Editorial - Estadão
Dilma Rousseff e Eduardo Cunha selaram seus próprios destinos na quarta-feira, quando romperam o impasse político que vinha paralisando o País desde o início do ano. Fizeram a catarse de suas angústias em dois pronunciamentos que justificam o aforismo que pontuou boa parte das análises e comentários publicados ontem nos meios de comunicação: a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude. Por seus próprios meios e méritos, a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados, a partir de posições antagônicas, caminharam na direção do mesmo e merecido fim: o banimento da vida pública.
Cunha chega ao ocaso obrigado a lançar mão do valioso trunfo com que vinha hipocritamente chantageando o governo: o poder de decidir sobre o início do processo de impeachment da presidente. Daqui para a frente pouco lhe resta, senão usar sua influência minguante para a consecução da vendetta contra Dilma e o PT. O Conselho de Ética, onde seu destino político será decidido, está fora de seu alcance, até porque seus bajuladores agora começarão a se afastar. E a política brasileira estará virando uma página que nada de louvável acrescenta à História.
Com Dilma Rousseff a questão é mais complexa, porque se trata da presidente da República, reeleita por 51,64% dos eleitores. O fato de ter sido reeleita com a margem mais estreita das quatro vitórias do PT era sintoma de que o governo já não vinha bem. E Dilma fez tudo para piorar as coisas. Desde ter mentido sobre a situação econômica do País e prometido o que sabia que não teria condições de cumprir, até a tentativa desastrada de diminuir a influência do PMDB no governo e opor-se à candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara.
Em resumo, a partir da posse no segundo mandato o País começou a acumular más notícias na economia, as páginas policiais se multiplicaram com as revelações do escândalo do petrolão e de outras maracutaias e, com a crise política, instalou-se um impasse que paralisou de vez a já incompetente administração federal.
O desastre repercutiu nas ruas e o apoio popular à presidente despencou vertiginosamente, levando junto a imagem do PT. Hoje, de acordo com o Datafolha – é essencial ter esses índices em mente –, 67% dos brasileiros reprovam o governo Dilma e 66% são favoráveis à abertura de processo de impeachment. Ou seja 2 em cada 3 brasileiros querem ver Dilma pelas costas.
Desqualificada como chefe de governo, Dilma só pode exibir a seu favor a imagem de administradora pública idônea. Incompetente e desajeitada, mas honesta. Conforme ela própria destacou ao se pronunciar sobre o processo de impeachment, não há suspeita séria de que se tenha enriquecido na política. É o contrário do que ocorre com Lula. No entanto, ela é a chefe de um governo que, como os fatos demonstram, permitiu e até favoreceu o abastardamento da vida pública, contaminada por uma corrupção sem precedentes. Por isso, há quem diga que, a rigor, a reputação de Dilma não sairá limpa, já que a roubalheira se deu com ela ocupando cargos de chefia e responsabilidade, condição que não lhe permite alegar o inocente desconhecimento da bandalheira. E Dilma diz que, em todos esses casos, nunca viu nada, ouviu nada, fez nada que violasse as leis, a moral e os bons costumes.
Seja como for, o comportamento ilibado que se espera de um chefe de Estado não se limita ao respeito ao dinheiro público. Também escorreito deve ser seu comportamento político. Pois em seu rápido discurso de quarta-feira Dilma não teve o menor pudor de comprometer sua credibilidade – o que havia feito à farta na campanha reeleitoral – ao mentir sobre sua tentativa de barganhar com Eduardo Cunha, negando-a com o maior caradurismo bem ao lado dos ministros Jaques Wagner, da Casa Civil, e Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, que até poucas horas antes pressionavam a bancada petista para apoiar Cunha na Comissão de Ética.
O que o Brasil espera agora é que uma faxina política exemplar seja feita a partir do afastamento de Dilma e de Cunha da vida pública. Isso depende do Congresso, que é o foro constitucionalmente adequado para decidir, politicamente, uma questão essencialmente política. E certamente será levada em conta a vontade amplamente majoritária dos brasileiros, que sabem ser necessária a restauração da moralidade para que os outros graves problemas do País se resolvam.
Cunha chega ao ocaso obrigado a lançar mão do valioso trunfo com que vinha hipocritamente chantageando o governo: o poder de decidir sobre o início do processo de impeachment da presidente. Daqui para a frente pouco lhe resta, senão usar sua influência minguante para a consecução da vendetta contra Dilma e o PT. O Conselho de Ética, onde seu destino político será decidido, está fora de seu alcance, até porque seus bajuladores agora começarão a se afastar. E a política brasileira estará virando uma página que nada de louvável acrescenta à História.
Com Dilma Rousseff a questão é mais complexa, porque se trata da presidente da República, reeleita por 51,64% dos eleitores. O fato de ter sido reeleita com a margem mais estreita das quatro vitórias do PT era sintoma de que o governo já não vinha bem. E Dilma fez tudo para piorar as coisas. Desde ter mentido sobre a situação econômica do País e prometido o que sabia que não teria condições de cumprir, até a tentativa desastrada de diminuir a influência do PMDB no governo e opor-se à candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara.
Em resumo, a partir da posse no segundo mandato o País começou a acumular más notícias na economia, as páginas policiais se multiplicaram com as revelações do escândalo do petrolão e de outras maracutaias e, com a crise política, instalou-se um impasse que paralisou de vez a já incompetente administração federal.
O desastre repercutiu nas ruas e o apoio popular à presidente despencou vertiginosamente, levando junto a imagem do PT. Hoje, de acordo com o Datafolha – é essencial ter esses índices em mente –, 67% dos brasileiros reprovam o governo Dilma e 66% são favoráveis à abertura de processo de impeachment. Ou seja 2 em cada 3 brasileiros querem ver Dilma pelas costas.
Desqualificada como chefe de governo, Dilma só pode exibir a seu favor a imagem de administradora pública idônea. Incompetente e desajeitada, mas honesta. Conforme ela própria destacou ao se pronunciar sobre o processo de impeachment, não há suspeita séria de que se tenha enriquecido na política. É o contrário do que ocorre com Lula. No entanto, ela é a chefe de um governo que, como os fatos demonstram, permitiu e até favoreceu o abastardamento da vida pública, contaminada por uma corrupção sem precedentes. Por isso, há quem diga que, a rigor, a reputação de Dilma não sairá limpa, já que a roubalheira se deu com ela ocupando cargos de chefia e responsabilidade, condição que não lhe permite alegar o inocente desconhecimento da bandalheira. E Dilma diz que, em todos esses casos, nunca viu nada, ouviu nada, fez nada que violasse as leis, a moral e os bons costumes.
Seja como for, o comportamento ilibado que se espera de um chefe de Estado não se limita ao respeito ao dinheiro público. Também escorreito deve ser seu comportamento político. Pois em seu rápido discurso de quarta-feira Dilma não teve o menor pudor de comprometer sua credibilidade – o que havia feito à farta na campanha reeleitoral – ao mentir sobre sua tentativa de barganhar com Eduardo Cunha, negando-a com o maior caradurismo bem ao lado dos ministros Jaques Wagner, da Casa Civil, e Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, que até poucas horas antes pressionavam a bancada petista para apoiar Cunha na Comissão de Ética.
O que o Brasil espera agora é que uma faxina política exemplar seja feita a partir do afastamento de Dilma e de Cunha da vida pública. Isso depende do Congresso, que é o foro constitucionalmente adequado para decidir, politicamente, uma questão essencialmente política. E certamente será levada em conta a vontade amplamente majoritária dos brasileiros, que sabem ser necessária a restauração da moralidade para que os outros graves problemas do País se resolvam.
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