Por Eliane Cantanhêde - Estadão
Se arrependimento matasse, talvez Michel Temer já estivesse mortinho da Silva depois de deixar sua eterna zona de conforto, articular meticulosamente o impeachment de Dilma Rousseff e assumir a Presidência em meio à maior crise política e econômica da história. Temer virou o principal alvo do País, Dilma vive (quase) em paz.
Ela caiu ao perder as condições de governabilidade, diante da certeza de que o Brasil não suportaria mais dois anos de Dilma Rousseff. O que não se sabia é que, ao assumir, Temer viraria o maior vilão nacional. Deputado federal desde 1987, presidente da Câmara três vezes, presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República por seis anos, ele sempre tinha passado incólume por investigações e denúncias.
Durante essas décadas, conviveu tranquilamente com o fantasma de suspeitas e maledicências sobre suas relações com o Porto de Santos. Um fantasma que nunca se materializara, até que... Bastou subir a rampa do Planalto e tudo mudou, a vida de Temer virou um inferno de denúncias, acusações, investigações. Sua biografia, que parecia condizente com um professor de Direito Constitucional, esfarelou. Até sua saúde sai abalada.
Não bastasse a gravação sorrateira de Joesley Batista e duas denúncias de Rodrigo Janot, Temer viu Romero Jucá despencar do Planejamento e Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Alves irem em fila para a prisão, com quase todos os seus assessores políticos. O que dizer de Rocha Loures e sua mala?
Agora, Temer vê a filha exposta nas tevês por depoimentos constrangedores sobre uma reforma na sua casa e vê os fiéis amigos José Yunes e coronel João Baptista Lima nas situações mais aflitivas, tentando explicar decretos, Porto de Santos, empresa Rodrimar, temas com os quais o brasileiro comum já está familiarizado.
Temer acabou sofrendo o que considera uma imensa humilhação à sua pessoa e que todo o resto considera uma imensa humilhação à instituição Presidência da República. Onde já se viu um presidente com sigilo bancário e fiscal quebrado a pedido da Polícia Federal e por autorização do Supremo?
Além da J&F e do Porto de Santos, há ainda a história dos R$ 10 milhões da Odebrecht para o então PMDB, acertados no Jaburu em 2014. Apesar de as doações privadas para campanhas serem ainda legais, por pouco lá se vai também o sigilo telefônico do presidente da República.
Nos dois casos, o do Porto de Santos e o do PMDB, a PF pediu a quebra de sigilo de Temer, mas a PGR deu parecer contrário. No primeiro, Luís Roberto Barroso ficou com a PF. No segundo, Edson Fachin seguiu a PGR. Temer passou raspando, mas seus Eliseu Padilha e Moreira Franco não tiveram a mesma sorte. O mundo de Temer continuou a desmoronar quando os inegáveis ganhos na economia começaram a fazer água. A reforma da Previdência não vingou. O País parou de crescer. O desemprego parou de cair. E veio a greve dos caminhoneiros. Recuar da tabela de fretes horas depois da publicação é só uma pitada de vexame.
Pode-se dizer que a vida de Temer anda um inferno. E seu troféu é o pior índice de popularidade de um presidente, com chance zero de reversão. Enquanto isso, Dilma transita entre Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Europa e EUA e insiste em ser candidata em Minas, atravessando o samba da aliança PT-MDB no Estado. Pensando bem, quem mais se deu mal com o impeachment? Temer, o novo inimigo número um do País, ou Dilma, que passeia por aí trombeteando a tese do “golpe” e ainda se dá ao desplante de dizer que “estão destruindo a Petrobrás”?
Aliás, será que os quase vinte candidatos têm mesmo certeza de que querem assumir a Presidência da República?
Se arrependimento matasse, talvez Michel Temer já estivesse mortinho da Silva depois de deixar sua eterna zona de conforto, articular meticulosamente o impeachment de Dilma Rousseff e assumir a Presidência em meio à maior crise política e econômica da história. Temer virou o principal alvo do País, Dilma vive (quase) em paz.
Ela caiu ao perder as condições de governabilidade, diante da certeza de que o Brasil não suportaria mais dois anos de Dilma Rousseff. O que não se sabia é que, ao assumir, Temer viraria o maior vilão nacional. Deputado federal desde 1987, presidente da Câmara três vezes, presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República por seis anos, ele sempre tinha passado incólume por investigações e denúncias.
Durante essas décadas, conviveu tranquilamente com o fantasma de suspeitas e maledicências sobre suas relações com o Porto de Santos. Um fantasma que nunca se materializara, até que... Bastou subir a rampa do Planalto e tudo mudou, a vida de Temer virou um inferno de denúncias, acusações, investigações. Sua biografia, que parecia condizente com um professor de Direito Constitucional, esfarelou. Até sua saúde sai abalada.
Não bastasse a gravação sorrateira de Joesley Batista e duas denúncias de Rodrigo Janot, Temer viu Romero Jucá despencar do Planejamento e Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Alves irem em fila para a prisão, com quase todos os seus assessores políticos. O que dizer de Rocha Loures e sua mala?
Agora, Temer vê a filha exposta nas tevês por depoimentos constrangedores sobre uma reforma na sua casa e vê os fiéis amigos José Yunes e coronel João Baptista Lima nas situações mais aflitivas, tentando explicar decretos, Porto de Santos, empresa Rodrimar, temas com os quais o brasileiro comum já está familiarizado.
Temer acabou sofrendo o que considera uma imensa humilhação à sua pessoa e que todo o resto considera uma imensa humilhação à instituição Presidência da República. Onde já se viu um presidente com sigilo bancário e fiscal quebrado a pedido da Polícia Federal e por autorização do Supremo?
Além da J&F e do Porto de Santos, há ainda a história dos R$ 10 milhões da Odebrecht para o então PMDB, acertados no Jaburu em 2014. Apesar de as doações privadas para campanhas serem ainda legais, por pouco lá se vai também o sigilo telefônico do presidente da República.
Nos dois casos, o do Porto de Santos e o do PMDB, a PF pediu a quebra de sigilo de Temer, mas a PGR deu parecer contrário. No primeiro, Luís Roberto Barroso ficou com a PF. No segundo, Edson Fachin seguiu a PGR. Temer passou raspando, mas seus Eliseu Padilha e Moreira Franco não tiveram a mesma sorte. O mundo de Temer continuou a desmoronar quando os inegáveis ganhos na economia começaram a fazer água. A reforma da Previdência não vingou. O País parou de crescer. O desemprego parou de cair. E veio a greve dos caminhoneiros. Recuar da tabela de fretes horas depois da publicação é só uma pitada de vexame.
Pode-se dizer que a vida de Temer anda um inferno. E seu troféu é o pior índice de popularidade de um presidente, com chance zero de reversão. Enquanto isso, Dilma transita entre Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Europa e EUA e insiste em ser candidata em Minas, atravessando o samba da aliança PT-MDB no Estado. Pensando bem, quem mais se deu mal com o impeachment? Temer, o novo inimigo número um do País, ou Dilma, que passeia por aí trombeteando a tese do “golpe” e ainda se dá ao desplante de dizer que “estão destruindo a Petrobrás”?
Aliás, será que os quase vinte candidatos têm mesmo certeza de que querem assumir a Presidência da República?
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