O Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar em plenário, na próxima
quarta-feira, o pedido da defesa do presidente Michel Temer para
suspender o inquérito contra o peemedebista. O gabinete da presidente da
Corte, Cármen Lúcia, informou ontem, 20, que o pedido de
suspensão “foi oficiado pelo ministro relator à presidência do STF, e
será levado ao colegiado na próxima quarta-feira”. Com isso, os 11
ministros do Supremo irão decidir sobre a continuidade ou paralisação do
inquérito.
O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, também
encaminhou para a Polícia Federal os autos do inquérito para perícia no
áudio gravado pelo delator Joesley Batista em conversa com Temer. Ontem, em pronunciamento no Palácio do Planalto, Temer anunciou que
iria pedir a suspensão, alegando que a gravação foi “manipulada e
adulterada”.
Em nota divulgada no final da tarde, a J&F,
holding que controla a JBS, reafirmou que o empresário Joesley Batista
entregou à Procuradoria Geral da República a gravação da conversa com o
presidente Michel Temer sem cortes. O texto reafirma e que os delatores
têm como sustentar a idoneidade do material.
Diz o comunicado: “Joesley Batista entregou para a
Procuradoria Geral da República a íntegra da gravação e todos os demais
documentos que comprovam a veracidade do material que sustenta as
delações. Não há chance alguma de ter havido qualquer edição do material
original, porque ele jamais foi exposto a qualquer tipo de
intervenção.”
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a Fachin a continuidade do inquérito que investiga o presidente Michel Temer, mas não se opôs à realização de perícia no áudio. Janot aponta que a gravação é “harmônica e consentânea” com o relato dos delatores do grupo J&F.
“Não obstante, embora certo de que o áudio não contém
qualquer mácula que comprometa a essência do diálogo, o procurador-geral
da República não se opõe à perícia no áudio que contém conversa entre
Michel Temer e Joesley Batista no dia 7 de março de 2017, no Palácio do
Jaburu”, escreveu Janot. Ele destaca na manifestação ao STF que a
perícia deve ser realizada sem suspensão do inquérito, que serve,
segundo Janot, “justamente para a apuração dos fatos e para a produção
de evidências, dentre elas perícias técnicas”.
Procuradores que negociaram as delação premiada informaram
ao Estadão/Broadcast que não fizeram perícia no material. Peritos
consultados pelo Estado não foram conclusivos. Foram encontradas no
áudio 14 “fragmentações” – pequenos cortes de edição. Mas, segundo o
perito Marcelo Carneiro de Souza, para se ter uma laudo mais conclusivo
seria melhor avaliar o gravador e fazer um confronto entre as vozes de
Temer e Joesley.
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