Janaína Paschoal durante sua fala à comissão do impeachment no Senado
Convidados para serem ouvidos na comissão especial do impeachment do Senado, dois dos autores da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff defenderam, ontem (28) que há crime "de sobra de responsabilidade" contra a petista. Assim como fizera na Câmara, onde o prosseguimento do impeachment foi aprovado, o advogado Miguel Reale Jr. apontou argumentos acusando Dilma de crime de responsabilidade por editar créditos suplementares e usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro, as chamadas "pedaladas fiscais". "Fruto de uma irresponsabilidade gravíssima na condução das finanças públicas, que estão em frangalhos", afirmou Reale.
Durante sua fala, a professora e advogada Janaína Paschoal defendeu que o Senado analise a denúncia original apresentada por eles, que inclui, além das pedaladas fiscais e dos decretos orçamentários, questões relacionadas à Lava Jato.
Ela reconheceu que, após os protestos de 2013, teve vontade de escrever uma carta para Dilma para que ela não ouvisse mais os marqueteiros e disse que se sensibilizou quando a presidente contou ter tido vontade de ser bailarina. "Ela é uma mulher firme, de alma sensível, mas a bailarina se perdeu."
A advogada chegou a se emocionar ao defender a Constituição. "Quero que as criancinhas, os brasileirinhos, que eles acreditem que vale a pena lutar por esse livro sagrado, que o PT não assinou. Por isso que eles falam em golpe. Eles nunca reconheceram a Constituição."
Ao fim da sua fala, Janaína foi criticada por senadores governistas, que a acusaram de não ter explicado a denúncia propriamente. Para a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), a advogada "viajou na maionese".
Diante de um placar de votos praticamente definido, senadores governistas e da oposição aproveitaram para trocar acusações e bater boca na sessão.
O governo tem apenas cinco votos dos 21 titulares da comissão, o que indica a aprovação no próximo dia 6 de um relatório a favor da abertura do processo de impeachment. A previsão é que o plenário se pronuncie no dia 11.
Já perto da meia-noite, o senador Romário (PSB-RJ) comparou a advogada Janaína com ele próprio quando era jogador de futebol. "Vossa Excelência me lembra muito um jogador de futebol que usava a camisa 11 da seleção brasileira no passado, que não se intimidava com o tamanhos de zagueiros, com cor, com beleza. Enfim, independente de jogar na sua casa ou na casa do adversário, esse então jogador sempre foi muito destemido e teve muito sucesso na sua carreira", disse.
Último a falar na sessão, o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), elogiou as posições defendidas pela advogada e aconselhou: "vai dormir, tenha o sono da mulher justa".
A sessão começou por volta das 16h25 e só acabou à 01h20 de sexta-feira (29). Antes de Janaína e do advogado Miguel Reale Jr., também autor do pedido de impeachment, falarem, os senadores protagonizaram uma série de troca de acusações entre governistas e oposição, o que chegou a ser classificado como um comportamento de "jardim de infância" pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). A discussão acabou atrasando em mais de uma hora o início das exposições dos advogados.
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