Por Eliane Cantanhêde - Estadão
Nada é por acaso, muito menos o desgaste do juiz Sérgio Moro na última pesquisa Ipsos, na qual ele ainda é muito mais bem avaliado do que políticos de ponta e até ministros do Supremo, mas perdeu pontos justamente no Norte, no Nordeste e nas classes D e E. Aí tem!
É justamente no Norte e no Nordeste que o PT e particularmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são campeões de voto e têm os mais fiéis seguidores, cegos, surdos e mudos para quaisquer revelações da Lava Jato, que opõem Moro a Lula. Ali, a versão de Lula vale mais do que os fatos de Moro.
E estão nas classes D e E os cidadãos e cidadãs com menor escolaridade e maior ingenuidade, menor nível de informação e maior crença no que Lula diz. Aliás, ele está percorrendo o Nordeste, num périplo que o PT chama de “Caravana pelo Brasil” e seus críticos apelidaram, ironicamente, de “Caravana da Saudade, ou da Despedida”.
Ninguém é perfeito. Sérgio Moro não é perfeito. Mas é incrível como podem conferir 37% de desaprovação para o símbolo de uma operação que escarafunchou a corrupção como nunca antes no País, revelou roubalheira de bilhões de reais e está mostrando que a Justiça finalmente não só deve como pode ser igual para todos. Logo, o juiz está enfrentando contrainformação.
A cúpula e a militância do PT não conseguem defender Lula da acusação de que foi comprado pelas empreiteiras e comandou o fatiamento da Petrobrás entre corruptos de partidos, empresas e da própria companhia. Assim, partem para o ataque, na velha base do “nós contra eles”. Lula é santo. Quem o acusa é demônio.
Moro não chega a tanto, pois teve 55% de aprovação, contra 37% de desaprovação, bem melhor do que, por exemplo, os ministros do STF Gilmar Mendes (67% de desaprovação), Edson Fachin e Cármen Lúcia. Mas o desgaste vem aumentando. E não só dele, mas, claramente, da Lava Jato.
Às vésperas da campanha de 2018, a pesquisa sugere que a versão do PT e de Lula está voltando a ter ressonância em algumas faixas e continua forte em duas regiões, uma delas bastante populosa – o Nordeste. Depois de anos de baixa e da derrota acachapante nas eleições municipais de 2016, o partido recupera seu poder de ataque?
Essa percepção se torna ainda mais forte quando a própria pesquisa Ipsos aponta para uma grave rejeição aos principais líderes (e candidatos) do PSDB, o partido que polariza com o PT desde ao menos 1994. Quanto mais o PSDB cai, mais o PT pode subir.
Na lista de políticos, o candidatíssimo Alckmin (“Pronto para a guerra”, conforme coluna de domingo) ficou em oitavo lugar na desaprovação, melhor do que Aécio, Serra e FHC. Ele, porém, teve pesados 74% de desaprovação e só 14% de aprovação. Já o seu inimigo, ops!, amigo Doria chegou em 19.º lugar, mas não pode soltar fogos.
Favorecido pelo discurso do “novo”, a ampla exposição, o talento marqueteiro e o pouco conhecimento, Doria ficou bem diante de políticos tradicionais e à frente de Luciano Huck, que não é prefeito, político ou, ao que se saiba, candidato. Mesmo assim, Doria teve 52% de rejeição e só 19% de aprovação.
Tem-se, portanto, que a sociedade brasileira está de mau humor, profundo mau humor, e distribui rejeição para todos os lados: o presidente da República, ministros do STF, o juiz mais conhecido da Lava Jato, políticos de todos os partidos, antigos e novos presidenciáveis.
Assim, tem razão o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, quando diz que não adianta discutir nomes, se o problema não é só dos políticos, mas do sistema. “Árvore podre não dá bom fruto”, compara. Os políticos só falam nos frutos, mas a sociedade se une para derrubar essa árvore.
