*RECANTO DE POETAS E ESCRITORES*
O SONHO DE DOIS AMIGOS (Capítulo III)
Autor: José Wilson Malheiros
Como eu já mencionei, os dois amigos ganharam muito dinheiro com a sociedade, digamos, internacional.
Meschede convidou Malheiros para conhecer a Europa, principalmente a Alemanha.
Imaginem um homem simples, do Aritapera, passeando na pátria de Beethoveen, Mozart, Goethe, Nietzche e tantos outros luminares da cultura mundial.
E partiram de navio.
Meschede já estava aprendendo a nossa língua.
Ao chegarem ao hotel, na Alemanha, os recepcionistas (que, logicamente, não entendiam português) viram a assinatura: Vicente Malheiros e julgaram estar diante de um Visconde brasileiro.
Ou seja, em vez de Vicente, leram Visconde.
Quando perguntaram, o companheiro de viagem, sabendo dos costumes na terra natal, confirmou:
- Sim, ele é um Visconde. Pertence à nobreza brasileira.
Daí em diante o “Visconde” e seu amigo foram tratados no hotel com mordomias, salamaleques e gentilezas, só devidas à nobreza de sangue azul.
Quando voltou a Santarém contou o episódio para os amigos que o apelidaram de VISCONDE DA VÁRZEA, pseudônimo que sempre usou em suas crônicas gostosas no JORNAL DE SANTARÉM.
Os dois amigos começaram a frequentar as famosas cervejarias de Berlim, onde assistiram diversas vezes, ao vivo e de perto, Adolf Hitler fazer seus discursos inflamados.
Quem assiste filmes dessa época, pode ver como eram essas famosas casas de cerveja.
Das cervejarias começaram a frequentar a vida noturna da Berlim da belle époque.
Meu avô contava que admirava aquelas alemãs lindas, louríssimas e desinibidas, que sentavam nas mesas, onde existiam luzes vermelhas ou verdes e um telefone.
Se ela estivesse desocupada acendia a luz verde e podia chamar por telefone.
Malheiros contava que as alemãs gostavam de acariciar o cabelo crespo “made in” Aritapera, e, segundo ele, elas adoravam.
Meu avô também era amigo de outro alemão que morava em Santarém, o Sr. João Liebold.
E já que estamos em assuntos alemães, aproveito para contar um episódio engraçado, contado pelo meu avô, que tem como personagem exatamente o Liebold.
Ele chegou a Santarém e depois de uns quinze anos sem visitar a família, resolveu ver os parentes.
E embarcou para a terra natal.
Lá chegando, era natural que todos, curiosos, fizessem perguntas:
- Como é o Brasil, como é a Amazônia, como é Santarém?
E João Liebold, respondeu:
- Aquilo ali é uma “esculhambaçon”...
Duas semanas depois, ele estava sentado e tristonho numa cadeira de embalo... pensando... saudoso...
Então perguntaram:
- João, o que você tem? Não está no seu país, junto de sua família?
E ele respondeu:
- Eu estarrr com saudade daquele esculhambaçon!...
Aguardem os próximos capítulos.
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