Por Palmério Doria, especial para o Brasil 247
Diante da polêmica desatada quanto aos direitos da Legião Urbana sobre a obra de Renato Russo, além do uso criminoso de sua música “Que País é Esse?” nas manifestações de extrema-direita, resolvi investigar e entrar no assunto.
Alguns pecados foram cometidos contra a memória de um dos nomes mais talentosos da cultura nacional. Ainda não deixaram em paz o compositor, músico, poeta e artista multimídia Renato Manfredini Júnior.
São muitas as mortes do genial Renato Russo.
A primeira foi sua morte física, vitimado pela AIDS aos 36 anos de idade, em 1996. Ele se foi no auge de sua capacidade criativa, no ápice de uma produção brilhante, quando compunha verdadeiros poemas e depois, com o esmero de um ourives, lhes adaptava a melodia.
Agonizou a seu modo, discreto e altivo, enfrentando com evidente tranquilidade o seu determinismo biológico. Assistido pelo velho pai, um advogado de renome e alto funcionário do Banco do Brasil, preparou a cerimônia do adeus, que ia da destinação de toda herança a Giuliano, seu filho único, até mesmo ao local onde deveriam ser jogadas ao vento suas cinzas, nos jardins do sítio de Burle Marx. Clarividente, Renato conservou o bom humor nos dias tristes do fim. Morreu entre livros, desenhos, letras inéditas e seus discos, num dia ensolarado da primavera carioca. Já era um mito.
Outra morte, a segunda, ocorreu longe da atenção do distinto público, do sofrimento da legião de fãs da Legião Urbana e do conhecimento da imprensa. Foi a maneira como seus parceiros na célebre banda lidaram com o fim do grupo e a partida do seu líder. Um deles, Dado Villa-Lobos, chegou a agredir fisicamente o pai de Renato, um homem cuja honestidade era patente e inatacável, por motivos fúteis. Filho de um diplomata que serviu a ditadura militar com fidelidade canina, a agressividade do explosivo Dado era algo como um resquício do ambiente pesado da Brasília recém liberta dos milicos e suas práticas. Por essa época Dado alardeava,inclusive na imprensa, que se recusava a participar de “um velório sem fim”.
Alguns pecados foram cometidos contra a memória de um dos nomes mais talentosos da cultura nacional. Ainda não deixaram em paz o compositor, músico, poeta e artista multimídia Renato Manfredini Júnior.
São muitas as mortes do genial Renato Russo.
A primeira foi sua morte física, vitimado pela AIDS aos 36 anos de idade, em 1996. Ele se foi no auge de sua capacidade criativa, no ápice de uma produção brilhante, quando compunha verdadeiros poemas e depois, com o esmero de um ourives, lhes adaptava a melodia.
Agonizou a seu modo, discreto e altivo, enfrentando com evidente tranquilidade o seu determinismo biológico. Assistido pelo velho pai, um advogado de renome e alto funcionário do Banco do Brasil, preparou a cerimônia do adeus, que ia da destinação de toda herança a Giuliano, seu filho único, até mesmo ao local onde deveriam ser jogadas ao vento suas cinzas, nos jardins do sítio de Burle Marx. Clarividente, Renato conservou o bom humor nos dias tristes do fim. Morreu entre livros, desenhos, letras inéditas e seus discos, num dia ensolarado da primavera carioca. Já era um mito.
Outra morte, a segunda, ocorreu longe da atenção do distinto público, do sofrimento da legião de fãs da Legião Urbana e do conhecimento da imprensa. Foi a maneira como seus parceiros na célebre banda lidaram com o fim do grupo e a partida do seu líder. Um deles, Dado Villa-Lobos, chegou a agredir fisicamente o pai de Renato, um homem cuja honestidade era patente e inatacável, por motivos fúteis. Filho de um diplomata que serviu a ditadura militar com fidelidade canina, a agressividade do explosivo Dado era algo como um resquício do ambiente pesado da Brasília recém liberta dos milicos e suas práticas. Por essa época Dado alardeava,inclusive na imprensa, que se recusava a participar de “um velório sem fim”.
Mais aqui >A morte e as mortes de Renato Russo
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