“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” - Lc 16, 13
“Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” - I Tom 6,10
“Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” - I Tom 6,10
A
relação das religiões cristãs com o dinheiro, ao menos abertamente,
nunca se deu de maneira confortável. Antes de a chamada teologia da
prosperidade apresentar aos fiéis a ideia de que graça divina e riqueza
são diretamente proporcionais, o tema só aparecia nos sermões se fosse
para ser abominado. Os primeiros padres definiam o dinheiro, ainda nos
idos dos anos 200, como “excremento do diabo”, sempre associado à
vaidade e ao orgulho, pecados mortais capitais.
O fato de os
assuntos financeiros figurarem na lista dos mais sensíveis para os
líderes de igrejas, porém, não impediu que, ao longo da história, as
religiões cristãs acumulassem um patrimônio bilionário. Mesmo com tanto
tabu em torno das sagradas finanças, padres, bispos e pastores
precisaram aprender a contar dinheiro e a se convencer de que, sem ele, a
manutenção dos templos, a caridade e a própria missão de evangelizar
ficariam impossibilitadas.
Instituições
religiosas, favorecidas pela imunidade tributária, administram o
constante volume de ofertas, dízimos e recursos de outras naturezas. Por
dia, as igrejas do país — a maioria católicas e evangélicas —
arrecadam, em média, quase R$ 60 milhões. Somente em 2012, segundo dados
exclusivos levantados pela Receita Federal, R$ 21,5 bilhões entraram
nos cofres divinos. Em relação ao ano anterior, o recolhimento cresceu
4,3%, salto considerável diante do tamanho do montante.
Quadros
desfavoráveis ou mesmo crises econômicas não costumam atingir a receita
das igrejas. As doações respondem por 72% do dinheiro em caixa. O
restante equivale a rendimentos gerados com aluguel ou vendas de bens,
aplicações em renda fixa ou, em casos mais raros, operações na Bolsa de
Valores.
Em geral, as igrejas têm aversão ao risco e, por isso,
optam por políticas de investimento bastante conservadoras, não
priorizando a rentabilidade. A sobra dos recursos doados às
instituições, na maioria das vezes, cai na poupança ou é aplicada em
Certificado de Depósito Bancário (CDB), os dois modelos mais simples de
fazer o dinheiro render. Estratégias ousadas, como a compra e a venda de
ações, normalmente são feitas em nome dos próprios líderes. (Correio Braziliense)
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