O exemplo mais concreto desta expectativa – frustrada – foi a capa de Veja desta semana, que aponta uma suposta dicotomia entre o "poder" (Dilma) e o "saber" (Levy). Segundo a revista, "com eles juntos, temos uma chance de atravessar o tempestuoso 2015".
Juntos, evidentemente, eles já estão, uma vez que foi Dilma quem o convidou para o cargo e o empossou na semana passada. Mas o que Veja explicita, com sua capa, é o desejo de submissão e rendição completa de Dilma a seus economistas – que têm grandes méritos, diga-se de passagem.
Ontem (3), ao determinar que o novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, divulgasse uma nota explicitando a manutenção da regra de aumentos do salário mínimo – que tem permitido ganhos reais e a redução da desigualdade – a presidente Dilma enviou um sinal claro à sociedade. Demonstrou que, apesar de todas as pressões, ela ainda está no comando e não renunciou à presidência da República.
"É esse tipo de decisão de Dilma que mostra que o ajuste aplicado por ela deverá mesmo ser diferente da correção econômica que aconteceria em caso de vitória da oposição", disse o jornalista Kennedy Alencar (leia mais aqui).
No entanto, podem anotar aí, o episódio servirá para a primeira bateria de críticas contra o segundo governo Dilma. Colunistas conservadores dirão que ela começou a atropelar seus ministros e a podar sua autonomia. O primeiro a adotar esse discurso foi Merval Pereira, no Globo deste domingo. "O recuo do Ministério do Planejamento com relação à mudança da fórmula para definir o aumento do salário mínimo é um mau sinal", disse ele. Goste-se ou não, Dilma mostrou, ontem, que ainda está no comando. (Brasil 247)
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