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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Coronel Nunes fala sobre novos rumos da carreira (Foto: Bruno Carachesti/Diário do Pará)
Com 77 anos, sendo 40 deles militando no esporte, o presidente Antônio Carlos Nunes de Lima, da Federação Paraense de Futebol (FPF), pode assumir a qualquer momento o posto mais alto do comando do futebol nacional: a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Eleito vice-presidente da entidade recentemente, sucedendo José Maria Marin, preso nos Estados Unidos, Nunes, por ser o mais velho entre os vices da entidade, seria o sucessor do presidente Marco Polo Del Nero, caso este venha a renunciar ao cargo para se defender no processo por corrupção a que responde na justiça. Neste bate-papo com o Bola, Nunes fala de vários assuntos, do posto de vice da CBF a sucessão na FPF. Ele comenta a atitude de Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), que contestou sua eleição chamando-a de golpe, fala de Dunga e outros temas, evitando se aprofundar no caso de Del Nero, segundo ele, “por desconhecer o processo” no qual está envolvido o mandachuva da CBF. Acompanhe os tópicos mais importantes da conversa.

VICE-PRESIDÊNCIA
“Foi uma reviravolta na minha vida. Dentro de um mês aconteceu tudo isso, todas essas surpresas. Não esperava por nada disso. De repente dois presidentes de grandes federações, sem demérito às demais, a do Rio e a de São Paulo, por intermédio do Rubens Lopes e Reinaldo Bastos, respectivamente, entenderam que eu seria a pessoa mais adequada para ocupar a vaga do (José Maria) Marin (preso nos Estados Unidos). São 27 federações e apenas três acharam por bem não votar em mim pelas razões deles, mas nada disso me melindrou. Tive o apoio de grandes clubes de São Paulo e do Rio, de onde apenas o Flamengo não compareceu para votar. Mas é o exercício pleno da democracia. Dos 55 votos tive 44, o que é um número bem expressivo”.

DELFIM PEIXOTO
“Sempre tive um bom relacionamento com o Delfim, que defende o ideal dele. Só que ele viu que com a minha entrada no páreo, as chances dele iriam diminuir. Com a minha eleição, passei a ser o primeiro na linha sucessória a hora que o Marco Polo Del Nero (presidente licenciado da CBF) tiver de sair. Isso é estatutário. O Delfim é um grande amigo. Este ano mesmo ele esteve aqui para participar de uma palestra e chegamos a sair para almoçarmos e até fomos ao Mosqueiro. Mas ali na eleição cada um defendia o seu ideal”.

MARCO POLO DEL NERO
“Por ser amante do Direito aprendi que só posso me manifestar tendo conhecimento dos autos do processo que envolve o Del Nero. Como não tenho esse conhecimento não posso me manifestar. É aquele negócio do conhecimento de causa. Estava ausente da CBF e, portanto, não sei de nada dessa situação. Agora não, estando mais ligado à entidade pode ser que eu possa saber alguma coisa. O caso do Del Nero sequer está sendo tratado pelo jurídico da CBF. Por isso é um pouco difícil saber detalhes do processo, que está nas mãos dos advogados do Del Nero”.

CRÍTICAS DA IMPRENSA
“Foi bastante dolorido ouvir tanta crítica preconceituosa da imprensa do Rio e de São Paulo, principalmente. Eles só aceitam elogiar o presidente da CBF se ele for de um desses estados. Se foi de outra região, como o Norte, por exemplo, eles não aceitam. Não é assim que a coisa funciona. Depois de ter sido eleito olhei na cara de cada um desses repórteres. Acho que a nossa imprensa tem de aprender a defender mais o seu torrão. Nós, nortistas, somos muito discriminados lá fora”.

BENEFÍCIOS PARA O NORTE
“Antes eu era um dos reclamantes, agora estou no lugar daquele que ouve as reclamações. Essa questão de trazer benefícios para a nossa região será bem estudado por mim. Já recebo cobranças de federações da região, com alguns presidentes lembrando o que nós aqui do Pará, por sermos dessa região, sofremos na pele, que é certo desprezo. Na função de vice ainda não posso tomar decisões, mas assumindo vou procurar tratar todos os filiados com justiça. Vou chamar os dirigentes do Norte e de outras regiões e pedir que eles apresentem propostas. Isso vai nos permitir olhar para o Norte sem que as demais regiões sejam feridas em seus interesses também. Nós não queremos vantagens, mas queremos tratamento igualitário”.

JOSÉ MARIA MARIN
“Lamento pelo fato de conhecer o Marin e ser um senhor de mais de 80 anos (tem 83 anos) e hoje estar recolhido à prisão domiciliar nos Estados Unidos. O Marin esteve aqui em Belém por causa do legado da Fifa. É triste ver a situação dele. Espero que o Marin consiga resolver essa questão que envolve questão financeira, que nos Estados Unidos, como a gente sabe, é muito difícil. Lá é tudo baseado no dinheiro, como comprova a multa que o Marin teve de pagar”.

DUNGA
“Conheço o Dunga há bastante tempo. Ele esteve comigo na Copa das Confederações, na África do Sul. É um técnico sério e muito trabalhador. É um treinador que não gosta de corpo mole. Nos treinos ele cobra mesmo. Sempre gostei dele, que é um grande líder. Um profissional certo para a seleção brasileira. Fui muito questionado sobre a presença do Dunga na seleção, mas sou apenas um vice-presidente e não decido nada neste momento. Por isso, quando me perguntaram lá no Rio qual o melhor treinador do futebol brasileiro eu disse que era o Dado Cavalcanti (do Paysandu). Se eles me pedissem a revelação, estava pronto para responder: Cacaio (risos). O que eles queriam era me obrigar a falar em outro treinador para a seleção”.

SUCESSÃO NA FPF
“O nosso estatuto (da Federação Paraense de Futebol) é omisso nessa questão. Mas, por analogia, nós acompanhamos a CBF, com o mais velho dos nossos dois vices, que são o Maurício Bororó e o Adelson Torres, assumindo. Neste caso, assume o Adelson. Mas não pretendo me afastar totalmente da federação, caso eu venha a assumir a CBF. Digo isso pelo fato de que muitos dos contratos da entidade levam a minha assinatura e, portanto, as prestações de contas estão sob a minha responsabilidade e isso não se transfere”.  (Dol)

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