O Ministério Público Federal (MPF) deu entrada em ação
civil pública para anular parte da resolução do Conselho Federal de
Psicologia que proíbe que profissionais prometam a cura da
homossexualidade.
A ação, proposta por três procuradores do Rio, argumenta que a norma
“impede que psicólogos atendam clinicamente homossexuais que desejam
mudar a orientação sexual”. O pedido do MPF deixou ativistas de direitos
humanos indignados.
“Retomar a discussão sobre a homossexualidade ser ou não uma doença é
um absurdo do mesmo tipo que seria retomar a discussão sobre se o sol
gira em torno da terra. Um dos procuradores, o Fábio Aragão é evangélico
e está colocando o cargo dele a serviço
da crença pessoal dele. Isso é um erro grave porque a Justiça deve ser
laica”, afirmou o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).
A resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia, de março de 1999,
se baseia na classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a OMS, a homossexualidade não é doença, distúrbio nem perversão.
Portanto, não é passível de cura.
Revolta
“Onde o Brasil está querendo chegar? Quer ir na contramão da política
de Direitos Humanos? A OMS já deu parecer que a homossexualidade não é
doença. Não cabe ao Ministério Público Federal questionar isso, mas,
sim, defender as minorias. Na minha opinião, essa ação é um desserviço
que desqualifica o Judiciário”, afirma o estilista e ativista pelos
direitos dos homossexuais Carlos Tufvesson.
A ação, que teve o pedido de liminar rejeitado em 1ª e 2ª instância,
afirma que o conselho permite que o psicólogo trate o “cidadão que
deseja sair da heterossexualidade para tornar-se homossexual”.
O pedido do MPF argumenta que a resolução “viola tanto os direitos dos
psicólogos quanto o direito daqueles que optarem pelo auxílio
psicológico para resolver a angústia que traz a opção sexual que está
seguindo em dado momento da vida”.
Bancada evangélica luta em Brasília
Semana passada, discussão do projeto legislativo do deputado João Campos (PSDB-GO) — que tenta derrubar a resolução do Conselho de Psicologia e liberar atendimento para quem queira mudar a orientação sexual — gerou tumulto no Congresso.
O tema mistura política e religião: Campos é da bancada evangélica. O pastor Joide Miranda, 47, defende o ponto de vista polêmico. Ex-travesti, hoje casado e pai de um menino, ele fundou em Cuiabá a Associação Brasileira de Ex-LGBTTs, que ajuda pessoas que “desejam deixar voluntariamente o estado da homossexualidade”. “Deus restaurou minha identidade”, diz.
Semana passada, discussão do projeto legislativo do deputado João Campos (PSDB-GO) — que tenta derrubar a resolução do Conselho de Psicologia e liberar atendimento para quem queira mudar a orientação sexual — gerou tumulto no Congresso.
O tema mistura política e religião: Campos é da bancada evangélica. O pastor Joide Miranda, 47, defende o ponto de vista polêmico. Ex-travesti, hoje casado e pai de um menino, ele fundou em Cuiabá a Associação Brasileira de Ex-LGBTTs, que ajuda pessoas que “desejam deixar voluntariamente o estado da homossexualidade”. “Deus restaurou minha identidade”, diz.
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