficientes de gestão profissional no
trânsito e no tráfego para evitar que a cidade possa entrar em colapso
total e em estado de calamidade pública. É a nossa opinião, smj.
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