Após um dia inteiro de suspense, a presidente Dilma Rousseff e o
americano Barack Obama finalmente conversaram, ontem, cara a cara, durante cerca
de 30 minutos, para tratar das denúncias de espionagem sobre as
ligações, mensagens de telefone e emails da mandatária brasileira pelo
serviço secreto dos Estados Unidos. O encontro, que não chegou a entrar
nas agendas oficiais dos presidentes, foi confirmado pouco depois pela
própria Casa Branca, sem maiores detalhes. A assessoria do Palácio do
Planalto não se pronunciou.
Mais
cedo, o vice-assessor de Segurança para Comunicações Estratégicas da
Presidência dos Estados Unidos, Ben Rhodes, já havia sinalizado que
Obama pretendia dar ele próprio as explicações sobre a "natureza dos
esforços da inteligência", mecanismo de espionagem que tanto irritou a
presidente brasileira.
Dilma e Obama se
reuniram a portas fechadas na saída da reunião do grupo das 20 maiores
economias do mundo, em São Petersburgo, por volta das 21h (horário
local). Por esta razão, acabaram se atrasando para o jantar oferecido
pelo presidente da Rússia, Vladmir Putin, aos líderes da cúpula no
Peterhof, o palácio imperial russo por excelência. Participou da reunião
bilateral ainda pelo lado brasileiro o ministro das Relações
Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.Segundo o assessor da Casa Branca, são coletados dados de inteligência sobre praticamente todos os países. "Entendemos
a força do sentimento deles (brasileiros) sobre o assunto - afirmou,
lembrando a importância do Brasil para os Estados Unidos".
Horas
antes, durante a 8a. cúpula do G20, Dilma e Obama acabaram sentados
lado a lado. Embora próximos, os dois não chegaram a conversar. Já
sentada à mesa de reuniões, antes do vizinho, a presidente brasileira
chegou a se levantar por duas vezes, enquanto o americano cumprimentava
colegas ao lado, fazendo parecer que não queria dar a oportunidade para
que ele se aproximasse.
Mesmo assim, foi vista
trocando algumas palavras com ele pouco antes do discurso de
apresentação da cúpula feito por Putin. O clima era frio, deixando claro
o constrangimento.
Ainda não está claro se o
governo brasileiro ficou satisfeito com a informações, nem se o gesto de
Obama foi interpretado como um pedido de desculpas. De todo, Hodes já
havia se adiantado em garantir que a Casa Branca pretende trabalhar com o
governo brasileiro para entender melhor as suas "inquietações".
Irritada,
Dilma não havia considerado suficientes as explicações fornecidas pelos
Estados Unidos desde as denúncias de espionagem dos seus dados. O
governo brasileiro cobrou satisfações e chegou a chamar o embaixador
americano Thomas Shanon duas vezes para que se explicasse.
Dilma
volta nesta sexta-feira para o Brasil, antes do almoço de encerramento
do G20, para garantir que estará presente nas comemorações de 7 de
setembro em Brasília. A expectativa é que faça um balanço da viagem aos
jornalistas já no aeroporto caminho de casa. Pela manhã, depois de
encontro com o presidente da China, Xi Jinping, não quis comentar o
assunto. (O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário