Em 15 de março, quando mais de 500 mil pessoas foram às ruas de todo o país para protestar contra o governo e pedir o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, Rosane Malta –a ex-primeira-dama Rosane Collor– colocou seus óculos escuros, vestiu uma calça verde e uma camiseta amarela estampada com a frase "Fora, Dilma: impeachment já!" e saiu às ruas de Maceió, capital de Alagoas.
"Por muito menos o meu ex-marido saiu da Presidência", disse ela à Folha, em entrevista por telefone.
Há exatos 23 anos, no dia 29 de dezembro de 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello renunciava ao cargo.
"Não estou tirando a culpa de ninguém, nem dizendo que ele era inocente ou culpado. Mas as leis têm que funcionar para qualquer pessoa, independentemente de quem seja. Da mesma forma que o ex-presidente Fernando Collor foi julgado, sofreu o processo de impeachment e acabou renunciando, acredito que a Dilma tem que passar por todo esse processo", disse Rosane.
Ela acusa Dilma de prometer "diversas coisas para ser reeleita" e diz que o "o brasileiro cometeu um erro ao acreditar neste partido [o PT], dando oito anos de mandato ao Lula e mais oito a Dilma [ainda não completos]". "O povo tem o direito de errar e também tem o direito de "reivindicar por um país melhor", completou.
"Se colocamos uma pessoa lá –e graças a Deus eu não votei nela. Votei na Marina no primeiro turno e no Aécio no segundo–, o povo brasileiro a elegeu e depois viu que, realmente, o mandato não está de acordo com as promessas que ela tinha feito durante a campanha, creio que tem que haver o impeachment, sim", afirma.
Rosane, que há pouco mais de um ano lançou o livro "Tudo o que Vi e Vivi", em que, segundo diz, conta "absolutamente tudo, todos os bastidores" do curto mandato de Collor na Presidência da República afirma que o "que aconteceu em 1992 é exatamente o que está acontecendo hoje. Só muda de figura". "É importante lembrar que algumas figuras ainda estão lá, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e por aí vai."
"Por muito menos o meu ex-marido saiu da Presidência", disse ela à Folha, em entrevista por telefone.
Há exatos 23 anos, no dia 29 de dezembro de 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello renunciava ao cargo.
"Não estou tirando a culpa de ninguém, nem dizendo que ele era inocente ou culpado. Mas as leis têm que funcionar para qualquer pessoa, independentemente de quem seja. Da mesma forma que o ex-presidente Fernando Collor foi julgado, sofreu o processo de impeachment e acabou renunciando, acredito que a Dilma tem que passar por todo esse processo", disse Rosane.
Ela acusa Dilma de prometer "diversas coisas para ser reeleita" e diz que o "o brasileiro cometeu um erro ao acreditar neste partido [o PT], dando oito anos de mandato ao Lula e mais oito a Dilma [ainda não completos]". "O povo tem o direito de errar e também tem o direito de "reivindicar por um país melhor", completou.
"Se colocamos uma pessoa lá –e graças a Deus eu não votei nela. Votei na Marina no primeiro turno e no Aécio no segundo–, o povo brasileiro a elegeu e depois viu que, realmente, o mandato não está de acordo com as promessas que ela tinha feito durante a campanha, creio que tem que haver o impeachment, sim", afirma.
Rosane, que há pouco mais de um ano lançou o livro "Tudo o que Vi e Vivi", em que, segundo diz, conta "absolutamente tudo, todos os bastidores" do curto mandato de Collor na Presidência da República afirma que o "que aconteceu em 1992 é exatamente o que está acontecendo hoje. Só muda de figura". "É importante lembrar que algumas figuras ainda estão lá, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e por aí vai."
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Folha - Em sua opinião, quais são as razões para o impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Rosane Malta- Fiz parte dessa história e por muito menos o
Fernando teve de sair da presidência. Não estou tirando a culpa de
ninguém, nem dizendo que ele era inocente ou culpado. Isso é a Justiça
quem tem que dizer. Mas as leis têm que funcionar para qualquer pessoa,
independentemente de quem seja. E olha que eu não o defendo. Ao
contrário, estou na Justiça brigando com ele por pensão alimentícia
atrasada e outras tantas coisas.
Temos que ter justiça. Da mesma forma que o ex-presidente Fernando
Collor foi julgado, sofreu o processo de impeachment e acabou
renunciando, acredito que a Dilma tem que passar por todo esse processo.
Por que Collor foi condenado naquela época? Porque o povo quis, o povo
foi às ruas, a grande maioria do Congresso quis, o Senado quis. É a voz
do povo.
E, como se diz, a voz do povo é a voz de Deus. Se nós colocamos uma
pessoa lá –e graças a Deus eu não votei nela. Votei na Marina no
primeiro turno e no Aécio no segundo–, o povo brasileiro a elegeu e
depois viu que, realmente, o mandato não está de acordo com as promessas
que ela tinha feito durante a campanha, creio que tem que haver o
impeachment, sim.
Você não a relaciona, então, aos escândalos de corrupção?
Ela prometeu diversas coisas para ser reeleita presidente da República.
Disse que não aumentaria isso, nem aquilo. Claro que o governo também
está passando por uma fase difícil na política e na economia, tanto que
ela acabou de mudar um ministro para ver se consegue sair dessa
situação. Agora, não sou Justiça, não tenho documento na mão para dizer
se ela interfere ou não na continuidade [de ações de corrupção].
Se a Justiça detectar problemas, que ela está envolvida a alguma coisa e
que ela possa atrapalhar [o andamento das investigações], a melhor
coisa que tem que ter é o impeachment. Até porque quando ela estava na
Petrobras e autorizou a compra por uma fortuna a refinaria [de
Pasadena]. Dou minha opinião como leiga, baseada em tudo que tenho visto
e lido nos jornais. Mas por tudo isso sou a favor do impeachment.
Há um sentimento de arrependimento?
Erro todo mundo comete, o brasileiro cometeu erro ao acreditar neste
partido [o PT], dando oito anos de mandato ao Lula e mais oito a Dilma. O
povo tem o direito de errar e também tem o direito de reivindicar por
um país melhor. Porque somos nós que estamos sofrendo, é a população
brasileira que está sendo prejudicada. É gente perdendo emprego, é gente
que não tem dinheiro para nada.
Aprendi, desde que criança, que é preciso ensinar a pescar o peixe. Não
dar o peixe pronto. É como o desenvolvimento de uma criança, que nasce,
tem aquele tempo para se preparar para o mundo, e depois começa a andar
com os próprios passos. Nesse governo não. Não vejo diferença nenhuma
desses governos com o coronelismo que existia antigamente nos sertões
das Alagoas –e que ainda existe em muitos lugares.
E é por isso que esse país não vai para frente. Enquanto tivermos esse
tipo de política, que não ensine a pescar. Não é justo o Brasil estar
passando por essa situação toda. É um aglomerado de coisas. Quando o
Brasil não está indo bem, o povo é sábio e sabe para identificar.
Agora, não podemos negar que o Brasil mudou, que o país cresceu. Há 40
anos, nós mulheres não tínhamos o direito de escolher nosso presidente,
conquistamos esse direito. Já tiramos um presidente da República e agora
estamos evoluindo. Não gostou? Não está bom? Vamos modificar, vamos
mudar. Eu fui às ruas, fui a todas manifestações.
Foi uma experiência maravilhosa porque eu já vivi o contrário, estava
dentro do Palácio do Planalto, enquanto o povo estava na rua pedindo da
saída do presidente. Agora tenho a oportunidade de estar nas ruas junto
com o povo dizendo que estão certos. Isso é sabedoria.
Acha que o ex-presidente Fernando Collor foi injustiçado?
Não é que ele não mereceu passar pelo processo de impeachment. Acho que
ele foi condenado antes de ser julgado. Os outros presidentes, FHC e
Lula, passaram por um processo, foram julgados e depois não houve
condenação. No caso do Fernando, ele foi obrigado a renunciar, senão ele
seria trucidado. Ele não teve alternativa. Se a Justiça depois viu que
ele era inocente, é outra história.
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