Sósia de Belchior, o vendedor José Edson Carvalho tira selfies durante velório do artista
Sessenta e sete canções, entre elas "Como Nossos Pais", "Apenas um Rapaz
Latino-Americano" e "Medo de Avião", embalaram o velório de Belchior no
feriado de Primeiro de Maio, em uma Fortaleza nublada, apesar dos 28ºC,
no Ceará.
Até as 23h15, 7.178 pessoas, sendo uma delas uma garota com um bigodão
pintado em homenagem ao compositor, haviam passado pelo Centro Cultural
Dragão do Mar, no centro da cidade.
O velório seguiria ainda até as 7h desta terça (2), quando seria rezada uma missa.
O enterro estava previsto para as 9h, em cerimônia restrita à família, no cemitério Parque da Paz.
Na segunda, mais cedo, o cantor foi velado em sua cidade natal, Sobral,
também no Ceará. O corpo chegou lá vindo do Rio Grande do Sul. Belchior
morreu em Santa Cruz do Sul na noite de sábado (29), devido ao
rompimento da artéria aorta.
SÓSIA
Após ser preparado na funerária Ethernus, o corpo de Belchior foi trazido ao Dragão do Mar às 15h.
O caixão, com cem rosas brancas, foi deixado aberto. Familiares ficaram
numa área ao lado enquanto a população passava em fila. Do lado de fora
do ambiente, duas caixas de som trombeteavam sucessos inesquecíveis.
As músicas, retiradas de sete álbuns do artista, foram baixadas do
iTunes pelo diretor de programação do centro cultural, João Wilson. É
que, diz ele, a cerimônia, organizada pela Casa Militar do governo do
Estado, estava "careta demais".
Os fãs, de qualquer forma, cuidaram de desencaretar.
O sósia José Edson Carvalho, que costuma vender cerveja (R$ 5),
refrigerante (R$ 4) e água (R$ 2,50) em eventos do Dragão do Mar, tirou o
dia para homenagear o ídolo. "Só não me peçam para cantar", suplicou.
Não era necessário, pois Aristênio Benício tinha ido ali justamente para isso.
Carregando seu violão com uma imagem de Belchior estampada, cantou
"Divina Comédia Humana" acompanhado de dezenas, e seguiria cantando
noite adentro.
Um dos que cantaram com Aristênio foi Francisco Ripardo, 57, vestindo
uma camiseta onde se lia: "Volta, Belchior. Eu também tenho medo de
aviões do forró".
Aviões do Forró, para quem não conhece, é uma banda de... forró. "Sou de
uma época em que a música era boa", disse Ripardo, que, quando
trabalhava na Petrobras, deixou de embarcar em plataforma marítima para
assistir a um show do cantor.
23 IRMÃOS
Belchior havia se afastado de sua família, do meio musical e da imprensa
havia cerca de dez anos. Fazia esse tempo, por exemplo, que um de seus
muitos irmãos, Nilson, não o via.
"Nosso pai teve 23 filhos, nove do primeiro casamento e 14 do segundo.
Belchior era o quinto filho do segundo casamento", disse à Folha ao
telefone, antes da cerimônia.
Seis desses irmãos compareceram ao velório em Fortaleza: Francisco, Zé Nilo, Angela, Angelina, Lilia e Emilia.
Estiveram presentes dois de seus quatro filhos, Camila e Mikael, de seu
casamento com Ângela Henman, além de Edna Prometeu, sua companheira do
fim da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário