Por Eliane Cantanhêde - Estadão
Eike Batista viajou para Nova York no dia 24 de janeiro, a Polícia Federal foi comunicada da Operação “Eficiência” no dia 25 e toda a ação para prendê-lo foi no dia 26, dois dias depois da viagem. Tem ou não algo errado aí? Segundo investigadores experientes, houve uma falha indesculpável de monitoramento que resultou no “timing” errado. Sem descartar a hipótese de vazamento de informação para aquele que já foi o homem mais rico do Brasil.
O nome “Eficiência” foi uma referência à expertise da parceria de Eike com o então governador Sérgio Cabral para desviar dinheiro e espalhar pelo mundo. À competência da operação é que não poderia ser. Por que, raios, ninguém sabia que o cara havia saído do País dois dias antes?
Como diz o delegado aposentado Jorge Pontes, que fez curso no FBI e atuou na Interpol, a área de inteligência fervilha na véspera de operações como essa, com todo mundo agitado, gritando a toda hora: “O fulano continua em casa?”. “O beltrano subiu ou não para Petrópolis?”. A polícia acompanha os alvos, minuto a minuto, tanto fisicamente quanto por interceptações de telefone, por exemplo. Está no manual.
Eike Batista era o alvo principal, o amigão de presidentes da República, de governadores e particularmente de Sérgio Cabral, para quem teria despejado a bagatela de US$ 16,5 milhões em contas no exterior. Logo, era fundamental saber cada movimento do empresário, para evitar surpresa – e vexame. Aliás, um outro alvo também estava no exterior. Óbvio que a operação não poderia ser deflagrada.
A segunda hipótese, ainda mais constrangedora do que falha de monitoramento, é de que alguém abriu o bico para o passarinho voar para o exterior. Não seria impossível, já que (1) as seções mais vulneráveis da PF são, tradicionalmente, Rio, São Paulo e Foz do Iguaçu; (2) quem faz a segurança pessoal de Eike são, providencialmente, agentes da PF (aliás, dizem que nem sempre aposentados...); e (3) Eike é considerado um “corruptor inveterado”, que usa “os métodos mais agressivos” para corromper e cooptar pessoas.
Em autodefesa, a PF em Brasília diz que só soube da operação depois que Eike já tinha viajado, que sua única função foi executar o mandado de prisão e que a deflagração foi resultado de duas delações sem a presença de policiais. A batata quente está com o MP?
Com o fiasco da prisão de Eike, o jeito foi incluí-lo na “difusão vermelha” da Interpol. É uma questão de tempo, se é que ele já não está atrás das grades neste exato momento. Eram três alternativas: ele teria fugido para a Alemanha antes do alerta da Interpol, valendo-se do passaporte alemão; tentaria se esconder por mais tempo nos Estados Unidos mesmo; ou simplesmente se entregaria, com a condição de não ser jogado aos leões, ou criminosos comuns, por não ter diploma superior.
A opção mais óbvia era se entregar. Não ser extraditado pela Alemanha o livraria das cadeias medievais do Brasil, mas não garantiria impunidade (ele seria julgado lá). E, como diz o delegado Pontes, sumir no mundo não está fácil: “Acabou essa história de fuga planetária”, em que o sujeito vive um vidão e décadas depois vira herói de filme. Com o 11 de Setembro, multiplicaram-se as conexões entre polícias, procuradorias, governos. E não há um só cantinho do planeta em que um brasileiro munido de celular, internet e WhatsApp não saiba quem é o “marido da Luma de Oliveira”.
Assim, o destino de Eike está atrelado ao de Cabral: se ainda não está lá, logo deverá estar, desfrutando da boia de Bangu. O que faz da Operação “Eficiência” um sucesso, apesar dos erros, das disputas e, principalmente, da suspeita de que um dos “mocinhos” andou falando demais para o “bandido”. E não teria sido de graça...
Eike Batista viajou para Nova York no dia 24 de janeiro, a Polícia Federal foi comunicada da Operação “Eficiência” no dia 25 e toda a ação para prendê-lo foi no dia 26, dois dias depois da viagem. Tem ou não algo errado aí? Segundo investigadores experientes, houve uma falha indesculpável de monitoramento que resultou no “timing” errado. Sem descartar a hipótese de vazamento de informação para aquele que já foi o homem mais rico do Brasil.
O nome “Eficiência” foi uma referência à expertise da parceria de Eike com o então governador Sérgio Cabral para desviar dinheiro e espalhar pelo mundo. À competência da operação é que não poderia ser. Por que, raios, ninguém sabia que o cara havia saído do País dois dias antes?
Como diz o delegado aposentado Jorge Pontes, que fez curso no FBI e atuou na Interpol, a área de inteligência fervilha na véspera de operações como essa, com todo mundo agitado, gritando a toda hora: “O fulano continua em casa?”. “O beltrano subiu ou não para Petrópolis?”. A polícia acompanha os alvos, minuto a minuto, tanto fisicamente quanto por interceptações de telefone, por exemplo. Está no manual.
Eike Batista era o alvo principal, o amigão de presidentes da República, de governadores e particularmente de Sérgio Cabral, para quem teria despejado a bagatela de US$ 16,5 milhões em contas no exterior. Logo, era fundamental saber cada movimento do empresário, para evitar surpresa – e vexame. Aliás, um outro alvo também estava no exterior. Óbvio que a operação não poderia ser deflagrada.
A segunda hipótese, ainda mais constrangedora do que falha de monitoramento, é de que alguém abriu o bico para o passarinho voar para o exterior. Não seria impossível, já que (1) as seções mais vulneráveis da PF são, tradicionalmente, Rio, São Paulo e Foz do Iguaçu; (2) quem faz a segurança pessoal de Eike são, providencialmente, agentes da PF (aliás, dizem que nem sempre aposentados...); e (3) Eike é considerado um “corruptor inveterado”, que usa “os métodos mais agressivos” para corromper e cooptar pessoas.
Em autodefesa, a PF em Brasília diz que só soube da operação depois que Eike já tinha viajado, que sua única função foi executar o mandado de prisão e que a deflagração foi resultado de duas delações sem a presença de policiais. A batata quente está com o MP?
Com o fiasco da prisão de Eike, o jeito foi incluí-lo na “difusão vermelha” da Interpol. É uma questão de tempo, se é que ele já não está atrás das grades neste exato momento. Eram três alternativas: ele teria fugido para a Alemanha antes do alerta da Interpol, valendo-se do passaporte alemão; tentaria se esconder por mais tempo nos Estados Unidos mesmo; ou simplesmente se entregaria, com a condição de não ser jogado aos leões, ou criminosos comuns, por não ter diploma superior.
A opção mais óbvia era se entregar. Não ser extraditado pela Alemanha o livraria das cadeias medievais do Brasil, mas não garantiria impunidade (ele seria julgado lá). E, como diz o delegado Pontes, sumir no mundo não está fácil: “Acabou essa história de fuga planetária”, em que o sujeito vive um vidão e décadas depois vira herói de filme. Com o 11 de Setembro, multiplicaram-se as conexões entre polícias, procuradorias, governos. E não há um só cantinho do planeta em que um brasileiro munido de celular, internet e WhatsApp não saiba quem é o “marido da Luma de Oliveira”.
Assim, o destino de Eike está atrelado ao de Cabral: se ainda não está lá, logo deverá estar, desfrutando da boia de Bangu. O que faz da Operação “Eficiência” um sucesso, apesar dos erros, das disputas e, principalmente, da suspeita de que um dos “mocinhos” andou falando demais para o “bandido”. E não teria sido de graça...
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