No jornal Estadão
A advogada Janaina Conceição Paschoal, autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff ao lado dos juristas Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo, disse que hoje se sente “mais madura, mais velha e mais tolerante”. Segundo ela, o Brasil saiu “maior” do processo de cassação da petista.
Professora de Direito Penal da USP, Janaina disse que tem o “sentimento de ter cumprido uma missão”. A rotina, apesar do assédio e das polêmicas nas redes sociais, é a mesma: aulas, bancas, concursos. Para ela, Temer perdeu a “oportunidade” de ser um “estadista”. Leia trechos da entrevista:
A advogada Janaina Conceição Paschoal, autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff ao lado dos juristas Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo, disse que hoje se sente “mais madura, mais velha e mais tolerante”. Segundo ela, o Brasil saiu “maior” do processo de cassação da petista.
Professora de Direito Penal da USP, Janaina disse que tem o “sentimento de ter cumprido uma missão”. A rotina, apesar do assédio e das polêmicas nas redes sociais, é a mesma: aulas, bancas, concursos. Para ela, Temer perdeu a “oportunidade” de ser um “estadista”. Leia trechos da entrevista:
O que mudou na sua vida nesse último ano?
Vida normal. Eu me sinto uma pessoa mais madura, mais velha em todos os
sentidos, mas a vida segue normal. Dou aulas normalmente, nada mudou.
Você fica mais tolerante depois de passar por tudo aquilo. Eu já era
tolerante, e fiquei ainda mais tolerante.
Como avalia sua responsabilidade nesse processo?
Sobre o crime dos outros, eu não tenho responsabilidade nenhuma. Sinto
um alívio muito grande, um sentimento de ter cumprido uma missão. Não me
omiti, esse é o sentimento. Responsabilidade é forte demais. Trabalhei
para que um comportamento ilícito tivesse consequência. O meu sentimento
é de tranquilidade por ter feito o que precisava.
Qual o balanço a senhora faz dos rumos do governo Temer nesse período?
É importante deixar bem claro que, quando eu pedi o impeachment da
presidente, não foi com o objetivo de colocar Temer no poder. Pedi o
impeachment por força dos crimes que foram cometidos. E o PT tinha
convidado Michel Temer (para ser vice). O problema que eu vejo é que
Temer poderia ter aproveitado essa oportunidade histórica para ser um
estadista. Os fatos mostram que não foi assim.
O que faltou para Temer se tornar um estadista?
O problema foi a mala (entregue por um executivo da JBS ao ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures).
Aconteceu algo na vida dele que dá a oportunidade de ele dar uma
virada. E o sujeito pega esta oportunidade e joga no lixo. É muito
grave. Nada do que ele faça na economia, em qualquer campo, nada vai
apagar a mala.
Como vê o trabalho do STF, do MPF e da PF contra a corrupção?
Tenho algumas divergências pontuais, mas elas não impedem de reconhecer
o mérito do trabalho do Ministério Público, da Polícia Federal, dos
juízes. Com relação ao STF, tenho grandes preocupações.
Quais preocupações?
O discurso de alguns ministros é um discurso que vai no sentido de anular tudo.
Quais ministros?
As decisões do ministro (Ricardo) Lewandowski, do ministro (Dias)
Toffoli, algumas libertações que eu acho que as pessoas não seriam
libertadas se não fossem importantes. Agora, o discurso mais assustador é
o do ministro Gilmar Mendes. É muito assustador.
E em relação à PF e ao MP que terá uma nova chefe?
Nunca soube de nada que desabonasse a doutora Raquel (Dodge). Em relação à polícia, as mudanças (na Lava Jato) não são algo assim tão incomum. No Supremo, o risco é total. O Supremo hoje é o maior perigo que o País corre nesse processo.
Passado um ano, como o Brasil saiu desse processo?
O Brasil saiu maior, porque mostrou que a gente tem a capacidade de enfrentar a nossa triste realidade.
Se a senhora for chamada ou sentir que algo precisa mudar entraria novamente numa briga tão grande quanto foi aquela?
Eu acho que sim. Mas tem de ser uma coisa que eu entenda que seja
determinante para o País, como eu entendi que era naquele momento. No
caso do Temer, a OAB já tomou a frente. Eu acredito que, a depender do
rumo, eu entro de novo, sim.
Pretende entrar na política?
Na vida político-partidária, não tenho pretensão, mas na vida política, sim. Sou engajada há muito tempo.
A Janaína está sendo injusta com o Temer.
ResponderExcluirDiz ela que o problema foi a mala entregue por um executivo da JBS ao ex-assessor do Presidente de nome Rodrigo Rocha Loures. Esse fato teria interrompido a vida do Temer na direção de se tornar um estadista.
Acontece que quem arranjou o encontro do Temer com o dono da JBS foi exatamente o assessor flagrado com a mala.
Por sua vez, a mala não teve um destino especificado. Ela não chegou a ser entregue a quem se dizia “ser o seu destinatário”.
Com duas agravantes: A filmagem do “assessor” em disparada com a mala foi feita pela policia federal, diante da denúncia do próprio cara que, para salvar a própria pele, pretendia ser recebido pelo Temer, e que deu o dinheiro ao assessor.
Segunda agravante: Uma vez restituída a mala pelo assessor, a conferência do dinheiro flagrou uma diferença de aproximadamente Rs$ 30.000. Será que o Presidente não dispunha dessa importância pra devolver o dinheiro inteirinho ?
Agora a grande pergunta: Não teria constituido o dinheiro contido na mala a propina ao assessor por haver conseguido a audiência do dono da JBS com o Presidente com a finalidade de prejudica-lo ?