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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Vale a pena ler: As médicas que têm cara de brasileiras

Por Fernando Molica, jornal O Dia:
Ao cometer a estupidez de dizer que médicas cubanas têm “cara de empregada doméstica”, a jornalista potiguar Micheline Borges fez, sem querer, um grande favor. Escancarou o preconceito de tantos e ressaltou o processo de exclusão de negros do sistema de ensino. Aqui, nos acostumamos com médicos brancos e operários pretos; qualquer perspectiva de mudança — cotas em universidades, por exemplo — assusta muita gente. Também nos acostumamos com filas nos hospitais, com falta de médicos e com médicos que fraudam plantões.

Nos últimos dias, entidades médicas se envolveram como nunca na discussão relacionada à falta de médicos em áreas mais pobres. Estão indignadas não com o problema, mas com a solução encontrada pelo governo federal, que, depois de não conseguir médicos brasileiros em número suficiente, tratou de importar profissionais. Os conselhos de medicina rodaram o jaleco diante da concorrência, parecem os caras que largam a mulher mas não admitem vê-la com outro homem.

No Ceará, médicos cometeram o acinte e a descortesia de vaiar colegas cubanos; quero ver se profissionais aqui do Rio de Janeiro vão fazer o mesmo com plantonistas do hospital estadual de Araruama, aqueles que, em reportagem do SBT, batiam ponto e iam embora.

As entidades alegam que o programa Mais Médicos dribla a lei ao não submeter os estrangeiros à prova que verifica a capacitação de quem se forma no exterior. O argumento é razoável, mas, como eventual paciente, reivindico que exame parecido seja aplicado aos que se diplomam no Brasil. Em 2012, o Conselho de Medicina de São Paulo reprovou 60% dos médicos — brasileiros — que queriam exercer a profissão no estado.

Nessa briga, falta ouvir os maiores interessados, os milhões de cidadãos que vivem sem qualquer tipo de assistência médica. Vale perguntar se eles querem um médico cubano — ou argentino, ou espanhol — ou preferem ficar sem assistência. Eles, os sem-médicos, são contribuintes que, com seus impostos, ajudam a manter as faculdades públicas de Medicina. São os patrões, têm que ser ouvidos e respeitados.

Por último: Micheline, cubanos não têm cara de empregados domésticos, se parecem com a maioria dos brasileiros, daí a sua comparação e o seu susto. Você, ao menosprezá-los, acabou, veja só, elogiando o sistema educacional do país deles.

Um comentário:

  1. Jornalista? Deve ser assistente daquele "comentarista" do SBT que já escreveu livro O Que Eu Sei Sobre o Lula, ou algo assim. O título do livro esclarece imediatamente o que ele é. E isso logo do Rio Grande do Norte, que a gente já viu na TV, é um dos piores do País, desse que não tem nem postos de saúde funcionando. É sempre assim: o pior aluno é o primeiro a culpar o professor !!! Essa mulher deveria ter sido presa, mas tem gente que adora esses contrastes entre educação e jornalismo.

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