Com a inflação em disparada, a ponto de estourar o teto da meta, de 6,5%, às vésperas da eleição presidencial, o governo praticamente bateu o martelo: não autorizará nenhum reajuste da gasolina até que sejam proclamados os resultados das urnas, em outubro próximo. Mesmo que isso signifique sacrificar ainda mais o caixa da Petrobras, que está no centro de uma das mais graves crises políticas da administração Dilma Rousseff. “Se a gente não quer inflação e o preço do combustível impacta o custo de vida, (a Petrobras ) segura mais um pouco”, afirmou ontem ao Correio o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
A ordem é não dificultar ainda mais o trabalho do Banco Central, que hoje elevará a taxa básica de juros (Selic) de 10,75% para 11% ao ano, na tentativa de conter a disseminação de reajustes. O governo sabe que, na avaliação dos consumidores-eleitores, inflação pesa muito mais que juros na hora de eles votarem. “Por enquanto, não há aumento de combustíveis à vista. Antes que isso aconteça, teremos de ver um quadro mais tranquilo para a inflação, o que não é possível agora”, disse um técnico da equipe econômica, com trânsito no Palácio do Planalto. “Inflação alta não combina com candidatura à reeleição”, acrescentou.
Os consumidores sabem que, apesar da decisão do governo de manter os preços dos combustíveis congelados na Petrobras, na bomba, a situação é bem diferente. Por exemplo, desde a metade do mês passado, a gasolina já ficou 2,26% mais cara no Distrito Federal. O derivado do petróleo está sendo vendido a R$ 3,16 o litro ante os R$ 3,09 observados há duas semanas. (CB)
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