Nada é por acaso, muito menos o desgaste do juiz Sérgio Moro na última pesquisa Ipsos, na qual ele ainda é muito mais bem avaliado do que políticos de ponta e até ministros do Supremo, mas perdeu pontos justamente no Norte, no Nordeste e nas classes D e E. Aí tem!
É justamente no Norte e no Nordeste que o PT e particularmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são campeões de voto e têm os mais fiéis seguidores, cegos, surdos e mudos para quaisquer revelações da Lava Jato, que opõem Moro a Lula. Ali, a versão de Lula vale mais do que os fatos de Moro.
E estão nas classes D e E os cidadãos e cidadãs com menor escolaridade e maior ingenuidade, menor nível de informação e maior crença no que Lula diz. Aliás, ele está percorrendo o Nordeste, num périplo que o PT chama de “Caravana pelo Brasil” e seus críticos apelidaram, ironicamente, de “Caravana da Saudade, ou da Despedida”.
Ninguém é perfeito. Sérgio Moro não é perfeito. Mas é incrível como podem conferir 37% de desaprovação para o símbolo de uma operação que escarafunchou a corrupção como nunca antes no País, revelou roubalheira de bilhões de reais e está mostrando que a Justiça finalmente não só deve como pode ser igual para todos. Logo, o juiz está enfrentando contrainformação.
A cúpula e a militância do PT não conseguem defender Lula da acusação de que foi comprado pelas empreiteiras e comandou o fatiamento da Petrobrás entre corruptos de partidos, empresas e da própria companhia. Assim, partem para o ataque, na velha base do “nós contra eles”. Lula é santo. Quem o acusa é demônio.
Moro não chega a tanto, pois teve 55% de aprovação, contra 37% de desaprovação, bem melhor do que, por exemplo, os ministros do STF Gilmar Mendes (67% de desaprovação), Edson Fachin e Cármen Lúcia. Mas o desgaste vem aumentando. E não só dele, mas, claramente, da Lava Jato.
Às vésperas da campanha de 2018, a pesquisa sugere que a versão do PT e de Lula está voltando a ter ressonância em algumas faixas e continua forte em duas regiões, uma delas bastante populosa – o Nordeste. Depois de anos de baixa e da derrota acachapante nas eleições municipais de 2016, o partido recupera seu poder de ataque?
Essa percepção se torna ainda mais forte quando a própria pesquisa Ipsos aponta para uma grave rejeição aos principais líderes (e candidatos) do PSDB, o partido que polariza com o PT desde ao menos 1994. Quanto mais o PSDB cai, mais o PT pode subir.
Na lista de políticos, o candidatíssimo Alckmin (“Pronto para a guerra”, conforme coluna de domingo) ficou em oitavo lugar na desaprovação, melhor do que Aécio, Serra e FHC. Ele, porém, teve pesados 74% de desaprovação e só 14% de aprovação. Já o seu inimigo, ops!, amigo Doria chegou em 19.º lugar, mas não pode soltar fogos.
Favorecido pelo discurso do “novo”, a ampla exposição, o talento marqueteiro e o pouco conhecimento, Doria ficou bem diante de políticos tradicionais e à frente de Luciano Huck, que não é prefeito, político ou, ao que se saiba, candidato. Mesmo assim, Doria teve 52% de rejeição e só 19% de aprovação.
Tem-se, portanto, que a sociedade brasileira está de mau humor, profundo mau humor, e distribui rejeição para todos os lados: o presidente da República, ministros do STF, o juiz mais conhecido da Lava Jato, políticos de todos os partidos, antigos e novos presidenciáveis.
Assim, tem razão o ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, quando diz que não adianta discutir nomes, se o problema não é só dos políticos, mas do sistema. “Árvore podre não dá bom fruto”, compara. Os políticos só falam nos frutos, mas a sociedade se une para derrubar essa árvore.
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