Emir Bemerguy, o autor |
Papai Noel, sou muito pobrezinho.
Não possuo, sequer, um sapatinho
Onde tu possas colocar brinquedos.
Mas não perdi ainda a esperança
De que, sabendo que sou tão criança,
Algo me tragas para os meus folguedos.
A tristeza que tive ano passado
Doeu demais – não sei se estás lembrado –
Porque na noite de Natal rezei,
Pedi um presente de mãozinhas postas,
Mas desconfio que de mim não gostas,
Pois nada havia quando despertei!
Mamãe me disse que és bem mais amigo
De infantes ricos, mas eu não consigo
Acreditar que sejas mesmo assim.
Lê nos meus olhos esta ânsia enorme
De quem sonhando com brinquedos dorme,
E não te esqueças, Pai Noel, de mim!
PAPAI NOEL DOS POBRES (depois do Natal)
Papai Noel, de novo me esqueceste.
Quando ontem à noite lá do céu desceste
Para brinquedos vires repartir.
No entanto, eu sei que ao lindo garotinho
Do suntuoso bangalô vizinho
Trouxeste tudo o que ele quis pedir!
Mamãe, de fato, estava com razão
Quando falou na tal predileção
Que manifestas por mansões grã-finas...
O resultado, Pai Noel, agora,
É que comigo a mamãezinha chora
Porque presente algum tu me destinas.
Talvez não venhas mesmo nunca mais!...
Eu passarei, tristonho, outros Natais,
Fazendo planos que tu não descobres...
Mas novas e muitas preces vou rezar, contrito,
Pois, apesar de tudo, ainda acredito
Que possa existir um bom PAPAI NOEL DOS POBRES!...
(Emir Bemerguy - novembro/1967
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