Sylvia Helena Tocantins, romancista, contista, cronista e poeta, membro da Academia Paraense de Letras (cadeira nº 12), faleceu na madrugada deste domingo (25).
Sylvia Helena dirigiu a biblioteca Acylino Leão/APL (1989-1993). Presidiu a Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil e a AJEB/Pará, e fundou as coordenadorias da AJEB do Pará, Rio Grande do Norte e Bahia. Premiada em vários concursos literários.
Sylvia Helena nasceu em Belém do Pará, em 1933. Seu corpo está sendo velado na Academia Paraense de Letras, que agora tem três vagas abertas, a dela e as de Jarbas Passarinho e Acyr Castro.
VER-O-PESO
Ver-o-Peso! Meu porto balança,
pesando esperança, no peso enganando
o povo sofrido, de dores curtido,
de mágoa vencido, mas sempre comprando.
Ver-o-Peso! Dá mágoa no rosto,
do eterno desgosto de um povo explorado,
que paga gemendo, com fome sofrendo,
embora sabendo no peso roubado.
Ver-o-Peso! Mercado da vida,
da luta renhida pelo ganha-pão,
que vende alimento, que pesa tormento,
vende sofrimento, sorriso, ilusão.
Ver-o-Peso! Da ave cativa
mais morta que viva, sem voz para cantar,
as asas batendo, as penas perdendo,
aos poucos morrendo e querendo voar.
Ver-o-Peso! Mercado do povo
que volta de novo, ao romper do dia,
vendendo, comprando, perdendo, ganhando,
também enganando as pobres Marias.
Ver-o-Peso! Dos barcos chegando,
no cais atracando repletos de carga,
dinheiro faltando, ganância explorando,
na água jogando, a fruta que estraga.
Ver-o-Peso! Do homem de cor
que um dia, por amor, matou sem pensar,
que dorme jogado, no chão estirado
e embriagado com fome e sem lar.
Ver-o-Peso! Da boca devassa
do homem que passa e diz palavrão,
de guardas correndo, ferozes prendendo,
nem sempre sabendo quem foi o ladrão.
Ver-o-Peso! Da vela arriada,
barcaça parada, esperando a enchente,
do amor passageiro, do amor canoeiro,
do amor marinheiro que beija e não sente.
Ver-o-Peso! Meu porto balança,
pesando esperança, no peso enganando
o povo sofrido, de dores curtido,
de mágoa vencido, mas sempre comprando.
Ver-o-Peso! Dá mágoa no rosto,
do eterno desgosto de um povo explorado,
que paga gemendo, com fome sofrendo,
embora sabendo no peso roubado.
Ver-o-Peso! Mercado da vida,
da luta renhida pelo ganha-pão,
que vende alimento, que pesa tormento,
vende sofrimento, sorriso, ilusão.
Ver-o-Peso! Da ave cativa
mais morta que viva, sem voz para cantar,
as asas batendo, as penas perdendo,
aos poucos morrendo e querendo voar.
Ver-o-Peso! Mercado do povo
que volta de novo, ao romper do dia,
vendendo, comprando, perdendo, ganhando,
também enganando as pobres Marias.
Ver-o-Peso! Dos barcos chegando,
no cais atracando repletos de carga,
dinheiro faltando, ganância explorando,
na água jogando, a fruta que estraga.
Ver-o-Peso! Do homem de cor
que um dia, por amor, matou sem pensar,
que dorme jogado, no chão estirado
e embriagado com fome e sem lar.
Ver-o-Peso! Da boca devassa
do homem que passa e diz palavrão,
de guardas correndo, ferozes prendendo,
nem sempre sabendo quem foi o ladrão.
Ver-o-Peso! Da vela arriada,
barcaça parada, esperando a enchente,
do amor passageiro, do amor canoeiro,
do amor marinheiro que beija e não sente.
(Sylvia Helena)
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