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sexta-feira, 29 de maio de 2020

RAY BRITO
Por Cristovam Sena
No dia 30 de junho de 2017, aos 66 anos, Ray Brito foi eleito membro vitalício da Academia de Letras e Artes de Santarém - ALAS, como titular da cadeira numero 33, que tem como patrono o poeta Rui Paranatinga Barata.
Juntamente com os Professores Terezinha Amorim e João Bernardo Santana, e a cantora Maria Lídia Mendonça, foram empossados em Sessão Solene no Centro Recreativo, no dia 24 de outubro do mesmo ano. O mestre de cerimônia da solenidade foi o acadêmico e ex-radialista Ercio Bemerguy.

Um infarto fulminante, no dia 21 de dezembro de 2018, ceifou a vida de Ray Brito. A ALAS realizou no dia 22 de fevereiro de 2019, no Centro Cultural João Fona, a "Sessão da Saudade" em memória ao ex-acadêmico e artista Ray Brito.

Presto aqui minha homenagem ao cantor Ray Brito, recordando alguns fatos da sua vitoriosa carreira artística em Santarém.

Talento ele tinha, mas precisava encontrar a oportunidade que o levasse a fazer o que gostava e sabia: cantar. Um dia, passando ao lado do escritório da Rádio Rural em companhia do amigo Raul Sarmento, se inscreveram para cantar no dominical e badalado programa de auditório "E-29 Show". No domingo se fizeram presentes, ele e o Raul, que foi o primeiro a se apresentar. Ércio Bemerguy comandava o programa, com o seu companheiro de rádio Edinaldo Mota.

O próximo a se apresentar era ele. Nervoso, não queria enfrentar o desafio. Raul praticamente o empurrou para o auditório. Subiu as escadas do palco da Casa Cristo Rei tremendo as pernas. Cantou a música "Não é papo pra mim", do Rei Roberto Carlos, seu ídolo. Ganhou o concurso de calouros, começava naquele distante domingo sua carreira artística.

Ércio o convidou para fazer parte do elenco da Rádio Rural. Guardava na bolsa, como relíquia, carteirinha plastificada que o identificava como integrante do "cast" do "E-29 Show". Programa que revelou grande nomes para a música santarena, dentre eles o próprio Ray Brito.

Na época, Ércio fazia parte da empresa "EMO Promoções", em parceria com o Márlio Cunha e o Otávio Pereira. O trio promovia shows da "Jovem Guarda" em Santarém, Ray Brito era um dos cantores locais que faziam a preliminar desses shows.

Sua primeira participação como "crooner" foi no conjunto do Laurimar Leal "Os Brasas", passando depois pelos "Os Hippies" do Odilson Matos, "Big Boys" e os "Populares". Cantou com o Nem, com Fabriciano, com o Nascimento. Queria ser artista famoso, para isso precisava gravar um "compacto simples" e fazer sucesso nas rádios.
Quando viu que sua vontade de gravar não poderia ser concretizada ficando em Santarém, foi para São Paulo.

Não lembrava o ano que o fato aconteceu. Estava em São Paulo, na Estação da Luz, de madrugada, esperando o trem pra seguir para o Rio de Janeiro, quando conheceu um rapaz que era amigo do Cauby Peixoto. Entabularam conversa. O desconhecido perguntou-lhe de onde era, o que estava fazendo em São Paulo, disse que era de Santarém do Pará, que queria ser cantor.

Saíram da estação e foram andando até a boate onde o famoso artista se apresentava. Era perto. Entraram, foi apresentado ao Cauby.
Naquela madrugada, durante conversa com o "cantor das noites cariocas", foi-lhe revelado alguns segredos que aperfeiçoaram seu modo de cantar. Com sinceridade, dizia que no início não sabia entrar na música, na melodia, no ritmo. A batalha agora era gravar um disco.

Em São Paulo não conseguiu realizar o sonho de gravar o "compacto simples".
Quem o colocou no universo do vinil foi Odilson Matos. Quando retornou de São Paulo foi convidado para ser "crooner" dos "Os Hippies". E o primeiro disco que gravou foi cantando músicas que falam de Santarém, das suas belezas naturais. Ao todo gravou dezoito CDs e três LPs.

Com o "Baile do Rei", realizado em parceria com Lord Edgard, Ray Brito ficou conhecido como o Roberto Carlos santareno. Passou a viver de música, a fazer parte da história musical da cidade.
Sua produção musical é extensa, compôs mais de 230 músicas em parceria com o Roosevelt e outros musicistas. Muitas delas ainda inéditas.

A idade foi chegando, passou a cantar em eventos familiares nas residências, aqui e fora de Santarém. Era contratado para interpretar o Rei Roberto Carlos. Chegou a gravar dois discos, um ao vivo em Fortaleza e outro em Manaus.
Afirmava que Roberto Carlos fazia parte da sua vida. Que a música do Roberto é amor, por isso teve muitos amores, muitos filhos.

Das músicas que compôs e gravou, Ray destacava "Solidão", que foi seu primeiro sucesso. Depois "Amor tão forte"; "Intrigas", música linda, dizia que deixou de ser sucesso porque não tocou em Santarém; "Reencontro"; "Enganos" e "O Chegadinho.
Para que atingisse um número maior de apreciadores da sua música, passou a distribuir aos amigos e conhecidos pelo aplicativo whatsapp.

Cantou durante a procissão do Círio de Nossa Senhora da Conceição. Perante mais de cem mil pessoas entoou o Hino da Festa e se emocionou. Viu que a emoção não era só sua quando vários fiéis começaram a chorar.
Em 1970 participou do "1º Festival de Música Popular do Baixo Amazonas", realizado em Santarém, e em 1972, em Belém, no Theatro da Paz, da Semana de Santarém.

Ray Brito se despediu de seus fãs no dia 21 de dezembro de 2018. Um infarto fulminante o tirou dos palcos.

Foram mais de 40 anos de música! Mas não foi só na música que Ray Brito deixou sua marca registrada. Foi também artista de cinema, fez o papel de um delegado no filme "Covato", dirigido pelo jovem cineasta Emano Franklin Loureiro.

Nascido em 19 de agosto de 1951, em Santarém, Ray Brito era filho de Raimundo Silva e Inês Brito.

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